[𝐃𝐀𝐑𝐊 𝐑𝐎𝐌𝐀𝐍𝐂𝐄]
𝐇𝐀𝐃𝐀𝐒𝐒𝐀 𝐓𝐇𝐎𝐌𝐏𝐒𝐎𝐍 sempre foi especialista em evitar confusões; desde a infância, foi ensinada a se comportar, a manter-se à altura das expectativas da sociedade; ela conhecia bem as regras de etiqueta, os limi...
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027 ☇ CASTIDADE.
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Querido diário, Duas semanas se passaram desde a morte de John B e Sarah, mas cada dia parece mais pesado que o anterior. Os Pogues estão no limite, mais perdidos do que jamais imaginei ser possível. É raro ver JJ agora, e quando consigo, é como se uma faca afiada perfurasse meu peito. A pessoa que antes era alegre, com seu sorriso grande e energia vibrante, parece um fantasma do que já foi. Ele cheira a álcool, uma mistura sufocante com o odor agridoce da droga que claramente tomou conta dele. O rosto dele está uma coleção de hematomas e cortes, marcas das brigas que ele arruma nas ruas, como se estivesse buscando um escape em meio ao caos. Cada vez que penso em como ele se afunda mais e mais, me sinto impotente, incapaz de alcançá-lo nessa escuridão.
Kiara, por outro lado, é um mar de emoções turbulentas. Todos os dias, nos encontramos, e ela tenta segurar as lágrimas, mas é em vão. A memória de John B e Sarah é uma ferida aberta que ela não consegue evitar tocar, mesmo que isso a faça sangrar. Ela tenta, desesperadamente, parecer forte quando há outros por perto, forçando um sorriso que não alcança seus olhos, acenando para as pessoas como se tudo estivesse bem. Mas eu sei, todos sabem, o quanto isso está a destruindo por dentro. Às vezes, a vejo se perder em pensamentos, o olhar fixo em algo distante, e sei que ela está com eles, relembrando os momentos que agora parecem de outra vida.
E então, há Pope Heyward. Como começar a falar sobre ele? Nosso beijo... Aquele momento me pega de surpresa toda vez que minha mente volta a ele. Há algo incrivelmente estranho em como nós dois ignoramos o que aconteceu, como se aquele beijo fosse um segredo que decidimos enterrar no fundo de nossas memórias. Continuamos agindo como amigos, como sempre, sorrindo um para o outro e conversando sobre banalidades. Sinto uma vontade imensa de perguntar o que aquilo significou para ele, mas as palavras morrem na minha garganta antes que eu possa sequer tentar. E ele... ele também não está bem. A perda da bolsa de estudos foi um golpe duro, um sonho que lhe foi arrancado. E sua relação com os pais, que antes parecia tão sólida, agora está em ruínas. Vejo o peso nos ombros dele, a sombra em seus olhos, e me pergunto se ele também pensa naquele beijo, ou se foi algo insignificante em meio ao turbilhão que nos cerca.
