Nos Braços da Paz

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Eddie estava sentado no sofá, o olhar fixo no vazio à sua frente. A noite estava silenciosa na casa, com Chris já dormindo há algumas horas. Buck, que estava na cozinha lavando a louça do jantar, percebeu o comportamento distante de Eddie, e uma pontada de preocupação atravessou seu peito.

Ele se secou rapidamente e foi até a sala, sentando-se ao lado de Eddie. Tocou levemente o braço do namorado, chamando sua atenção.

— Hey, tá tudo bem? — Buck perguntou, a voz suave.

Eddie piscou algumas vezes antes de olhar para Buck. Ele parecia hesitante, como se estivesse buscando as palavras certas.

— Eu... estava lembrando — Eddie começou, a voz um pouco áspera. — Da época em que eu lutava. Sabe, aquelas lutas clandestinas?

Buck sentiu o peso daquelas palavras, lembrando-se de como tinha sido doloroso descobrir que Eddie estava se machucando daquela forma. Mas, ao mesmo tempo, ele sabia o quanto aquilo era uma válvula de escape para o amigo na época.

— Não é como se eu quisesse voltar, ou algo assim — Eddie continuou, quase apressado, como se quisesse garantir que Buck entendesse. — Só que... às vezes, parece que aquela raiva ainda está em mim, de um jeito mais contido, mas ainda lá.

Buck ficou em silêncio por um momento, deixando as palavras de Eddie ecoarem. Ele sabia que o namorado havia lutado tanto, tanto fisicamente quanto emocionalmente, e agora carregava as cicatrizes invisíveis de tudo aquilo.

— Eu sei que você superou isso, Eddie. E acho que o fato de você ainda pensar sobre isso só mostra o quanto você se importa. — Buck disse, seu tom calmo e cheio de apoio. — Mas você também não precisa carregar isso sozinho.

Eddie suspirou, os ombros relaxando levemente. Ele olhou para Buck, os olhos um pouco mais suaves agora.

— Eu sei, Buck. Eu sei que tenho você, e isso significa tudo pra mim. Só às vezes... ainda dói, sabe? Não a luta, mas o que me fez lutar.

Buck assentiu, entendendo. Ele se aproximou mais de Eddie, puxando-o para um abraço confortável. A conexão entre eles era palpável, uma corrente de compreensão mútua que fluía sem a necessidade de palavras.

— Você não precisa ser forte o tempo todo, Eddie. Eu tô aqui pra segurar o peso com você. E, mais importante, você parou. Isso é o que importa agora.

Eddie fechou os olhos por um momento, permitindo-se relaxar nos braços de Buck. Ele sabia que, apesar das memórias e dos momentos difíceis, ele não estava mais naquele lugar escuro. Não precisava lutar, nem se esconder da dor.

— Eu parei — ele repetiu, como se estivesse tentando se convencer disso. — E agora, é diferente.

— É sim — Buck murmurou contra seu cabelo. — Porque agora, a gente tá junto nisso. Não importa o que aconteça.

O silêncio se instalou entre eles novamente, mas desta vez era um silêncio reconfortante. Buck passou os dedos levemente pelas costas de Eddie, como se quisesse acalmar qualquer vestígio de tensão restante.

Eddie sabia que ainda haveria momentos de fraqueza, mas agora, ele tinha algo que não tinha antes. Tinha Buck. E isso fazia toda a diferença.

Eddie ficou em silêncio por mais um tempo, ouvindo o som suave da respiração de Buck e sentindo o calor reconfortante do corpo dele ao seu lado. Era como se a tempestade interna que carregava estivesse finalmente se dissipando, e tudo o que restava era uma tranquilidade que ele não sentia há muito tempo.

Ele finalmente se afastou um pouco, só o suficiente para olhar para Buck. O sorriso suave no rosto do namorado fez algo aquecer dentro de seu peito, e ele soube que estava exatamente onde precisava estar.

— Sabe — Eddie começou, um leve sorriso brincando em seus lábios —, eu nunca pensei que teria isso. Não depois de tudo o que passei.

Buck arqueou uma sobrancelha, curioso.

— Isso? O que você quer dizer?

— Você. Chris. A gente. Essa paz — Eddie respondeu, olhando ao redor da sala. — Quando eu estava lá, lutando, parecia que tudo que eu conhecia era a dor, a raiva. Era uma maneira de me sentir no controle, mesmo que fosse um controle ilusório. Mas agora... estar com você, com o Chris... parece que eu finalmente posso respirar.

Buck apertou a mão de Eddie, sua expressão se suavizando. Havia um entendimento silencioso entre eles, algo que não precisavam dizer em voz alta.

— Você merece isso, Eddie — Buck disse baixinho. — Você merece essa paz. E eu... — Ele hesitou por um segundo, como se estivesse procurando as palavras certas. — Eu também não pensei que teria algo assim. Mas aqui estamos.

Eddie riu suavemente, um som que fazia Buck sorrir ainda mais.

— E sabe o que é engraçado? — Eddie perguntou, seu olhar fixo nos olhos de Buck.

— O quê?

— Às vezes, eu penso que você e Chris são os que me salvaram. Não essas lutas, não o exército, nem mesmo o meu trabalho como bombeiro. Foram vocês dois que me trouxeram de volta à vida.

Buck sentiu um nó se formar na garganta, a intensidade das palavras de Eddie o atingindo de uma forma que ele não esperava. Ele inclinou-se, encostando sua testa na de Eddie, os olhos fechados por um momento.

— A gente se salvou, Eddie. — Buck sussurrou. — Porque você me trouxe de volta também. Eu estava tão perdido... e então você estava lá, sempre, me puxando de volta quando eu não sabia para onde ir.

Os dois ficaram assim por mais alguns segundos, compartilhando aquele momento de vulnerabilidade e amor, até que Eddie finalmente sorriu e balançou a cabeça, afastando-se um pouco.

— Estamos parecendo um casal de filmes românticos, Buckley — Eddie brincou, tentando aliviar o peso da conversa.

— E isso é ruim? — Buck respondeu, com um sorriso travesso.

— Depende. — Eddie fingiu ponderar. — A gente ainda tem que limpar o quarto do Chris antes de dormir, então não vamos exagerar.

Buck riu alto, sentindo-se leve, como se o peso do mundo tivesse saído de seus ombros. Ele sabia que ainda haveriam desafios pela frente, mas nesse momento, com Eddie ao seu lado, tudo parecia possível.

— Tudo bem, sem mais romance por enquanto — Buck disse, levantando-se e estendendo a mão para Eddie. — Vamos cuidar do quarto do Chris. Mas, aviso, depois eu espero uma sessão de filme e pipoca.

Eddie pegou a mão de Buck, levantando-se com um sorriso. Ele olhou para Buck, o olhar cheio de afeto.

— Pode deixar, Buckley. — Eddie disse, puxando-o para perto mais uma vez. — Você merece o melhor final feliz.

Buck apenas sorriu, sentindo que, com Eddie e Chris, ele já tinha exatamente isso.

Invisible String | BuddieOnde histórias criam vida. Descubra agora