CAPÍTULO TRÊS

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Pov: Narrador

O despertador biológico de Faye a acordou pontualmente às quatro e meia da manhã, desde que se mudará para Los Angeles, sua rotina matinal tem sido essa, ela acordava antes do sol nascer, tomava seus suplementos e corria pelas ruas do condomínio até a academia exclusiva para moradores, aquele horário vazio evitaria que qualquer pessoa a perguntasse em que casa ela morava ou coisas do gênero; ela voltava para casa entre às seis e cinquenta/sete horas, tomava seu banho e fazia sua primeira refeição, pouco tempo depois Yoko acordava para seus respectivos compromissos.

Como de costume, Faye caminhou em passos silenciosos até o quarto de Yoko, sempre verificando se a mesma estava em segurança antes de sair, mas ao encontrar a cama vazia, apenas com os edredons remexidos, a segurança profissional se desesperou. Ela correu novamente para o quarto, destravando o cofre escondido em um fundo falso no armário, apenas para pegar seu revólver calibre 38 antes de procurá-la pela casa; Faye descendeu silenciosamente as escadas, a casa ainda tomada pela completa escuridão e silêncio, seus olhos vagavam pelos corredores vazios a procura de qualquer sinal de invasão, se alguém tivesse entrado, com certeza teria ouvido, seu sono sempre foi muito leve.

Ao pisar no último degrau, observou uma luz vinda do quintal, ela respirou fundo antes de se aproximar do local com parcimônia, ao chegar perto o suficiente, percebeu a figura de Yoko, de costas para ela, sentada em uma das cadeiras externas, seus olhos certificaram-se de que não havia ninguém ali antes de quebrar a distância entre elas, a mais velha soltou um suspiro ao perceber que a jovem apenas havia adormecido acidentalmente no local.

Mas logo seus sentidos protetores ativaram novamente ao perceber a fina camisola de seda de Yoko numa temperatura de 10°, seus lábios estavam roxos e sua pele visivelmente arrepiada.

- Yoko. - Tocou o ombro gelado da jovem na tentativa de acordá-la, mas ela nem ao menos se mexeu. - Yoko. - Tentou novamente, mas sem sucesso.

Faye soltou um longo suspiro, guardando o revólver atrás de sua calça, não antes de confirmar que o mesmo estava travado, e ajoelhou ao lado da garota.

- Yoko, acorde. - A chamou novamente, dessa vez recebendo um resmungo sonolento de volta. A segurança soltou um riso fraco. Yoko manhosa a lembrou de Malee nas manhãs em que a pequena dormia em sua casa e não queria ir a escolinha de jeito nenhum.

Preocupada que a garota ficasse doente, principalmente por não saber quanto tempo ela teria ficado descoberta do lado de fora, Faye passou um dos braços por debaixo das pernas de Yoko e o outro por trás das costas, num movimento involuntário, Yoko aconchegou-se no colo de Faye por conta do calor que aquele corpo emanava.

A segurança tomou cuidado para que Yoko não acordasse no caminho até o quarto, subindo lentamente os degraus, ela não pode deixar de perceber como o corpo da mais nova estava magro e pegou-se pensando se a mesma estava se alimentando corretamente, ela nunca a via fazer alguma refeição, mesmo Yoko insistindo para que elas jantassem juntas, Faye mantinha-se longe, não gostaria de misturar trabalho com emoções, havia aprendido a lição da última vez.

Faye aconchegou Yoko no colchão e a cobriu com o grossos edredons, ela encarou o relógio em seu pulso percebendo que havia perdido tempo demais, teria que pular a academia e focar apenas na corrida; antes de sair do quarto de Yoko, Faye retirou alguns fios de cabelos que cobriam o belo rosto da jovem. Ao ouvir a porta do próprio quarto fechar, Yoko abriu um sorriso travesso...

É claro que ela havia acordado no primeiro chamado, mas gostaria de ver até onde Malisorn iria.

Yoko dormiu por mais alguns minutos antes de levantar-se da cama, seu corpo doía, assim como sua garganta, Ize iria matá-la se tivesse adoecido de uma forma tão besta. Ela se dirigiu até o banheiro e preparou-lhe um banho de banheira quente, com alguns sais de camomila, ela quase gemeu de satisfação ao sentir sua pele fria tocar a água quente, seus músculos relaxaram assim que sua cabeça deitou sob o espaço destinado. A artista sorriu involuntariamente ao pensar na forma carinhosa que Malisorn havia a tratado, ela se sentia tão sozinha desde que iniciou no mundo artístico  e sua segurança era a primeira pessoa em anos com quem ela dividia o mesmo teto, mas não suportava a ideia delas nem ao menos conversarem.

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