capítulo 42: Apenas Sylvana...

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Enquanto caminhavam, Gregor já estava mais à frente, enchendo o ouvido de Niko com mais uma de suas divagações sobre ciência.

— A estrutura molecular dos minérios em Sylvana é fascinante! Não é só a quantidade de Materia que torna este lugar especial, mas a forma como ela se integra aos elementos naturais. Você já percebeu como as rochas aqui parecem... vivas? — Gregor falava com entusiasmo, gesticulando enquanto Niko apenas assentia, sem muito interesse.

Atrás deles, Elara e Lyra caminhavam lado a lado, de mãos dadas. O silêncio entre elas era quase palpável, carregado de emoções não ditas. Elara estava com vergonha de dizer qualquer coisa, sentindo um nó na garganta que parecia não querer desaparecer. Ela lançou um olhar tímido para Lyra, mas desviou rapidamente, incerta de como iniciar uma conversa.

Foi Lyra quem quebrou o silêncio.

— Sabe... sempre pensei em como seria se a gente se encontrasse de novo — disse Lyra, com a voz suave, olhando para frente. — Eu imaginava tantas coisas que diria, mas agora que estamos aqui, parece que todas as palavras sumiram.

Elara soltou uma pequena risada nervosa, apertando um pouco mais a mão de Lyra.

— Eu sei o que você quer dizer. Eu também pensei em tantas coisas... mas agora, nem sei por onde começar — respondeu Elara, tentando disfarçar a emoção em sua voz.

Elas continuaram andando, aproveitando a presença uma da outra, enquanto o som dos passos dos outros dois ecoava à frente. O silêncio confortável voltou a se instalar por um momento antes que Elara, não conseguindo mais segurar a curiosidade, finalmente perguntasse:

— Lyra... como você está viva? — A pergunta saiu quase em um sussurro. — Você fingiu sua morte? Ou... como isso é possível?

Lyra parou por um instante, puxando Elara suavemente para que parassem também. Ela olhou nos olhos de Elara, vendo a mistura de confusão e esperança ali.

— Elara... Eu não fingi minha morte — começou Lyra, escolhendo as palavras com cuidado. — Naquele dia, eu realmente morri. Mas algo... algo aconteceu. Algo que não posso explicar completamente, mas tem a ver com a Fênix.

Elara franziu a testa, tentando compreender.

— Fênix...? Você está dizendo que...?

— Sim, a Fênix — interrompeu Lyra. — Ela é uma das entidades cósmicas mais antigas. Representa as vidas que ainda não nasceram, a imortalidade, a renovação. De alguma forma, ela me trouxe de volta. Eu acordei depois de... bem, depois do que aconteceu, e percebi que ainda estava viva, mas ao mesmo tempo, não estava exatamente viva. É difícil explicar.

Elara ficou em silêncio, processando o que Lyra dizia. Ela queria acreditar, mas era tão surreal... E, ainda assim, fazia sentido de uma maneira que ela não conseguia explicar.

— Mas... por que você? — perguntou Elara, a confusão ainda evidente. — Por que a Fênix escolheria você?

Lyra hesitou por um momento antes de responder, mantendo a verdade mais dura para si.

— Eu não sei, Elara. Talvez eu tenha sido escolhida por acaso, ou talvez haja algo mais... Eu só sei que estou aqui agora, e que precisamos aproveitar o tempo que temos.

Elara ainda sentia que algo estava sendo deixado de fora, mas decidiu não pressionar. Ela apenas assentiu, aceitando a resposta, por mais incompleta que parecesse. Ela apertou a mão de Lyra com mais força, tentando transmitir o que sentia sem palavras.

Enquanto isso, Gregor e Niko, que estavam à frente, ouvia a conversa e já sabiam da verdade sobre Lyra e a Fênix, mas escolheram não contar a Elara. Eles sabiam que, quando o momento chegasse, a verdade seria dolorosa demais para Elara suportar. E por ora, preferiam deixar que ela tivesse esse tempo com Lyra, sem a sombra do que estava por vir.

A ordem dos guardiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora