CAPÍTULO SEIS

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Pov: Yoko Apasra

Quinze minutos, eu estava a quinze minutos parada de costas para a porta do meu quarto, ainda de toalha, encarando a parede como se fosse alguma pintura abstrata difícil de ser decifrada, mas naquele momento, o difícil era interpretar a situação de minutos atrás. Malisorn me olhou de uma forma... Nova, intensa, seus olhos pareciam devorar cada pedaço de mim, além do desconforto evidente por eu estar apenas de toalha, mas por que isso a incomodará tanto?

- Yoko? - Ouço a voz da minha segurança ressoar do outro lado da porta fazendo-me pular de susto, coloco a mão sobre o peito e tento, em vão, controlar a minha respiração. - Yoko, eu disse que estava te esperando lá embaixo, porque essa demora? - Engulo o seco a procurar de alguma explicação, mas meu dicionário pessoal simplesmente me apresenta páginas em branco.

- E-Eu... - Suspiro. - Estou secando o cabelo. - Fecho os olhos, nem um pouco satisfeita com a minha resposta. Em passos silenciosos, ando até o meu armário em busca de alguma roupa. Eu deveria colocar um pijama ou uma roupa comum? Os meus pijamas eram um tanto quanto inadequados para perambular pela casa. Não que eu me importasse muito com isso.

- Não pode fazer isso depois? A comida irá esfriar. - Sua pergunta, como sempre, parece mais uma ordem. Eu apenas murmuro um "uhum" e ouço seus passos se afastarem da porta, solto o ar que nem mesmo sabia que prendia.

Decido colocar uma camiseta de uma das minhas bandas favoritas e um shorts de tecido leve, penteio rapidamente o meu cabelo antes de descer correndo pelas escadas, encontrando Malisorn na mesa de jantar mexendo em seu celular. Alison havia preparado uma bela carbonara, senti meu estômago roncar no mesmo segundo em que o cheiro delicioso invadiu os meus sentidos, minha segurança fez sinal para que eu me sentasse na ponta da mesa, ao seu lado, eu a obedeci em silêncio.

Malisorn não permitiu que eu me servisse, ela mesma pegou meu prato e colocou uma boa quantidade de massa, senti enjoo apenas de encarar o tanto de comida em meu prato mas forcei um sorriso satisfeito, ela serviu-se logo em seguida, e, ainda em silêncio, começamos a comer.

Vez ou outra, Malisorn me encarava por alguns segundos, como se inspecionasse as expressões que eu fazia ao comer. O silêncio que nos preenchia era desconfortável, éramos como duas pessoas completamente desconhecidas sentadas sob a mesma mesa. Bom, na dura realidade, era exatamente.

- O que pediu a Lucca? - A voz de Malisorn rasgou o silêncio, franzi o cenho confusa com a sua pergunta. - Você disse que desceu para pedir algo aos seguranças, o que foi? E por que não pediu a mim?- Ela frisa a última palavra de tal forma que faz meu corpo se arrepiar por completo.

- Ah... Eu perguntei a ele se poderia me acompanhar até aquele lago que a Ize falou, cheio de luzes, que tem aqui pelo condomínio. - Minto, não queria compartilhar as minhas paranoias em relação ao stalker, até porque aquilo poderia deixá-la preocupada com algo que, claramente, só estava em minha cabeça.

Malisorn endireitou sua postura, cerrou os olhos e soltou uma longa lufada de ar, meu comentário pareceu irritá-la.

- Você não respondeu a última pergunta. - Ela diz quase num sussurro, junto as sobrancelhas formando uma expressão confusa. A segurança revira os olhos. - Porque não pediu para que eu lhe acompanhasse? - - Ergueu uma das sobrancelhas, e eu engoli o seco novamente.

- Lucca gosta de passear. - Não penso muito na resposta.

- E como sabe disso? - Perguntou curiosa, se eu não soubesse do seu ódio por mim, poderia dizer que ela estava enciumada.

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