45- Ensanguentado

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V A L E N T I N A

Cheguei à sala de ciências e, ao abrir a porta...

Eu sabia.

Assim que os dois me viram, se afastaram rapidamente. Estavam abraçados.

— R-ruivinh... — Jonathan começou a falar, mas eu não queria ouvir.

— Cala a merda dessa sua boca, Jonathan!  — interrompi, sentindo as lágrimas já ameaçando escorregar pelo meu rosto.

— Valentina, ele estava me ajudando! — Luana disse, tentando justificar o injustificável.

— Que porra de amiga você é? — retruquei, a voz tremendo de raiva e dor.

— Eu realmente estava ajudando ela! A porta estava trancada, e a Luana começou a passar mal por estar presa... — Jonathan tentou se explicar.

— VOCÊ NÃO SABE NEM MENTIR, CARALHO! — gritei, soluçando entre as lágrimas. — ESSA PORRA DO CARALHO NÃO ESTAVA TRANCADA, INFERNO!

Antes que eu pudesse continuar, a diretora apareceu de repente na sala.

— O QUE ESTÁ ACONTECENDO?! Eu ouvi gritos pedindo socorro e agora a Valentina está gritando!

O sentimento me consumia.

Ele me traiu.

Ela me traiu.

— NÓS FOMOS TRANCADOS AQUI! — Luana exclamou.

Jonathan permaneceu em silêncio, apenas me olhando com lágrimas nos olhos.

— MENTIRA, DIRETORA! A SALA ESTAVA ABERTA! NÃO ESTAVA TRANCADA NADA! — afirmei com toda a força que consegui reunir.

— TAVA SIM! O MATHEUS TRANCOU A GENTE AQUI! — Luana insistiu.

A diretora olhou para nós duas sem entender o que estava acontecendo.

(...)

Agora são 14 horas da tarde e eu não consigo me animar. Não consigo parar de chorar. Está doendo. Muito. Por que eles fizeram isso comigo?

A situação daquela manhã não resultou em nada porque eu disse que a sala estava destrancada. E estava mesmo. Os dois só me traíram.

Meu irmãozinho Christian invadiu meu quarto com seu celular em mãos, radiante como se tivesse ganho na loteria.

— Valentina, você viu a porrada que o Jonathan deu no Matheus?!

Foda-se.

— Não.

— Ele quase matou o Matheus. De verdade! O arrombado tava todo ensanguentado. Jonathan levou só alguns soquinhos enquanto o Matheus quase morreu! — Ele gargalhou. — A Maitê e outras pessoas da escola tiveram que impedir o Jonathan de acabar com ele.

— Foi na escola?

— Foi! Quer ver o vídeo?

— Não. — Enterrei minha cabeça no travesseiro. — Sai daqui, Christian.

— Não quer que eu fique aqui com você? Sei que você não está bem, maninha...

— Não.

— Quer um abraço?

— Não.

Ele estava sendo carinhoso. Que bonitinho.

— Tá, mas qualquer coisa me chama, tá?

— Tá bom.

Christian saiu do meu quarto com um semblante preocupado.

Era melhor que esses dois filhos da puta do Jonathan e do Matheus se matassem.
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Continua...

Meu Doce Pecado.... (Ft. @Dudinhaa_919)Onde histórias criam vida. Descubra agora