Século Sombrio - Dark Century

Capítulo 20 - Um Brinde de Olhar

Acordei com o som da lenha estalando pelo calor da chama. Estava no quarto de Valentyn, era noite. Valentyn estava sentado na poltrona em frente a lareira, com a mão no queixo, pensativo.

Eu me levantei e sentei na cama.
- Valentyn? O que aconteceu...? - perguntei, coçando os olhos, eles estavam ardendo. 

Não obtive respostas no primeiro momento, mas rapidamente ele se dirigiu até mim, sem esboçar nenhuma reação.

- Como você está se sentindo? - questionou, ignorando minha pergunta. Parei para refletir o que poderia ter acontecido. Lembrei da visão que tive ao tocar no grimório, então a ficha caiu, eu apaguei após a visão.

- O grimório! Onde está o grimório?! - perguntei assustada, me levantando e procurando pelo quarto. 

- Eu guardei para você - respondeu Valentyn serenamente. Olhei para ele aliviada, o mesmo me observava avaliando. 

- Ah... que bom, então... eu quero vê-lo - falei, apertando minha saia azul e olhando para o lado.

- Claro, em breve. Gostaria que me acompanhasse nesta noite em um jantar - disse ele, dando um sorriso e indo em direção a porta do quarto, ele saiu.

Parada fiquei, um pouco perplexa pelo convite. Pergunto-me do que eles se alimentam... além do sangue. Confesso que essa ideia me deu calafrios. De certa forma, não há razões para me preocupar tendo a presença dele.

Passo a mão em meus cabelos pensativa. Acredito que seria melhor me banhar para relaxar um pouco. Peguei qualquer peça de roupa que encontrei e me dirigi ao banheiro. Ainda não me acostumei com o a ideia do banheiro ser tão luxuoso ao ponto de ter uma jacuzzi. 

Para quê um vampiro iria querer uma jacuzzi na casa de banho?

Assim que terminei de me banhar, vesti uma calça jeans escura e uma blusa de manga comprida, seu tecido era de veludo na cor vermelha e tinha um decote em V, optei pelo mesmo par de botas para usar. Enquanto penteava meus cabelos olhando para o espelho, fiquei pensando.

Por alguma razão, aquele grimório me mostrou alguma coisa. Ao que parece, quanto mais eu percorro este caminho sombrio e misterioso, mais segredos surgem.

Decidi sair do quarto e me aventurar pelo dormitório, sei que Valentyn pediu para não sair, no entanto, não me sentia confortável em ficar presa no quarto dele. Inclusive, precisaríamos discutir minha estadia aqui. Neste momento, eu me sinto forte o suficiente. 

Além do mais, quero voltar a minha função para investigar as situações que ocorrem na Instituição. Ainda que Valentyn tenha me ajudado a esclarecer algumas questões, sinto que ele não é totalmente aberto comigo.

Passando pelo corredor, vi que havia uma porta entreaberta. Era o quarto do Hefesto. Pergunto-me como ele pode estar. Bati na porta para ver se ele estava presente, porém o quarto estava vazio. Mesmo que seja errado, eu entrei no quarto, pois minha curiosidade muitas vezes fala mais alto.

O quarto de Hefesto estava mais organizado do que a última vez que estive aqui. Porém, ainda tinha alguns livros espalhados. 

- Hefesto? - chamo, mas não ouço resposta. Até que escuto algo vindo de outro cômodo no quarto. Estranhei e me aproximei mais para tentar ouvir.

Quando eu estava prestes a tocar na maçaneta do cômodo, alguém abriu a porta. O que me fez tremer da cabeça aos pés pelo susto. 

- Julliet? - fala Hefesto, arqueando uma sobrancelha. Ele usava apenas uma toalha da cintura para baixo.

Seus músculos bem definidos e atraentes, chamaram minha atenção. Gotas de água desciam pelo seu corpo e um vapor quente passava por ele. Eu fiquei boquiaberta e sem reação.