Século Sombrio - Dark Century

Capítulo 23 - A cabana

A flecha de Joseph estava com a ponta riscada, sinal de que ele tentou acertar um alvo. O que torna o fato mais intrigante, considerando que Joseph era um ótimo atirador. Isso me faz pensar que o alvo não era humano e, pela circunstância, era extremamente veloz. Ao constatar isso, senti um frio na barriga. Não quero pensar que Joseph está em perigo ou ferido. Guardei novamente a flecha em seu esconderijo habitual.

Apreciei a vista da Instituição e da floresta que ficava ao redor, pela janela do meu quarto. Havia tantas preocupações e eu precisava focar em uma delas primeiro. Olhei para o meu quarto e senti falta das conversas com Lilly. Eu me perguntava o que pode ter acontecido com ela, ou se ela foi embora.

Percebi a ponta de um papel na parede próximo à porta. Cheguei mais perto e percebi que havia papel de parede em meu quarto.

Por que colocariam isso aqui?

Foi quando me recordei do meu sonho sobre a garota atacada neste quarto, que se parecia com Lilly. Puxei o papel de parede até revelar o que escondia. Eram manchas vermelhas que notoriamente tentaram limpar, mas sem sucesso. Quando toquei, senti uma energia emanando das manchas e tive uma visão.

Lilly acorda com um barulho estranho na parede do lado de fora. Ela percebe que a janela está aberta, mas fica com medo de fechá-la quando sente uma energia ruim. Da janela surge uma sombra enorme e assustadora, seus olhos amarelos evidenciam sua fome.

Lilly se assusta e movimenta suas mãos rapidamente como se fosse lançar algo.

— Como ousa fe-er... — sua jugular é cortada pelo lobo e ele foge. Lilly viu sua vida ir embora junto de suas lembranças enquanto se engasgava no próprio sangue, até não haver mais forças...

Acordei da visão em um grande susto. Coloquei minhas mãos na garganta. Parecia muito real. Agora eu sei o que aconteceu com Lilly, não é apenas um sonho, é uma visão. Lágrimas escorrem pelo meu rosto.

Ela tentou lutar para sobreviver...

A raiva faz meu corpo estremecer. Sinto meu corpo queimar e olho imediatamente para a flecha guardada abaixo da cama. Peguei a caixa e segurei a flecha na mão. Tentei me concentrar na esperança de ter alguma visão e encontrar alguma pista de Joseph. Eu não me perdoaria se algo acontecesse com ele.

Apesar de ter tentado com todas as minhas forças, senti que algo me puxava para a floresta, como se estivesse me mostrando o caminho. Não era uma visão, mas se isso me ajudasse a encontrá-lo, valeria a pena. Peguei minha arma mágica e fui em direção à floresta.

Não estávamos no ciclo lunar, então era mais seguro procurar por ele. Pareciam horas e nada de encontrar pistas sobre Joseph.

Uma brisa fresca remexe as folhas das árvores, trazendo o frio com ela. Caminhei até um pequeno lago que eu conhecia. Estava iluminado com alguns vagalumes. Sentei em uma pedra e coloquei um pouco de água no meu pescoço. A caminhada foi longa, e eu estava me cansando. Apesar de ainda não saber o que está acontecendo comigo, sinto que toda vez que as chamas azuis aparecem, eu fico mais esgotada. Olhei para as minhas mãos e pensei.

Será que eu sou algum tipo de maga? Essa é a única resposta para tudo isso. Mas por que isso agora? E ninguém sabia disso?

Sinto uma energia estranha vindo da minha frente, no meio da floresta, e me ponho na posição de ataque.

— Quem está aí?! — perguntei, apontando minha arma na direção da energia estranha. Sem resposta, avanço um pouco. Um pequeno ruído é emitido um pouco mais longe e vou até sua direção com cautela para não ser vista.

Era um campo aberto de pouca iluminação pelas estrelas. O som se tornava mais audível à medida que eu me aproximava. Fiquei com receio do que poderia ser, mas preocupada também. Usei minha lanterna de bolsa para iluminar até que esbarrei em algo. Era um animal morto brutalmente, sendo impossível identificar a espécie.