Confidencial

CAPÍTULO SETE

Pov: Narrador

Yoko Apasra balança a perna para cima e para baixo com velocidade, suas mãos suam e seu coração parece querer sair pela boca, sua garganta, completamente seca, quase falha ao engolir a saliva, que desce rasgando como tequila. Ela tenta puxar e soltar o ar algumas vezes, mas esse exercício de respiração a deixa mais nervosa do que calma, seus olhos ansiosos olham o relógio do celular de minuto em minuto.

- Yoko Apasra, você entrará em cinco minutos. - Anunciou um membro da equipe do Sivan's Show.

Hoje seria a estreia de Yoko num programa de auditório, no maior dos últimos tempos, o programa a qual sua participação fora interrompida por uma tentativa de atentado. A segurança estava reforçada, o triplo de escolta foi necessária naquele dia, e os fãs que participariam do evento, tiveram suas bolsas e corpos revistados mais de uma vez. Yoko mal havia dormido, como de costume, pois havia passado quase a noite toda lendo os boatos sobre ela e Hailee, preparando-se para toda e qualquer pergunta sobre esse assunto.

E falando em Hailee, ela e a garota mantiveram um contato frequente desde a festa de Ciize, que aconteceu uma semana e meia atrás. A cantora norte-americana enviava mensagens praticamente todos os dias perguntando como ela estava, como estavam os ensaios, as preparações para a turnê e tudo mais, a lembrava de beber água constantemente e enviava uma porção de memes. Yoko estava gostando dessa atenção, sentia falta de ter amigos tão presentes assim, não que Ciize e Marissa não conversassem com ela, mas não era a mesma coisa desde que todas as três entraram na indústria do entretenimento, Yoko na música, Ciize na moda e Marissa no cinema.

- Apasra? - Malisorn adentra o camarim após dar duas batidas na porta. A segurança continuava distante, mesmo após o momento que elas tiveram na festa de Ciize, a mais velha seguia do mesmo jeito frio e seco, vez ou outra Yoko conseguia diferenciar um olhar mais cuidadoso da parte dela, mas eram raros.

- Eu já estou indo. - Disse sem ânimo, Malisorn ergueu as sobrancelhas, confusa com o comportamento da cantora. Ela podia imaginar o quanto aquele momento poderia ser assustador, mas Yoko parecia sem vontade alguma de subir no palco, o que não era comum tendo em vista sua adoração em chamar atenção. Um pouco hesitante, a segurança andou até a mais nova, sentando-se ao seu lado no sofá de couro preto.

- O que está acontecendo? - Pergunta sem esconder os resquícios de preocupação na voz, dessa vez é Yoko quem se surpreende, erguendo a sobrancelha. Ela demora alguns segundos para processar a informação.

- Estou nervosa... - Suspira pesadamente.

- Não se preocupe, a segurança foi dobrada, temos olhos em todos os cantos do auditório, a chance de algo acontecer com você é mínima. - Malisorn escolhe bem as palavra, mas ao perceber que o semblante sem vida da mais nova não muda, ela volta a falar. - E eu estou aqui com você, não vou deixar que nada de ruim aconteça... Eu prometo.

Os olhos surpresos de Yoko encontram os de sua segurança, que a olham com ternura e sinceridade, um sorriso começa a formar-se nos lábios da cantora e as íris de Malisorn brilham, ela não se permite sorrir, mas internamente sente um calor a preencher, fazendo sua bochecha ruborizar, detalhe esse que não passa despercebido por Yoko. A jovem leva a mão até uma das bochechas da segurança, que tensiona o corpo ao sentir o toque, mas não desvia. As costas da mão direita de Yoko tocam a bochecha antes de subir para a testa de Malisorn.

- Você ficou vermelha... Está com febre? - A voz de Yoko sai num sussurro, é uma falsa preocupação, seus toques tinham outras intenções. A jovem precisa segurar-se para não rir da forma seca que Malisorn engole a saliva. Lentamente, ela se aproxima da mais velha, que tem o corpo congelado.