06. Depois da Escola

24 3 0
                                    

3 anos depois...

Deixar a escola e entrar na vida adulta foi como virar a página de um livro que eu não estava totalmente preparada para ler. A excitação do novo capítulo, misturada com o medo do desconhecido, criava uma sensação estranha. Mas com Toni ao meu lado, eu sentia que podíamos enfrentar qualquer coisa.

Clifford, meu pai, sempre foi uma figura de poder e influência. Sua presença em minha vida moldou grande parte das minhas ambições e expectativas. Quando ele soube que Toni e eu estávamos procurando um lugar para morar juntas, ele fez questão de nos ajudar a encontrar o apartamento perfeito. Era um prédio moderno no coração da Califórnia, com uma vista impressionante da cidade. O tipo de lugar que eu jamais teria conseguido sozinha, mas papai fez questão de financiar o apartamento, com o apoio da minha mãe, Penelope.

— Este lugar é incrível, Cheryl — disse Toni, seus olhos brilhando ao explorar nosso novo lar.

Eu sorri, observando-a caminhar pelo espaço amplo e iluminado.

— Meu pai queria garantir que tivéssemos o melhor. E ele gosta de você, o que torna tudo mais fácil.

Toni parou de andar e se virou para mim, seus olhos encontrando os meus com uma mistura de afeto e preocupação.

— É muito bom saber que eles nos apoiam. Mas não podemos depender deles para sempre, certo?

Assenti, sabendo que ela tinha razão.

— Eu sei, mas por enquanto, é uma boa ajuda. Além disso, acho que ter a aprovação deles facilita as coisas para nós.

Nossa rotina começou a tomar forma nas semanas seguintes. Eu estava focada em entrar na faculdade de medicina, enquanto Toni se dedicava aos seus estudos de psicologia. Nossos horários eram caóticos, mas sempre arranjávamos tempo para estarmos juntas. Era como se estivéssemos lutando para manter a conexão que sempre foi tão natural entre nós.

Às vezes, Toni chegava tarde da faculdade, cansada demais para fazer qualquer coisa além de desabar no sofá. Outras vezes, era eu que passava horas a fio estudando, mal tendo energia para conversar. Mas, mesmo assim, encontrávamos momentos para nós. Pequenos gestos, como cozinhar juntas ou assistir a um filme antes de dormir, mantinham viva a chama do nosso relacionamento.

Mas eu sabia que, à medida que nossas vidas ficavam mais cheias, seria cada vez mais difícil manter essa proximidade. A vida adulta vinha com desafios que não prevíamos, e eu podia sentir a tensão se acumulando, mesmo que nenhuma de nós quisesse admitir.

Foi em meio a essa nova realidade que Verônica nos convidou para uma festa em sua casa. Ela e Archie tinham se mudado para um bairro charmoso na mesma cidade, e agora estavam esperando um bebê. A notícia me pegou de surpresa, mas ao mesmo tempo, parecia a evolução natural para os dois.

— Verônica e Archie estão esperando um bebê — disse eu, tentando digerir a informação enquanto caminhava pela sala, onde Toni estava lendo.

Ela levantou os olhos do livro, surpresa.

— Uau, isso é uma grande mudança. Eles sempre foram tão... impulsivos. Mas acho que eles vão se sair bem.

Sorri, lembrando-me das inúmeras vezes em que Verônica e Archie entraram em aventuras impulsivas no ensino médio.

— Sim, é difícil imaginar Archie como pai, mas acho que ele vai se adaptar. E Verônica, bem... ela sempre consegue o que quer.

Na noite da festa, chegamos à casa de Verônica e Archie, onde a energia era alta e o ambiente acolhedor. Verônica estava radiante, sua barriga começando a mostrar, enquanto Archie parecia o mais orgulhoso dos futuros pais. Eles nos receberam com abraços e sorrisos, e logo estávamos imersas nas histórias e risadas de todos.

Betty e Jughead também estavam lá, e logo descobri que eles também tinham boas novas para compartilhar.

— Então, estamos pensando em oficializar as coisas — Betty disse, seu sorriso tímido enquanto olhava para Jughead.

— Como assim, oficializar? — Perguntei, curiosa.

Jughead, com seu jeito reservado, apenas sorriu de canto.

— Bem, estamos planejando um casamento pequeno. Nada muito grande, só algo para celebrar nossa jornada juntos.

Fiquei surpresa e emocionada com a notícia.

— Isso é incrível! Vocês dois são perfeitos um para o outro.

Betty corou um pouco, mas estava claro que ela estava feliz. A noite continuou com todos nós relembrando os velhos tempos, compartilhando memórias e rindo de como nossas vidas haviam mudado tanto em tão pouco tempo.

Enquanto conversávamos, não pude deixar de notar como nossos amigos estavam avançando em suas vidas, encontrando novos caminhos e desafios. E embora eu estivesse feliz por eles, não pude evitar a sensação de que, por mais que Toni e eu estivéssemos avançando também, algo em nossa conexão parecia estar em risco.

Mais tarde, naquela noite, quando estávamos voltando para casa, Toni comentou sobre a festa.

— Verônica e Archie, Betty e Jughead... Parece que todos estão avançando para a próxima fase de suas vidas.

Assenti, olhando para as luzes da cidade passando pela janela do carro.

— Sim, é engraçado como as coisas mudam tão rápido. Um dia estávamos todos na escola, tentando descobrir quem éramos, e agora, estamos aqui, construindo nossas vidas.

Toni sorriu, mas havia uma nota de melancolia em seu olhar.

— E nós? Para onde estamos indo?

A pergunta me pegou de surpresa. Eu sabia que estávamos bem, mas também sabia que nossa relação estava enfrentando novos desafios. O peso das responsabilidades, os horários conflitantes, e a pressão para seguir em frente com nossas carreiras, tudo isso estava começando a nos afetar.

— Estamos indo na direção certa — respondi, tentando soar confiante. — Nós duas estamos perseguindo nossos sonhos. E sempre que as coisas ficam difíceis, encontramos um jeito de estarmos juntas.

Toni assentiu, mas o silêncio que se seguiu me fez pensar que talvez ela estivesse questionando mais do que eu queria admitir. A vida adulta trazia não apenas desafios externos, mas também internos, que exigiam mais de nós do que estávamos acostumadas.

Quando finalmente chegamos em casa, o apartamento parecia um santuário silencioso. Mesmo cansadas, Toni e eu nos abraçamos antes de ir dormir. Era um gesto reconfortante, um lembrete de que, apesar de tudo, ainda éramos nós contra o mundo.

Mas enquanto fechava os olhos naquela noite, não pude evitar pensar nos próximos passos. Em como manteríamos nossa conexão em meio às tempestades da vida. E em como, apesar de todo o apoio que tínhamos, no fundo, tudo dependia de nós duas.

O futuro parecia incerto, mas ao mesmo tempo, cheio de promessas. E com Toni ao meu lado, eu estava disposta a enfrentar qualquer desafio que viesse. Afinal, nós duas sabíamos que o amor, como tudo na vida, exigia trabalho, dedicação e, acima de tudo, a disposição de nunca desistir.

Caleidoscópio (Choni)Onde histórias criam vida. Descubra agora