CAPÍTULO CINCO

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Pov: Yoko Apasra

Ao que tudo indica, essa será mais uma noite mal dormida. Dormir de duas a três horas por dia estava se tornando algo comum em minha rotina, eu só não sei até quando meu corpo aguentará tamanho cansaço; mas eu não preciso pensar nisso agora. 

Giro meu corpo no colchão até alcançar meu celular na cômoda, apenas para certificar-me de que horas eram, a tela brilhante me informa que são duas e cinquenta da manhã. Levanto-me da cama e visto meu robe de seda branco, não queria acabar esbarrando em alguém no meio do caminho e estar seminua, tendo em vista que estava calor demais para utilizar até mesmo alguma das minhas camisolas. 

Eu deveria lembrar-me de agradecer Ize por fazer-me tomar vitamina C, caso contrário a mudança climática brusca de Los Angeles acabaria adoecendo-me. 

Desço as escadas tranquilamente com apenas meu celular em mãos, não ascendo nenhuma luz com medo de assustar algum dos seguranças do lado de fora, limitando-me a utilizar a luz fraca do visor do meu celular. Meus pés descalços tocam o chão de madeira e caminham em direção a cozinha, fecho a porta e ascendo a luz, antes de abrir a geladeira em busca de água gelada e alguma fruta para petiscar. Sorri ao encontrar uma pequena bandeja de morangos sem os talos, como havia dito a Alison que queria; eu prontamente os pego, encostando-me na bancada gélida e saboreando um por um. 

Ouço passos se aproximarem da cozinha e meu corpo fica alerta, eu sabia que, além de Malisorn, os outros seguranças também transitavam pela casa durante a noite realizando rondas, mas mesmo assim eu continuava apreensiva. Meus ombros não relaxam ao ver a figura da minha segurança pessoal adentrar o cômodo com as sobrancelhas arqueadas, provavelmente se perguntando o que eu fazia acordada aquela hora. 

Não que isso fosse da conta dela. 

- Está tudo bem por aqui? - Pergunta a mais velha, ainda parada em frente a porta. Eu me limito em balançar a cabeça, desviando o olhar dela e focando no morango em minha mão, de repente ele parecia extremamente interessante. 

Em silêncio, Malisorn se aproxima de mim mas não ouso olhá-la, seu cheiro amadeirado e um pouco doce invade minhas narinas e preciso me segurar para não suspirar... Suspirar, Yoko? Que porra? 

- Pode me dar licença? - Ela pergunta com a voz baixa, quase como num sussurro. Eu ergo meu olhar para frente dando de cara com os seios da mulher, cobertos por uma camiseta branca lisa de gola V, engulo o seco. - Apasra? - Chamou-me novamente, eu a olho de forma confusa, apertando o morango em meus dedos. - Eu preciso pegar um copo, pode me dar licença? 

Como se acordasse de um sonho, arrasto meu corpo para o lado e limpo a garganta, ouço-a soltar uma risada nasal antes de abrir o armário acima da pia, alcançando um copo de vidro, meus olhos descem por seu corpo perfeitamente desenhado naquela camiseta e no shorts preto de tecido, ela era insuportável, e seu corpo, insuportavelmente gostoso. 

Por Deus, Yoko, o que está acontecendo com você? 

- Você jantou? - A voz da mulher e chama a atenção, desvio os olhos do morango mais uma vez para olhá-la, que agora tem o corpo encostado na outra bancada, de frente para mim, com o copo de água cheio e a garrafa ao seu lado. Novamente não respondo, apenas balanço a cabeça de forma afirmativa, o que a fez soltar um suspiro frustrado, virando o copo de água de uma vez só.

Eu quase ri de sua pequena cena de frustração, uma mulher desse tamanho parecendo uma criança birrenta. Voltei a comer meus morangos em silêncio e me questionei se deveria oferecê-la, eu posso odiá-la mas continuo sendo uma mulher educada. Quase reviro os olhos pela minha própria briga interna antes de estender a bandeja em direção a ela, Malisorn junta as sobrancelhas se fazendo de desentendida. Ela queria que eu falasse com ela. 

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