o que uma mentira pode fazer?

Quarenta e três

Maraisa
7 de maio de 2008

Eu estava ansiosa. Sabia que esse momento ia chegar, mas ainda era estranho pensar que eu e Maiara estávamos finalmente começando a levar a carreira musical a sério de novo. Tínhamos algumas músicas boas na mão e uma oportunidade enorme para vendê-las, mas, ao mesmo tempo, meu coração apertava por deixar a Amanda, mesmo que só por algumas horas.

Respirei fundo e entrei na sala onde Dulce, Maite e Anahi estavam. Amanda brincava no chão, tão tranquila, e era impossível não sorrir vendo aquele rostinho tão calmo. Mas eu sabia que precisava me focar agora. Fui em direção às meninas.

—Ei, gente, eu e a Maiara vamos precisar sair por algumas horas pra resolver umas coisas importantes com a WorkShow.- comecei, tentando soar confiante, mas sentindo aquele nervosismo familiar crescendo. — É sobre a venda de algumas músicas. É uma oportunidade enorme pra gente.

Dulce foi a primeira a se levantar, com aquele sorriso acolhedor que sempre me tranquilizava.

— Claro, Maraisa, a gente cuida da Amanda pra você. Não precisa se preocupar, vai lá resolver tudo com calma.

Maite e Anahi assentiram, Maite já se abaixando ao lado de Amanda, que deu uma risadinha para ela.

— Vamos nos divertir, não é, Amanda? - Maite disse, fazendo uma careta para a pequena, que gargalhou.

Eu suspirei, aliviada.

— Obrigada, sério. Eu sei que ela está em boas mãos.- Olhei para Amanda por um instante, sentindo uma pontada de culpa por deixá-la, mesmo que fosse por uma boa razão. — Vou tentar não demorar.

Maiara, que estava ao meu lado, me deu um leve empurrão no braço.

— Relaxa, Maraisa, vai dar tudo certo. Vamos lá fazer o que a gente tem que fazer.

Balancei a cabeça, me forçando a focar na nossa missão.

— Tá, tá, vamos nessa.

Antes de sair, me agachei ao lado de Amanda e beijei sua testa.

— Mamãe volta logo, tá, meu amor? - Ela só sorriu para mim, sem entender muito bem o que eu dizia, mas eu sabia que ela ficaria bem com Dulce, Maite e Anahi.

Levantei-me e, com um último olhar para as meninas e Amanda, segui Maiara pela porta, pronta para dar o próximo passo na nossa carreira.

[...]

Eu e Maiara chegamos ao escritório da WorkShow com um misto de ansiedade e empolgação. O lugar estava agitado como sempre, e cada passo que dávamos parecia trazer à tona tudo o que havíamos batalhado até ali. As portas que estavam se abrindo agora eram o reflexo de tudo o que sonhamos desde o início.

Pepato já nos esperava na sala de reuniões. Ele se levantou com aquele sorriso que sempre parecia estar a meio caminho entre a seriedade e a confiança. Cumprimentei ele com um aperto de mão firme, assim como Maiara.

— Bom, meninas.- ele começou, enquanto a gente se acomodava nas cadeiras. — vocês têm composições muito boas em mãos, e já tenho alguns nomes interessados. A indústria tá sedenta por novidades, e essas letras têm alma, têm força. Acredito que estamos no caminho certo.

Eu olhei para Maiara, que sorriu de volta, tão confiante quanto eu. Era disso que a gente precisava.

—A gente trabalhou bastante nessas músicas. Só queremos ter certeza de que elas vão pra pessoas que entendam a essência delas.

Pepato assentiu.

— Pode deixar. Vamos conversar com alguns nomes grandes hoje. Eles estão aqui pra ouvir o que vocês têm a oferecer.