sessenta

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2 ANOS DEPOIS

LUA

Estou sentada no antigo deck esperando os meus pais voltarem do enterro.

Minha mãe parecia arrasada e aliviada ao mesmo tempo. Acho que esse foi o maior peso que saiu das costas dela, pelo menos foram essas palavras que o meu pai disse quando o telefone da minha casa tocou.

Meu tio não chegou a chorar, mas eu vi nos olhos dele que tinha pelo menos uma pitada de tristeza lá.

Não sabia que a morte da minha avó mexeria tanto com eles. Até com Lili, que preferiu não ir ao enterro, mas sentiu o falecimento da mãe, por mais que não tenha recebido o amor dela.

Sean se ofereceu para ficar com Leon, mas Lili disse que não sairia de perto do seu filho recém nascido para ir ao enterro da mulher que a deu a luz, disse que nunca recebeu amor e retribuiria assim.

Todos entenderam o lado dela, aliás, Leon não tem um irmão porque Esmee resolveu voltar para ver Lili, causando um grande trauma nela.

Sol estava voltando para a ilha para passar um tempo com o pai, adiantou seus planos de voltar somente no natal.

- Lua. – ouço meu pai de aproximando – Vamos?

- Onde está a mamãe. – pergunto me levantando – A deixei com o JJ na casa dele, estamos indo para lá.

- Como foi o enterro.

- Como um enterro deveria ser. – meu pai da de ombros – Sombrio, triste e revelador.

Revelador? O que ele quis dizer com isso?

- Mas... enfim, vamos preferir não falar sobre a sua avó agora, ok? Nunca falamos dela, não vai ser agora que precisaremos falar.

- Tudo bem. – falo andando até o carro.



Entramos na casa dos meus tios e cumprimento todos, inclusive Leon, que está dormindo no colo de Sean.

- Routledge Maybank é um nome que eu ainda não escutei, sabiam? – abro um sorriso tímido. - Ele é a sua cara, Sean.

- Consequentemente a minha cara também. – John B sorri erguendo as sobrancelhas – Minha genética é um absurdo.

- Te odeio por isso. – Sarah brinca descendo as escadas. – Como você está? – minha tia acaricia meu rosto e eu abro um sorriso tímido.

- Estou bem, tia. Onde está a minha mãe?

- Está lá em cima com o JJ no quarto dele, eles estão bem.

- Sempre estão.

- A morte da sua avó não foi o que abalou eles.

- Então...

- Acho que eles podem te explicar melhor. – ela abre um espaço para que eu passe por ela e suba as escadas.

Quando entro no quarto da meu tio, me deparo com Kat e Sol boquiabertas enquanto minha mãe e JJ explicam algo para elas.

- Os genes de gêmeos eram dela. – ele fala dando de ombros – Foi muito estranho ver o rosto da minha mãe em outra pessoa, com filhos tão parecidos comigo e... e histórias tão reais.

- O que houve?

- Oi filha. – minha mãe força um sorriso – Não é nada demais, estão fazendo um drama atoa. – minha mãe suspira. – Vamos te explicar.

- Resumidamente, sua avó era gêmea.

- Certo.

- E a irmã dela nos contou algumas coisas, como quando ela saiu de Outer Banks para encontrar a família. – tio JJ fala com desdém – Ela foi a única que quis ficar após o ensino médio porque conheceu Luke, eles de apaixonaram e ela disse que ia ficar aqui por causa de um trabalho que arranjou.

- E era mentira?

- No início não, ela tocava e cantava em um bar com algumas pessoas, mas teve que sair quando Luke começou a agredir ela. – JJ nega com a cabeça – Ela ameaçou ir embora, mas engravidou e tudo mudou entre ela e Luke, mas aí nós nascemos e as coisas voltaram a ser como eram antes.

- E aí, quando completamos quatro anos ela foi embora procurar a família. – minha mãe fala triste – ela foi para Los Angeles, tinha vinte e dois anos na época, tentou a carreira de cantora por lá, mas nunca conseguiu se manter em um lugar e por isso procurou o endereço da irmã até encontrá-la em Miami.

- E aí ela inventou uma história, disse que Outer Banks era pequena demais para ela, que Luke Maybank era um alcoólatra que não daria nada para ela e que um dia ela simplesmente acordou e foi embora.

- Pelo menos nessa parte ela foi sincera.

- Ela nunca falou de vocês? – pergunto incrédula.

Como ela pôde?

- Nunca. – JJ responde. – Ela viveu a vida dela por muitos anos, escondendo segredos e ignorando o fato de que havia deixado os filhos com o marido agressivo aqui na ilha.

- Como uma pessoa consegue fazer isso?

- Não importa mais. – minha mãe fala.

- Mas você ainda não chegou na parte em que a irmã dela descobriu a verdade. – Kat comenta.

- Alguns anos depois que ela foi embora, meu pai descobriu onde ela estava, não sabemos como, mas ele descobriu. – JJ suspira – E aí começou a tentar entrar em contato com ela, mas ela sempre ignorava.

- E aí na véspera de um natal ele enviou uma foto para ela. – JJ tira a foto do bolso – Somos nós, eu e a Blair.

- Isso foi um ano antes de eu ir para Los Angeles. Um pouco antes do Natal. – minha mãe comenta soltando uma risada – O que faz sentido, porque no mesmo ano, no Natal, ela entrou em contato com o meu pai.

- E aí engravidou da Lili. – JJ complementa – E só quando ela engravidou da Lili que contou toda a verdade para a irmã. Os pais já estavam mortos, não cobrariam explicações, então ela não se preocupou em contar a verdade para ninguém, até aquele momento.

- Quando a Lili nasceu, ela quis abandonar a menina no hospital.

- Isso é um absurdo! – Sol exclama

- Mas então a irmã a aconselhou a deixá-la em um orfanato, foi quando ela veio para Outer Banks, e nesse dia ela viu a Blair comigo na praia.

- Depois disso ela falava para a irmã que finalmente estava mantendo contato conosco e por isso estava indo para Outer Banks com mais frequência, ela fez isso durante 4 anos.

- Até que teve o dia que a Lua nasceu. – JJ fala – E a Blair ameaçou ela.

- Ela disse para a irmã que eu a ameacei de morte. – minha mãe ri – Deveria ter feito isso mesmo.

- Blair. – JJ a repreende.

- Enfim, depois disso ela voltou quando fuçou nossas redes sociais e viu a Lili lá. Resumidamente a história é essa.

Fico perplexa, completamente sem reação. Como ela pôde fazer isso.

- Então no final das contas ela realmente não era uma pessoa boa. – Kat fala.

- Eu acho que todos nós tivemos alguma esperança nela, na minha cabeça ela tinha passado a vida fugindo no Luke, mas na verdade ela só passou a vida dela não querendo estar presente com a gente.

- Mas acho que nós nunca precisamos dela. – JJ fala – No fundo, nós sempre tivemos uns aos outros e ao Big John. Acho que isso que realmente importava.


Então acho que realmente isso que sempre importou.

Pooks - A Continuação do Legado dos PoguesOnde histórias criam vida. Descubra agora