Em um mundo onde a magia e criaturas sobrenaturais existem nas sombras, uma jovem garota criada em uma misteriosa Instituição de Jovens Caçadores não tem lembranças de seu passado, exceto por uma única noite assustadora: a noite em que foi salva por...
Era quase meio-dia, quando Armin solicitou uma reunião com Benjamin para esclarecer a situação em que se encontrava as investigações feitas com Valentyn, o qual não estava presente até o momento, pois cuidava de Julliet.
- Benjamin, não progredimos muito nas investigações, como já se sabe - falou Armin, apoiando o queixo com as mãos, pensativo.
Benjamin sentou-se à frente dele em uma das poltronas do escritório da Diretoria.
- Ao menos encontraram a fera que assassinou Lilly? - perguntou Benjamin.
- Valentyn está cuidando disso, ele suspeita que seja a mesma fera que estava escondida na floresta quando outra do bando atacou Julliet, próximo daquele acampamento de caçadores - respondeu Armin, suspirando.
- E por qual razão, ela estava lá? - Benjamin arqueou uma sobrancelha.
- Hum... é complicada a situação de Julliet - Armin virou o rosto, mexendo os lábios em desconforto - Ela está tendo alguns quadros de sonambulismo, apenas. Por isso, a mantive afastada - terminou sua fala, se virando de costas para Benjamin, ainda sentado a poltrona.
- Ah... sim - Benjamin desviou o olhar. Ele percebeu que Armin estava escondendo algo a mais.
Armin ajeitou a gravata do seu terno e iniciou seu discurso, fitando a janela.
- Devemos nos preparar para caso a situação piore. As investidas das feras estão mais frequentes. Eles nunca fizeram dessa forma antes... o apoio das famílias nobres servirá muito bem. Agradeço por ter cuidado de tudo, Benjamin. - Armin se virou novamente para Benjamin e ofereceu chá. Benjamin aceitou de imediato.
- O Clã Solis está hesitante em continuar com as negociações, se não fosse por Sther... talvez, não teríamos tanta sorte - falou Benjamin, ele estava certo disso.
- Sim, estou ciente da situação delicada com eles... entretanto, temos a vantagem do interesse dela por Valentyn. Afinal, é do desejo do líder, pai de Sther, a união desses dois para fortalecer o clã e se tornarem os mais fortes.
Benjamin se incomodou com essa ideia. Seu clã Phoenix não mantinha boas relações com o clã Solis.
- É... bom, o que era aquilo que aconteceu quando Julliet despertou do coma? Digo... fomo lançados para longe. Que tipo de força provocou isso? - Perguntou Benjamin, encarando Armin nos olhos, enquanto bebia seu chá sutilmente. Ele esperava a verdade ou qualquer sinal de incômodo do Armin para ter certeza de suas suspeitas.
Armin desviou o olhar e ficou pensativo por alguns instantes, antes de responder.
- A Julliet... - Armin foi interrompido pela chegada de Valentyn ao escritório. O Diretor suspira aliviado.
- Olá, senhores - cumprimentou Valentyn, sentando-se ao lado de Benjamin em outra poltrona. Benjamin ficou observando ele em silêncio.
- Valentyn! Enfim, chegou a nossa reunião. Bem, estamos aqui para planejar os próximos passos. Aliás, eu não estou vendo Joseph ultimamente - disse Armin pensativo e continuou - Há muitas coisas para tratar, mas esperava uma visita dele. Também não está retornando minhas ligações - Armin pega o celular para olhar e franze a testa.
Benjamin se acomodou melhor na poltrona e colocou a xícara de chá na mesa do Diretor. Valentyn observa os dois em silêncio, com a ponta do dedo indicador roçando nos lábios e uma perna sobre o joelho da outra, enquanto batia os dedos da outra mão no braço da poltrona. Ele parecia pensar em algo, ou estava tentando se concentrar em alguma coisa.
- Acreditamos que talvez ele esteja desaparecido, estamos realizando expedições para encontrá-lo.
Armin se espantou com a declaração de Benjamin, arregalando os olhos.
- Não sabemos se ele está em algum lugar por vontade própria, visto que ele saiu daqui transtornado ao ver o estado de Julliet - continuou Benjamin.
Valentyn olhou de canto de olho para Benjamin. Armin bateu a mão na mesa irado, espantando Benjamin.
- Quanto tempo faz que ele está desaparecido? - indagou Valentyn.
Armin passava as mão no cabelo, ao que parece tentando se conter. Ele tira os óculos e joga na mesa.
- Não sabemos ao certo... faz alguns dias que percebemos a ausência dele nas rondas.
- Isso é inadmissível, Benjamin! Encontrem meu filho imediatamente, não me importa quantas expedições teremos que fazer para encontrá-lo - falou Armin, em prantos.
Neste momento, a porta de madeira do escritório bate com força e Julliet aparece furiosa.
- Joseph sumiu e vocês não me contaram?! - gritou ela. Todos ficaram surpresos com a sua chegada, com exceção de Valentyn. Dificilmente ele demonstrava emoções.
Julliet estava ficando mais furiosa. Sus cabelos voavam e uma áurea azul surgia à sua volta, como pequenas labaredas de fogo.
- Julliet... - chamou Valentyn, se levantando.
- Não! - gritou Julliet. Fazendo a janela de vidro explodir e se estilhaçar em pedaços. - O que mais vocês escondem de mim?! - peguntou escandalosamente.
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Benjamin fica em choque pela cena que via. Armin estava petrificado e assustado com o que a ira de Julliet poderia causar.
A áurea que queimava em sua volta ficou mais forte e chamas azuis percorreram o seu braço em círculos até as mãos. Valentyn se aproximou mais de Julliet para tentar acalmá-la.
- Mantenha a calma, por favor, Julliet... - suplicou.
O silêncio se instaurou por alguns minutos, até que Julliet voltou sua atenção para si mesma e viu as chamas que queimavam nas suas mãos em brasas azuis.
Ela fugiu em seguida, pedindo para que não a seguissem.
- V-valentyn, vá atrás dela, por favor! - pediu Armin, ainda assustado com o que viu.
Valentyn olhou para ele assentindo, e sem hesitar foi atrás de Julliet.
Benjamin se virou para Armin como quem esperava por uma explicação.
- Agora você vai me dizer o que está acontecendo? Somos aliados há bastante tempo, e exijo explicações agora mesmo, Armin! - falou, fitando Armin e apontando para ele.
Armin engoliu em seco. Pegou seus óculos e ajeitou em seu rosto. Ele observou a janela estilhaçada antes de explicar tudo para Benjamin.
