Invisible String | Buddie

Cicatrizes Invisíveis

A busca pelo conhecimento é uma jornada no escuro. Procurar por algo que você nem sabe o que é, é uma das missões mais arriscadas e incompreensíveis. Buck sabia disso, e de certa forma, isso fazia com que ele perdesse boa parte do seu dia em pensamentos.

Tudo começou após o tsunami, depois da grande burrada de processar a 118. Cada episódio foi um conjunto que o levou a repensar suas atitudes. Para quem via de fora, ficava claro que ele não havia amadurecido o suficiente.

Lá estava ele, passando mais uma vez um pano levemente úmido no caminhão. Buck estava sendo constantemente ignorado por quase todos, e ele sabia que merecia. O que havia feito era imperdoável, especialmente por reabrir uma ferida que em Bobby já estava quase cicatrizada.

Ele não culpava ninguém por escolher um lado.

— Buck! — A voz de Bobby o tirou de seus devaneios, fazendo-o olhar alerta para o lado, onde viu a expressão levemente preocupada de seu capitão. — Você poderia verificar se as mangueiras precisam ser trocadas? — Bobby perguntou, observando o mais novo assentir, ainda calado.

O silêncio de Buck era um indicativo constante de que algo estava errado, mas Bobby ainda estava ignorando isso, fazendo vista grossa. Ele trocava mensagens regularmente com Maddie sobre o estado mental de Buck, preocupado com os traumas que ele havia vivido.

Eddie, que observava tudo de longe, suspirou cansado. Desde que ele e o loiro brigaram no meio do mercado, os dois mantinham distância um do outro, o que incomodava ambos.

— Quando vai falar com ele? — Bobby se aproximou de Diaz, vendo o mesmo suspirar. — Sei que a maioria daqui tomou meu lado na história, mas ele é seu amigo, Eddie. E pelo que Maddie tem me dito, ele está se fechando cada vez mais.

Maddie, em teoria, foi a única que compreendeu completamente o motivo do processo. Ser bombeiro era tudo o que o irmão tinha de fixo em sua vida, e saber que a pessoa que ele considerava como um pai não estava o apoiando foi como um soco no estômago. Nada justifica suas atitudes, mas seus sentimentos estavam confusos, e isso o machucava profundamente.

Ela sabia que isso era um reflexo do que seus pais fizeram durante toda a infância deles, e, por mais que ela dissesse que sempre estaria lá por ele, Buck já havia se sentido abandonado por ela vezes o suficiente para acreditar no contrário.

Abby também era um fator importante na vida de Evan. Ela foi responsável por seu amadurecimento durante o curto período em que se relacionaram, mas também contribuiu para que ele desenvolvesse um enorme medo de abandono e de perder as coisas que considerava mais importantes, como seu trabalho.

— Ele não me dá abertura para conversar. — Eddie suspirou frustrado. Buck havia se reaproximado após o encerramento do processo, mas a única vez que falou diretamente com Diaz foi para perguntar se poderia levar Christopher ao cinema e passar um tempo com ele, e só isso. — Ele vai até minha casa e passa horas conversando só com o Chris. Quando tento me aproximar, parece que ele se fecha novamente. — Eddie bufou, observando Buck à distância.

— Talvez você só precise dizer o que realmente tem escondido dele. — Bobby disse suavemente, vendo a expressão confusa de Diaz. — Seus machucados, Eddie. Ele os vê, e eu percebo de longe o quanto ele está preocupado, mas você foi bem claro nas suas palavras naquele dia. Talvez ele só não queira dar o primeiro passo.

Bobby saiu rapidamente de perto de Eddie quando ouviu a sirene tocar, correndo para a área de preparação. Viu que Buck foi um dos últimos a chegar, mas não se atrasou para a chamada. No fim, Bobby havia parado de prendê-lo no quartel quando percebeu que, independentemente de estar trabalhando ou não, Buck sempre estaria ativo para proteger as pessoas. A prova disso foi a ligação do hospital quando ele ajudou um homem no Halloween. Ele nem ao menos percebeu que havia se machucado; a vontade de salvar outra pessoa foi três vezes maior.