Capítulo 40

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Enquanto o jantar prosseguia, o vinho começou a fazer efeito, deixando Miranda um pouco mais relaxada e disposta a compartilhar. Nigel, percebendo a abertura da editora, aproveitou a oportunidade.

- Então, Miranda - começou ele, com um tom curioso - como você e Andrea se conheceram, de fato? Afinal, a história de vocês é bem intrigante.

Um brilho de entusiasmo surgiu nos olhos de Miranda. Ela recostou-se na cadeira, sua postura relaxando um pouco mais, como se as memórias a transportassem de volta ao momento em que tudo começou.

- Foi em um pub em Paris, há sete anos - disse Miranda, sua voz tingida de nostalgia. - Eu estava lá para mais um evento da Paris Fashion Week, justamente o ano que você precisou estar naquele evento em Milão. E foi lá que a vi pela primeira vez. Eu estava tão irritada, me questionando sobre tantas coisas, por um momento querendo ser apenas Miranda e então resolvi espairecer e fiz o impensado. Fui à um PUB e ela estava de All Star amarelo, um pouco desajeitada, mas tão cheia de vida... E eu, não me lembro de algum dia ter visto uma mulher tão apaixonante como ela.

Nigel a ouviu atentamente, sentindo o calor nas palavras de Miranda. Ele sabia que ela não costumava se abrir sobre sua vida pessoal, e ouvir a paixão com que falava de Andrea o comoveu.

- E como foi esse encontro? - perguntou Nigel, encorajando-a a continuar.

- Conversamos horas. Eu não consegui parar de ouvir a voz dela. Porém quem tomou a iniciativa foi Andrea, que se apresentou como Andy e eu como Louise. Pela primeira vez, me vi tão tímida diante de alguém.

- Miranda Priestly, tímida? Oh, mon Dieu! Daria qualquer coisa para ter visto essa cena! - Se esforçando para não gargalhar.

- Ela tinha uma maneira de ver o mundo que me fascinou. E, honestamente, eu estava em um estado tão diferente, tão distante de mim mesma naquele dia - continuou Miranda, seus olhos perdendo-se na memória. - Eu me lembrei da sensação de leveza, de rir de coisas bobas, e de como Andrea era tão diferente de todas as outras pessoas que conhecia.

Nigel sorriu, captando a essência da transformação que Andrea trouxera para a vida de Miranda.

- E então? O que aconteceu depois?

- Depois, a vida nos separou, como sempre acontece. Nos vimos uma única vez e então ela partiu para o seu mochilão pela Europa. De Paris, ela seguiu para a Espanha, encontrar com um amigo que a esperava. E dela, tinha restado 1 pé de um ALL Star amarelo todo surrado e uma saudade imensa. Mas, por um acaso, a vida cruzou nossos caminhos novamente e nos reencontramos em uma livraria em Portland. Eu estava lá para uma sessão de autógrafos com as Bobbseys e, de repente, a vi de novo. Ela era a escritora favorita de minhas filhas - Miranda disse, seu tom agora carregado de emoção. - A expressão no rosto delas ao ver Andrea foi indescritível. E eu... bem, eu não consegui evitar. Tudo voltou, como um filme passando diante dos meus olhos.

Nigel olhou para Miranda, sentindo-se tocado por aquela história que transbordava amor e descoberta. Ele sorriu e, com um tom provocador, disse:

- Olha só! O Dragão finalmente reencontrou a sua Cinderela e está vivendo um conto de fadas moderno com ela.

Miranda riu, um som sincero que parecia distante de sua habitual frieza. Ela balançou a cabeça, um sorriso nos lábios, enquanto a expressão de sua face mudava, refletindo uma mistura de carinho e desafio.

- Não me chame de Dragão - disse ela, ainda rindo. - E, de qualquer forma, não é tão simples assim. A vida é complicada, e eu... bem, eu não sou uma pessoa fácil.

- Será que você é tão difícil assim, acredita piamente no que as pessoas falam sobre você? - Nigel retrucou, divertido. - Minha querida, aproveita esse momento e apenas viva essa história com Andréa e as meninas com leveza. Fico tão feliz que tenha abraçado essa nova narrativa.

A Cinderela do All Star AmareloOnde histórias criam vida. Descubra agora