Capítulo 53 - Preparando-se Para o Futuro

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A manhã começou tranquila e cheia de ternura. Eu e Andrea acordamos lado a lado, sem pressa, aproveitando o calor do corpo uma da outra e os momentos silenciosos que apenas um amor profundo consegue compartilhar. Estar com ela ali, naquela simplicidade de quem está onde realmente deseja, era a melhor forma de começar o dia. Em meio a beijos preguiçosos e sorrisos, decidimos preparar um café da manhã especial para minhas meninas, Caroline e Cassidy.

Nos aventuramos juntas na cozinha, eu tomando o comando na preparação das panquecas com calda de frutas vermelhas que minhas gêmeas tanto apreciavam, enquanto Andrea cuidava do suco de laranja e das frutas. A cozinha enchia-se de risadas e conversas baixas sobre pequenas coisas, trocas de olhares e beijos que diziam mais do que palavras. Cada gesto, cada toque entre nós parecia aquecer o ambiente, criando um clima familiar que sempre imaginei, mas raramente vivi.

Quando Cassidy e Caroline desceram para a cozinha, com os cabelos ainda meio bagunçados e as expressões de quem acabara de acordar, os sorrisos no rosto delas ao verem o banquete improvisado foram a confirmação de que esse era o tipo de manhã que eu gostaria de ter mais vezes. As meninas sentaram-se à mesa com entusiasmo, enquanto Andrea e eu nos olhávamos, silenciosamente gratas por aquele momento compartilhado em família.

Após o café, nos arrumamos para levá-las à escola. No caminho para a Dalton, Andrea e eu trocamos olhares cúmplices, e as meninas conversavam animadas no banco de trás sobre os planos para o dia. Quando as deixamos na escola, Cassidy deu um abraço apertado em mim e em Andrea, algo que antes talvez fosse impensável, porque não acreditava que minha menina dos olhos de avelã voltasse para minha vida, mas que agora se tornara parte do nosso cotidiano. Caroline fez o mesmo e, ao ver as duas se afastarem, senti uma mistura de orgulho e felicidade transbordar em mim.

Na volta para casa, a manhã ainda se mantinha leve, e o trânsito estava tranquilo. Andrea repousou a mão em minha perna, fazendo um carinho gostoso, e conversávamos sobre as pequenas coisas que havíamos perdido nos dias em que estivemos separadas. Havia uma doçura no tom da conversa, mas então Andrea mudou o tom, assumindo uma expressão mais séria, embora suavizada por um sorriso carinhoso.

"Miranda, eu estou tão feliz por estarmos juntas. Esses momentos com você e com as meninas... são tudo o que sempre quis, mas nunca soube que era possível até agora. Por isso, quero que minha família saiba de nós. Quero contar a eles."

A princípio, senti uma pontada de apreensão. Não era comum para mim essa ideia de abrir minha vida íntima para outras pessoas, e de imediato, meu instinto foi pensar nas implicações disso. Andrea percebeu minha hesitação e segurou minha mão, o olhar dela carregado de compreensão e ternura.

"Eu sei que é um passo grande, e nunca contei a eles que já me relacionei com uma mulher antes," ela disse, sua voz baixa e cheia de honestidade. "Você é a única. Mas eu quero que eles conheçam a pessoa incrível que você é, Miranda. E quero que saibam o quanto você significa para mim e que é a mulher que me faz feliz, desde que voltou para minha vida."

Pedi a Andrea alguns minutos para pensar, e ela respeitou meu pedido sem questionar, como sempre fazia, compreendendo os limites que ainda estavam em fase de adaptação para nós duas. Chegamos em casa em silêncio, mas um silêncio confortável. Eu sabia que precisaria de um tempo para processar tudo e entender como lidar com aquilo. Me isolei no escritório para organizar alguns documentos da revista antes de seguir para o trabalho à tarde, e Andrea, sempre respeitosa, pegou o laptop e se acomodou na varanda, onde aproveitaria para adiantar um projeto seu.

Após alguns momentos sozinha, percebi que estava sendo cuidadosa em excesso. Era um tipo de defesa que eu construíra ao longo dos anos, mas com Andrea, as coisas sempre eram diferentes. As barreiras caíam por si só, e me permiti pensar na possibilidade de fazer parte da vida dela de uma maneira ainda mais profunda.

Quando fui à varanda, encontrei Andrea absorta em seu trabalho, os cabelos soltos dançando com a brisa leve. Aproximei-me silenciosamente e a surpreendi com um beijo no pescoço, sentindo-a sorrir com o toque inesperado. Sentei-me de frente para ela, disposta a conversar e abrir meu coração.

"Andrea, eu pensei no que você disse no carro. E quero que saiba que estou pronta para conhecer sua família," falei, sentindo a sinceridade em minhas próprias palavras. "Foi um momento de surpresa para mim, mas... estou pronta para dar esse passo com você."

O rosto de Andrea iluminou-se, e ela segurou minhas mãos, cheia de carinho e alívio. E, naquele instante, tudo parecia certo. Diferente de mim, que não mantinha contato próximo com familiares – aqueles que ainda restavam eram distantes, e nossas relações nunca foram boas. Não os queria por perto, muito menos próximo das meninas. Com Andrea, tudo parecia muito mais simples e natural.

Ela sorriu para mim, compreendendo, e beijou minhas mãos com ternura. E, em uma voz suave, Andrea disse: "Obrigada, Miranda. Obrigada por confiar em mim, por estar disposta a fazer parte da minha vida, e da minha família."

Aquela manhã que começara com pequenos gestos de carinho terminou com uma decisão importante para ambas. Olhando para Andrea, me dei conta de que minha vida havia mudado de forma irrevogável. Eu havia encontrado alguém em quem podia confiar, com quem podia ser vulnerável, e com quem queria compartilhar cada pequena e grande parte da minha existência.

A Cinderela do All Star AmareloOnde histórias criam vida. Descubra agora