Vinte e nove

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Narrador
66 dias depois
31 de maio de 2006

O relógio marcava 7:30 da manhã, e a casa estava envolta em um silêncio suave. Maraisa estava de pé na cozinha, preparando um café da manhã simples. Seus movimentos eram calmos, mas seu coração batia forte com a expectativa do que estava por vir. Marília entrou na cozinha, pronta para mais um dia de trabalho no spa.

Maraisa olhou para ela com um sorriso contido, tentando esconder a ansiedade que borbulhava em seu peito.

— Bom dia, meu amor. Já está pronta para o trabalho?

Marília sorriu e aproximou-se, plantando um beijo suave nos lábios de Maraisa.

— Bom dia, querida. Sim, estou indo agora. Não volto para o almoço hoje, mas saio às 16:45.

Maraisa assentiu, o estômago dando voltas com a sensação de culpa.

— Tudo bem. Boa sorte no trabalho.

Marília lhe deu um último beijo, pegou sua bolsa e saiu. Assim que a porta se fechou, Maraisa sentiu uma onda de alívio e nervosismo. Ela sabia que o que estava prestes a fazer era algo grande, algo que mudaria suas vidas para sempre. Pegou seu celular e enviou uma mensagem rápida para Maitê, confirmando que estava pronta. Poucos minutos depois, um carro estacionou na frente da casa.

Maitê e Maiara estavam esperando do lado de fora.

— Está pronta? - Maitê perguntou, a preocupação clara em seus olhos.

— Sim, vamos lá- respondeu Maraisa, entrando no carro. A viagem até a clínica foi silenciosa, com cada uma das mulheres envolta em seus próprios pensamentos.

Chegaram à clínica às 7:40, cinco minutos antes do horário marcado. A clínica era pequena, mas bem cuidada, com paredes brancas e decoração minimalista. A recepcionista as cumprimentou com um sorriso, e logo foram encaminhadas para a sala da Dra. Hernández.

A médica, uma mulher na casa dos 40, com cabelos escuros presos em um coque, as recebeu com um sorriso caloroso.

— Bom dia, Maraisa. Bom dia, Maitê. E você deve ser a irmã da Maraisa, certo?- disse, olhando para Maiara.

— Sim, sou eu.- respondeu Maiara, tentando parecer confiante, apesar da tensão no ar.

— Podem se sentar, por favor.- Dra. Hernández começou, gesticulando para as cadeiras na frente de sua mesa. — Então, Maraisa, hoje é um dia importante. Como discutimos antes, vamos fazer a fertilização in vitro com o óvulo da Marília e o sêmen de um doador. Você está pronta?

Maraisa assentiu, sentindo um misto de emoções.

— Sim, estou.

A médica explicou todo o processo mais uma vez, detalhando cada etapa com calma e precisão.

— Primeiro, faremos a preparação para a coleta do óvulo da Marília, e, em seguida, vamos fertilizá-lo com o sêmen do doador. Depois de alguns dias de desenvolvimento do embrião, ele será implantado em você, Maraisa.

Maraisa ouviu cada palavra, sabendo o quão importante era essa decisão. Ela trocou um olhar com Maitê e Maiara, que a incentivaram com sorrisos de apoio.

— Agora, vamos ao procedimento inicial.- disse Dra. Hernández, levantando-se e conduzindo Maraisa para a sala ao lado. Maitê e Maiara ficaram esperando na recepção, trocando olhares cúmplices e torcendo para que tudo corresse bem.

Dentro da sala de procedimentos, Maraisa respirou fundo enquanto se deitava na mesa. As mãos da Dra. Hernández eram hábeis e seguras, transmitindo confiança. O tempo parecia parar enquanto a médica trabalhava, preparando tudo para a fertilização. Cada passo foi realizado com precisão, e Maraisa sentiu uma mistura de medo e esperança.

o que uma mentira pode fazer?Onde histórias criam vida. Descubra agora