Capítulo 40: Morrer com um sorriso no rosto...

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Raven, com sua personalidade impetuosa, conseguiu convencer Leônidas a ajudá-la, mas não sem antes fazer uso de sua língua afiada e manipulação inteligente. Ela começou com o sarcasmo, zombando de Leônidas e insinuando que ele estava acomodado em Sylvana, escondido de um mundo que ele deveria dominar.

— Então, grande herói da Ordem, é isso? Se escondeu aqui, com medo de enfrentar o mundo lá fora? — provocou ela, os olhos faiscando com desdém. — Ou será que o "grande Leônidas" perdeu o seu toque?

Leônidas, com seu temperamento inflamado, não suportava ser desafiado, especialmente por alguém que, aos seus olhos, era uma jovem arrogante. Ele riu, um som gutural que ressoou pela floresta.

— Você tem coragem, garota — respondeu ele, a voz profunda. — Não se preocupe, vou te mostrar do que ainda sou capaz. Mas se acha que pode me intimidar, está muito enganada.

Raven sorriu, satisfeita por tê-lo provocado a ação, e logo estava montada em um dos Minotauros, que, relutantemente, obedecia às ordens de Leônidas. Uma explicação bem breve, pois depois disso se passou horas. Enquanto eles avançavam pela floresta, Raven não perdeu a oportunidade de explorar o passado de Leônidas.

— Então, como foi morrer? — perguntou ela, sem rodeios, enquanto o Minotauro caminhava lentamente. — Aposto que não foi tão glamouroso quanto as lendas dizem.

Leônidas, acostumado a perguntas difíceis, respondeu com um ar de resignação.

— Morrer é uma coisa estranha, garota. No momento em que aconteceu, não houve glória, nem dor, só... silêncio. Mas acordar aqui, preso nesse lugar, foi o verdadeiro tormento. Eu não escolhi ficar. A floresta me prendeu, me fez parte de sua maldita preservação.

Raven inclinou a cabeça, considerando suas palavras.

— E você não sente falta de ser livre? — perguntou ela, o tom casual disfarçando sua curiosidade genuína.

Leônidas suspirou, algo raro para alguém tão orgulhoso.

— Eu sinto falta do mundo que conhecia, das batalhas, dos meus companheiros. Mas aqui, estou preso em uma ilusão, uma repetição interminável do passado. A liberdade, para mim, se tornou um sonho distante.

Raven ficou em silêncio por um momento, refletindo. Então, sem se dar conta, começou a falar sobre si mesma, algo que raramente fazia.

— Eu sei que sou melhor todo mundo — começou, a voz baixa. — Desde pequena, eu sabia que era diferente. Mais forte, mais rápida, mais inteligente. Nunca deixei espaço para a fraqueza. Eu não podia. Ser fraca significa ser esmagada, ser deixada para trás.

Leônidas ouviu em silêncio, seu olhar endurecendo. Então, com uma sabedoria que surpreendeu Raven, ele respondeu.

— Talvez essa força que você tanto preza seja sua maior fraqueza — disse ele, com uma firmeza que ecoou em sua mente. — Você construiu essa casca ao seu redor, uma muralha para proteger seu coração. Mas me diga, o que você está realmente protegendo? Suas memórias? Seu passado? Ou será que você está apenas com medo de se machucar novamente?

Raven piscou, pega de surpresa pela profundidade da pergunta. Por um momento, ela não soube o que dizer. As palavras de Leônidas atingiram um ponto sensível que ela sempre tentou evitar.

— Eu... não sei — murmurou ela, quase para si mesma. — Eu nunca pensei nisso dessa forma.

Leônidas assentiu, como se já esperasse aquela resposta.

— Ninguém deveria ter medo de mostrar seu verdadeiro eu, Raven — disse ele, a voz agora mais suave. — A verdadeira força vem de aceitar suas fraquezas, de enfrentar sua dor, não de escondê-la. É isso que faz de você uma heroína. Não a força, mas a coragem de ser você mesma, mesmo quando a tristeza invade.

A ordem dos guardiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora