Buck sentia a brisa da noite bater em seu rosto. Era uma noite agradável, nem quente demais, nem fria demais, e ele aproveitou a oportunidade para pensar um pouco na parte aberta do quartel. Ele percebeu que a breve conversa com Bobby trouxe uma leve mudança na dinâmica do grupo. O capitão fez questão de manter Buck por perto, mas, ainda assim, manteve os olhos atentos nele.
— Você precisa parar de fazer isso — disse Eddie suavemente, aproximando-se de Buck. Ficou tão perto que Buck podia sentir o calor de sua pele.
— Fazer o quê? — Buck o olhou, confuso, mas logo desviou o olhar para o horizonte.
— Sumir, como se fosse um fantasma — Eddie disse, com um leve tom de preocupação. — Bobby não parou de te procurar com os olhos. Eu já estava achando que vocês estavam jogando uma espécie de pique-esconde.
Buck riu, verdadeiramente riu da menção de Eddie. O que ele não percebeu, porém, foi o sorriso carinhoso que Eddie deu ao ver os olhos brilhantes de Evan.
— Não estamos brincando de nada — Buck respondeu, suspirando. — Só vim sentir a brisa e apreciar a paisagem. Não tenho feito muito disso, preso no meu apartamento.
— Como assim? — Eddie se virou para Buck, prendendo um pouco a respiração ao notar como a pele dele refletia a luz da lua.
— Depois do acidente, eu não saía muito, mal conseguia me mover no meu próprio casulo — Buck suspirou pesadamente, sentindo o peso de suas palavras. — Então, quando achei que tudo ia se resolver, vieram os problemas com o anticoagulante, o tsunami, o processo... Eu simplesmente não via sentido em observar as coisas belas que temos, quando aqui... — Buck apontou para sua cabeça com o dedo indicador. — ...tudo estava uma bagunça.
— E agora não está? — Eddie perguntou suavemente.
— Bem menos que antes — Buck respondeu, com um pequeno sorriso. — Frank diz que tem a ver com a volta da normalidade, mas às vezes me pego sentado no terraço do meu prédio, vendo a paisagem. Só que não é tão bonita quanto essa.
— Frank? O psicólogo? — Eddie se aproximou ainda mais de Buck. Quem visse de fora poderia achar que eles estavam se fundindo.
— Sim — Buck disse, olhando nos olhos castanhos de seu melhor amigo, prendendo a respiração. — Comecei a fazer terapia quando desisti do processo. Maddie achou que seria bom e, bem... tem me ajudado a perceber algumas coisas que estavam mal resolvidas.
— Buck, por que não nos contou? — A mão de Eddie repousou no ombro de Buck. — Nós poderíamos ter te ajudado, nem que fosse apenas dando apoio.
— Vocês estavam bravos, com toda razão — Buck suspirou. — Mas tem sido suportável. Claro, tenho meus dias bons e meus dias ruins.
— Evan — Eddie o puxou para um abraço, apertando-o um pouco mais do que o necessário. — Eu sinto muito por ter te deixado sozinho — ele sussurrou. Buck segurou a cintura de Eddie com mais firmeza. — Eu lembro como Chris ficou depois do tsunami e, Dios, nem consigo imaginar como você se sentia.
— Eu o perdi — Buck se afastou minimamente. — Me culpo todos os dias por ter ido até o píer, por ter perdido Chris... Não consigo imaginar o que teria acontecido se algo pior tivesse ocorrido.
— Não se apegue ao que não aconteceu, Buck — Eddie olhou profundamente nos olhos dele. — Eu sei que o que eu disse no mercado te magoou. Tenho plena consciência de que não fui gentil naquele dia e te culpei por algo que era só meu.
— Você estava certo, Eddie — Buck disse com um pequeno sorriso. A verdade é que as palavras de Eddie ainda ecoavam em sua mente, principalmente durante suas crises. — Está tudo bem agora.
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Invisible String | Buddie
Ficción históricaDecisões precipitadas, geram consequências previstas. Buck sabia que todas as suas ações tinham consequências e ele está cada dia aprendendo com isso. Contudo, quando se tem uma corda invisível o puxando de volta para uma pessoa que ele não esperava...