A cozinha da estação 118 estava cheia de risadas e o cheiro reconfortante de café. Era uma pausa tranquila entre os turnos, e a equipe estava reunida em volta da mesa, compartilhando histórias e tirando um tempo para relaxar. Buck, que estava sentado em uma das extremidades da mesa, observou a dinâmica ao seu redor com um sorriso no rosto. Ele se sentia grato por estar ali, mas algo em sua mente o fazia hesitar.
Bobby estava contando uma ligação engraçada de uma call recente, fazendo todos rirem, mas Buck sentiu que era o momento certo para mudar o tom da conversa. Ele respirou fundo, decidindo que queria compartilhar algo mais sério.
— Ei, pessoal, posso interromper um segundo? — Buck começou, atraindo a atenção de todos.
A conversa se silenciou, e os olhares se voltaram para ele. Eddie, que estava ao seu lado, inclinou-se um pouco mais perto, seu olhar encorajador.
— O que houve, Buck? — Bobby perguntou, sua expressão preocupada, mas amigável.
— Eu... queria falar sobre algo que venho tratando na terapia. — Buck disse, sentindo um frio na barriga. — Acho que é importante para mim e, talvez, para vocês também.
Houve um silêncio momentâneo, enquanto a equipe trocava olhares. Era um assunto delicado, mas todos sabiam que Buck estava em uma jornada de autodescoberta.
— Estamos ouvindo, irmão. — Chimney disse, apoiando Buck.
— Então, eu comecei a terapia depois de tudo que aconteceu... com o acidente, o processo e o tempo que passei fora. — Buck começou, sua voz firme, mas vulnerável. — Uma das coisas que eu venho trabalhando é o medo de abandono.
Ele olhou para Eddie, que sorriu de volta, dando-lhe forças para continuar.
— Eu percebi que muitas vezes eu me sinto inseguro sobre meu lugar aqui na equipe. — Buck continuou. — Quando não pude voltar para a 118, me senti como se estivesse perdendo não apenas meu trabalho, mas uma parte de mim mesmo. Como se vocês pudessem me esquecer.
— Buck, isso nunca iria acontecer. — Hen disse rapidamente, a preocupação evidente em seu tom. — Você é parte da nossa família.
— Eu sei, mas... — Buck hesitou, olhando ao redor da mesa, seus amigos o encorajando a prosseguir. — Eu sempre tive essa sensação de que, se eu não estiver no meu melhor, vou ser descartado. É algo que venho carregando há muito tempo, e a terapia me ajudou a perceber que isso é só uma parte do meu passado.
— E como você está lidando com isso? — Eddie perguntou, sua voz suave, mas cheia de interesse.
— Bem, eu tenho aprendido que é normal ter esses sentimentos, mas não deixá-los me controlar. — Buck disse, sua confiança crescendo. — E que eu não estou sozinho. Vocês sempre estiveram aqui, mesmo quando eu não consegui ver isso.
Bobby assentiu, admirando a coragem de Buck.
— O que você está fazendo é muito importante, Buck. É um passo enorme. — Bobby elogiou. — E saiba que você sempre terá nosso apoio.
Buck sorriu, sentindo-se acolhido.
— Eu também queria compartilhar que a terapia me ajudou a entender melhor o que eu realmente valorizo. — Buck continuou. — Como vocês, como equipe, e o que isso significa para mim. Eu não quero que o medo de ser deixado para trás me impeça de aproveitar esses momentos.
— Isso é realmente poderoso, Buck. — Chimney disse, com um olhar de admiração. — É incrível como você está se abrindo.
— E como isso pode ajudar outras pessoas também. — Hen acrescentou, sorrindo para Buck. — Todos nós temos nossas lutas.
Buck se sentiu aliviado ao ver a aceitação e o apoio de seus colegas. A atmosfera na sala era leve, e ele sabia que tinha tomado a decisão certa em compartilhar.
— Obrigado, pessoal. — Buck disse, a gratidão evidente em sua voz. — Eu só queria que vocês soubessem o quanto isso significa para mim.
Eddie, que estava ao lado de Buck, segurou sua mão, um gesto simples, mas carregado de amor e apoio.
— Você é forte, Buck. E é por isso que estamos todos aqui. — Eddie declarou, fazendo com que Buck se sentisse ainda mais confiante.
A conversa fluiu para outros tópicos, mas Buck sentiu que algo havia mudado dentro dele. Ele havia compartilhado uma parte de sua jornada, e isso não só o ajudou, mas também fortaleceu os laços que tinham como equipe. Agora, ele sabia que, independentemente dos desafios que enfrentasse, nunca estaria sozinho.
Algum tempo depois, ainda no ambiente tranquilizante, Buck e Eddie estavam sentados no sofá, ambos um pouco exaustos após um longo dia de trabalho, mas satisfeitos com o que haviam realizado. Eddie olhou para Buck, um sorriso no rosto, admirando como ele parecia mais leve ultimamente.
— Eu estou tão orgulhoso de você, Buck. — Eddie começou, sua voz cheia de sinceridade. — A forma como você se abriu para a equipe hoje... Isso não é fácil, e você fez com que parecesse tão natural.
Buck desviou o olhar, envergonhado, mas seus olhos brilhavam com gratidão.
— Obrigado, Eddie. Significa muito ouvir isso de você. — Buck respondeu, um sorriso tímido se formando em seus lábios. — A terapia realmente ajudou, mas não teria conseguido fazer isso sem você ao meu lado.
Eddie se aproximou um pouco, seus ombros se tocando, criando um espaço íntimo entre eles.
— Você me inspirou a ser mais vulnerável também. — Eddie disse, sua voz suave. — Eu sei que, às vezes, é difícil para mim abrir meu coração, mas você me mostrou que vale a pena.
Buck sorriu mais amplamente, seus olhos se encontrando com os de Eddie.
— Estamos juntos nisso, Eddie. Eu vou estar sempre aqui para você, assim como você esteve para mim. — Buck respondeu, o tom de sua voz cheio de carinho.
Os dois se entreolharam por um momento, a conexão entre eles se fortalecendo, quando uma risada alta interrompeu a atmosfera. Chimney e Hen entraram na sala, claramente em um estado de espírito brincalhão.
— Olha só! O casal de amor está de volta no sofá! — Chimney gritou, fazendo uma pose exagerada.
Hen sorriu, fazendo um gesto dramático. — O que será que estão sussurrando um para o outro? Serão promessas de amor eterno?
Buck e Eddie se entreolharam, as bochechas queimando de vergonha.
— Ei, ei! — Buck protestou, tentando manter a compostura. — Estávamos apenas conversando sobre... coisas.
Chimney cruzou os braços, uma expressão de interesse no rosto. — Ah, coisas, é? E quando é que sai o casamento, hein? — ele brincou, piscando para Eddie.
O rosto de Buck ficou rubro, enquanto Eddie riu, mas também parecia um pouco envergonhado.
— Casamento? — Eddie respondeu, tentando parecer casual, mas com um sorriso involuntário se formando nos lábios. — Estamos apenas focados em viver um dia de cada vez por enquanto.
Hen fez uma expressão de desapontamento fingido. — Uau, e eu achando que teríamos um casamento de contos de fadas. — ela disse, dando uma risadinha. — Vocês são o casal mais fofo que já conheci!
Buck tentou se defender, mas as palavras não saíam. Ele olhou para Eddie, que estava rindo agora, e percebeu que, apesar da vergonha, não se importava com o que os outros pensassem. Ele se sentia feliz ao lado de Eddie, e isso era tudo o que importava.
— Calma lá! — Buck finalmente disse, rindo também. — Vamos deixar o casamento em pausa por enquanto, tá bom? Tem muito tempo até lá!
Eddie, agora mais relaxado, deu um tapa brincalhão no braço de Buck. — Isso mesmo! Um passo de cada vez, certo?
Chimney e Hen continuaram a brincar, mas Buck e Eddie trocavam olhares cúmplices, sorrindo um para o outro, aliviados por estarem juntos e por terem encontrado conforto um no outro, mesmo diante das provocações.
A conversa seguiu para outras direções, mas o clima no sofá se mantinha leve e afetuoso. No fundo, ambos sabiam que essa era apenas mais uma etapa na jornada deles — um dia de cada vez.
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Invisible String | Buddie
Historical FictionDecisões precipitadas, geram consequências previstas. Buck sabia que todas as suas ações tinham consequências e ele está cada dia aprendendo com isso. Contudo, quando se tem uma corda invisível o puxando de volta para uma pessoa que ele não esperava...