𝐏𝐨𝐫 𝐩𝐞𝐧𝐚?

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❝ 𝗠𝗲 𝘀𝗼𝗹𝘁𝗮!❞

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❝ 𝗠𝗲 𝘀𝗼𝗹𝘁𝗮!❞

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Os dias passaram lentamente, como se o tempo estivesse preso em uma teia de momentos quase idênticos. Eu estava sentada do lado de fora da casa, perto do jardim nos fundos, observando as flores balançarem suavemente com o vento enquanto tentava me concentrar.

Meu notebook estava apoiado no colo, a tela brilhando com os e-mails que eu precisava enviar para a faculdade.

Suspirei, sentindo a leve brisa acariciar meu rosto.

Tomei a difícil decisão de trancar minha faculdade. Não foi algo que decidi de uma hora para outra, foi o acúmulo de tudo, das memórias, do medo.

Eu precisava finalizar esses e-mails e enviá-los, mas minha mente insistia em se distrair, talvez como uma forma de evitar a realidade da situação. De evitar admitir para mim mesma que eu estava fugindo.

Olhei para meu pé esticado, as bandagens estavam limpas e bem ajustadas. Suspirei pesadamente

Elena tem se mostrado incansável em sua tentativa de me fazer sentir confortável aqui. Ela me trata com uma delicadeza que, às vezes, me desconcerta. Nunca imaginei que alguém pudesse ser tão cuidadoso com outra pessoa.

Naquela manhã, quando ela me carregou até a sala e cuidou do meu ferimento, senti algo mudar dentro de mim. Foi como se, pela primeira vez, eu tivesse percebido que poderia a baixar a guarda, mesmo que só um pouco.

E, nesses três dias que se seguiram, Elena tem feito de tudo para que eu não tenha que me preocupar com nada. Ela insiste em preparar as refeições, embora ainda pareça estar aprendendo a cozinhar.

Elena é tão cuidadosa, tão atenciosa... mas eu sabia, lá no fundo, que isso tudo era movido por culpa e pena. Eu não conseguia afastar essa sensação. Por mais que eu quisesse acreditar que Elena realmente se importava comigo, a sombra da dúvida sempre estava lá, sussurrando que nada daquilo era genuíno.

Meus pesadelos ainda me assombravam todas as noites. Eram sempre os mesmos, revivendo aquelas memórias terríveis, a sensação de senti-lo e o pavor que tomava conta de mim. E sempre que parecia que ia piorar, eu acordava com Elena ao meu lado, chamando meu nome suavemente.

Ela nunca reclamava quando eu a acordava com meus gritos, e sempre estava lá, segurando minha mão até que eu conseguisse respirar com mais facilidade. Ela não dizia muito nessas horas, suas ações falavam por si só.

Elena apenas me olhava, com aqueles olhos, esperando que eu estivesse pronta para voltar a dormir.

E o que eu poderia dizer sobre tudo isso? Que, apesar de tudo, sua presença estava me ajudando mais do que eu queria admitir? Que, mesmo achando que ela só estava aqui por pena, eu começava a me apegar a essa ideia?

𝑪𝒐𝒏𝒕𝒓𝒂𝒕𝒐 𝒅𝒆 𝒂𝒎𝒐𝒓Onde histórias criam vida. Descubra agora