Capítulo 8 - Partida

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Havia um bom tempo que Valentyn não retornava. Cansada de esperar, resolvo procurá-lo.

Gostaria de saber o que significava estas lembranças e quem eram aquelas pessoas. Um pouco abatida, caminho pelos corredores me apoiando. 

O vento era forte, mas não o suficiente para acabar com o calor de meu corpo, estava um pouco febril. Depois de tanto procurá-lo, resolvo ir até o seu prédio. Enquanto eu descia os degraus da escadaria do meu dormitório, tropecei, rolando escada a baixo. Parecia tarde da noite, visto que não havia ninguém ao redor. A chuva agora era fraca. 

Meus joelhos sangravam com a queda, mas isto não seria um pretexto para eu desistir. Minha roupa estava um pouco molhada. Chegando ao grande portão, que separava o prédio do turno da noite com o restante, empurro com todas as minhas forças. 

Alguns morcegos farfalhavam, foram embora com a abertura do portão. Meu corpo fraquejava a medida que eu avançava. Caí diante da escadaria do prédio de Valentyn.

- Valentyn! - gritei. Um rapaz de cabelos castanhos aparece no portão principal, assim que me vê, abre um sorriso.
- Não sabia que a janta seria servida mais cedo.

- Onde está Valentyn? - ignoro seu trocadilho.
- Mesmo que eu soubesse onde ele está, não te diria.
- Eu desejo falar com ele, é de extrema importância, posso esperar no Hall principal. - o rapaz me olhava com o mesmo sorriso, ainda mais malicioso.

- Sendo assim... mas é claro, minha senhora. - Ele desce a escada rapidamente, me agarra pela cintura e repousa meu braço em seus ombros.
- Seu cheiro é doce...
- Hum, obrigada. Mas não esqueça dos limites - digo.

- Com toda a certeza, senhorita - ele mantém o ar debochado. Assim que chegamos no Hall, ele me posiciona no grande sofá de couro. O rapaz retira um lenço do bolso de seu casaco, e passa nos meus joelhos feridos.

- Se não resolver isto, todos sentirão.
- Obrigada... - agradeço sua gentileza.
- Não precisa agradecer, é o que os cavalheiros costumam fazer - ele olha para mim - pelas damas. - Conclui, sorrindo.

- É, acho que sim - digo desconfortável, por estar tão próximo. O rapaz se levanta após limpar os meus joelhos. Ele vai até o balcão, serve duas bebidas de costas para mim.

- Como se chama, senhorita? - pergunta.
- Julliet, e você?
- Andrew.
- Prazer em conhecê-lo, Andrew.
- O prazer é todo meu - fala, trazendo duas bebidas consigo, tinha o mesmo sorriso malicioso.

- Não poderei beber, estou...
- Um pouco de vinho não fará mal, beba - interrompe, oferecendo a taça.

Penso em continuar com a recusa, mas acabo cedendo, penso que é bom me distrair um pouco. Logo depois de uma pequena conversa sobre a Instituição, onde ele dizia se arrepender de ter vindo, começo a me sentir fraca e sonolenta demais. Olho para Andrew, ele parecia cada vez mais radiante, conforme minha fraqueza se tornava evidente. 

- Acho que irei voltar. - Falo, tentando me levantar.
- Desta forma? Você me parece cansada - ele diz, me segurando.

- Estou bem - tento me levantar mais uma vez, porém é em vão, caio sobre o sofá. Vejo a taça rolar pelo tapete, manchando com o pouco de vinho que havia. 

Andrew pega um pouco mais do vinho, ele balança um pouco a taça e bebe, enquanto assistia ao meu quase apagão.

- Você me drogou - afirmo.
- Eu apenas te dei pelo que seu corpo gritava, a melhor parte nem começou. 

Andrew se ajoelha ao meu lado, passa as mãos em meus ombros, ele desce com a alça da minha camisola na altura dos seios. Ele acaricia meu rosto. O rapaz então segura meu queixo, ele puxa para o lado oposto ao seu rosto, e roça seus lábios no meu pescoço enquanto também cheirava.

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