Ao sair do escritório de Christian, me senti completamente aturdida. A crueldade e a covardia daquele homem foram tão inesperadas quanto dolorosas. Eu precisava de um momento para processar tudo, então aluguei um carro e dirigi até a praia.
Descalça, caminhei pela areia, sentindo a sensação relaxante de cada onda que vinha e tremia a areia sob meus pés. Era como uma massagem suave, um contraste absoluto com o tormento que eu carregava dentro de mim. Encontrei uma pedra em um canto isolado e me sentei, permitindo que a serenidade do mar me envolvesse.
Com o som das ondas como única companhia, comecei a conversar com o mar, como se ele pudesse me ouvir e entender. Confessei a ele o quanto amava Miranda, o quanto desejava estar com ela e com as meninas. As palavras saíram de mim com uma sinceridade que eu não tinha permitido que se manifestasse antes. Senti que, em meu coração, elas já eram minhas, e a ideia de estar longe delas me causava uma dor indescritível.
Enquanto falava, a raiva pelas palavras de Christian surgiu novamente em minha mente. Ele havia falado de Miranda com um desprezo que me deixou furiosa. Então, lembrei de como Miranda havia reagido na livraria, se antecipando em cuidar de mim e quando mencionei que teria uma reunião com o escritor. O descontentamento dela agora fazia sentido. Em vez de possessividade, eu percebia que o que Miranda queria era me proteger. O comportamento dela estava enraizado em um desejo genuíno de cuidar de mim, não em controlar minha vida.
A culpa me invadiu ao perceber o quanto fui injusta ao comparar Miranda a Nate. Em vez de tentar sufocar minhas escolhas e decisões, Miranda estava tentando me proteger de pessoas e situações que não me faziam bem. Eu desejava estar com ela, envolvida em seus braços, observando a vastidão do mar e vendo as meninas correrem pela areia, coletando conchas e se divertindo.
Sentia uma falta imensa das minhas Prestlys. De como, mesmo nos momentos mais simples, havia uma conexão profunda e verdadeira. O tempo que passei longe delas, embora tenha sido poucas horas, me fez perceber o quanto eu as amava e o quanto desejava fazer parte de suas vidas.
Eu precisava voltar para elas, para Miranda e para as meninas, para reconectar o que parecia ter se perdido. E, ali na praia, com o mar como testemunha, tomei uma decisão. Eu voltaria para elas e faria o que fosse necessário para estar ao lado delas, porque, acima de tudo, era isso que eu realmente desejava.
Enquanto estava sentada na pedra, com o som suave do mar ao fundo, meu celular tocou. Era Doug, e a surpresa de ver seu nome na tela me encheu de uma alegria inesperada. A conexão foi rápida e cheia de entusiasmo. Ele estava de volta a Nova York, depois de passar alguns anos na Espanha, e me contou que havia sido transferido para a sede da empresa em que trabalhava.
Nós dois expressamos o quanto sentíamos saudades um do outro. A conversa rapidamente se encheu de emoção e de promessas de reencontro. Doug, sempre tão atento e carinhoso, percebeu a situação em que eu me encontrava e me fez uma proposta que mudou tudo.
No decorrer da conversa, mencionei Miranda de forma resumida, mas foi o suficiente para fazer Doug enlouquecer. Seu entusiasmo por saber que eu estava de alguma forma ligada à "rainha da moda" era contagiante. Ele ficou tão empolgado que, ao saber que eu estava sem emprego fixo e ainda em Portland, fez a oferta de morar com ele em Nova York. Não havia a menor dúvida em sua voz; ele deixou claro que não abriria mão disso.
A proposta era tentadora e se encaixava perfeitamente na situação em que me encontrava. Eu não tinha mais compromissos em Portland e sabia que Nova York ofereceria muito mais oportunidades. Doug me pediu para ficar no apartamento até que ele chegasse, o que seria em mais um mês. Eu aceitei imediatamente.
Sentia que, ao voltar para Nova York, teria uma chance de recomeçar e talvez até mesmo de encontrar novas oportunidades de trabalho e crescimento. A decisão parecia acertada e, de alguma forma, me trazia uma sensação de alívio e excitação. O pensamento de estar de volta à cidade e, ainda mais, na companhia de Doug, que sempre foi um amigo fiel e apoiador, me deixava animada para o próximo capítulo da minha vida.
Durante a nossa conversa, não pude conter a profundidade dos meus sentimentos por Miranda. Eu precisava compartilhar o que estava guardado dentro de mim, e Doug, como sempre, foi um ouvinte atencioso e compreensivo. Ele me incentivou a ser completamente sincera com Miranda, até mesmo sugerindo que eu deveria pedi-la em namoro e firmar um compromisso com ela. Sua sugestão de dar um passo tão importante foi um misto de apoio e empolgação que eu realmente precisava.
O papo seguia animado e então me dei conta de como a separação temporária seria difícil, especialmente com Miranda e as meninas indo para Nova York antes de mim. Mas a ideia de um compromisso me trouxe um novo sentido de propósito e direção. A empolgação e o sentimento profundo que eu estava experimentando me conduziram a uma decisão impulsiva, mas significativa.
Ao voltar para o chalé, minha mente estava repleta de pensamentos sobre Miranda e o futuro que eu desejava construir com ela. Decidi então passar em frente a uma joalheria que chamava minha atenção. Entrei, guiada por uma intuição que parecia mais forte do que a razão.
Escolhi um anel simples, mas com um significado profundo. Era uma aliança de compromisso em ouro branco, com uma delicada pedra de água-marinha no centro. A pedra, com sua cor suave, me lembrou dos olhos de Miranda—tão profundos e fascinantes. Comprei o anel sabendo que, de alguma forma, ele continha todos os meus sentimentos mais nobres e sinceros por ela.
Quando finalmente voltei para o chalé, o anel estava em minha mente, como um símbolo tangível do que eu sentia. Era a materialização do meu desejo de estar com Miranda, de comprometer-me verdadeiramente com ela, apesar das dificuldades e da distância que ainda estava por vir. O anel representava não apenas o compromisso que eu queria firmar com ela, mas também a certeza de que minha decisão de voltar para Nova York e lutar pelo nosso relacionamento era a mais correta.
A ideia de entregar a Miranda esse anel, de demonstrar através dele o quanto eu estava disposta a me dedicar a ela, me dava uma nova força e esperança. Eu estava pronta para enfrentar o que viesse, com a certeza de que, ao lado de Miranda, eu encontraria o que realmente procurava.
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A Cinderela do All Star Amarelo
FanfictionO destino, em sua trama invisível, resolveu entrelaçar os caminhos de duas mulheres que, embora separadas por tempo e circunstâncias, estavam predestinadas uma à outra. Seus encontros, antes meros acasos, agora se revelam como partes de um plano mai...