Capítulo 41

203 39 0
                                    


O desfile em Hartford foi um verdadeiro estouro. Mais uma vez, Miranda Priestly havia elevado o evento a níveis estratosféricos, transformando uma simples apresentação de moda em algo que beirava o sublime. Desde o início, o público estava em êxtase. As luzes baixaram suavemente, criando uma atmosfera de expectativa, enquanto a música começava a tocar. O primeiro modelo a pisar na passarela vestia uma peça que já causava impacto, e a cada look que se sucedia, a sensação de grandiosidade aumentava. Miranda tinha um talento único para unir inovação e elegância, e naquela noite, ela havia superado até as próprias expectativas.

A ovação foi ensurdecedora. Ao final do desfile, Miranda foi chamada ao palco — algo raro, pois ela preferia os bastidores — mas naquela noite não havia como escapar. Designers, estilistas, modelos, críticos e influenciadores aplaudiram de pé, reverenciando tudo o que ela representava para o universo da moda. Seu nome, há décadas, era sinônimo de poder, bom gosto e inovação, e aquela homenagem era mais do que merecida. Com um sorriso contido e uma postura impecável, Miranda agradeceu brevemente, sem deixar transparecer o turbilhão de emoções que sentia por dentro. Estava feliz, sim, mas mais do que isso, estava satisfeita. Era a conquista de uma vida, resultado de sua competência, inteligência, brilhantismo e dos esforços incansáveis que havia feito em sua árdua jornada.

Após o evento, a exaustão a atingiu como uma onda. Miranda se dirigiu diretamente para o hotel, desejando apenas o silêncio e o conforto de sua suíte. Seus saltos ecoavam pelos corredores de mármore enquanto ela caminhava, mas sua mente estava longe, presa em um ponto fixo de saudade. O coração apertado de saudades de suas três meninas — Cassidy, Caroline e Andrea. Embora o evento tivesse sido um sucesso absoluto, sua mente vagava até aquele pequeno núcleo de felicidade que havia deixado em Nova York.

Assim que fechou a porta de sua suíte, sentiu-se segura para deixar escapar um longo suspiro. Soltou o cabelo, tirou os sapatos e, sem perder mais tempo, fez uma chamada de vídeo. O rosto de Andrea apareceu na tela, e Miranda sentiu o calor familiar se espalhar por seu peito. Logo, as gêmeas, Cassidy e Caroline, também surgiram, e o coração de Miranda se encheu de alegria ao ver o cenário caótico, mas adorável, que se desenrolava na cozinha.

Andrea, Cassidy e Caroline estavam cozinhando juntas. Não era um prato elaborado, apenas um simples macarrão à bolonhesa, mas o que acontecia ali era mágico. As três dançavam alegremente ao som de uma música que Miranda não conseguiu identificar de imediato, mas o ritmo era contagiante. Andrea liderava, girando com uma espátula na mão, enquanto as meninas riam e a acompanhavam, mexendo os ingredientes em sincronia. Havia algo tão natural e íntimo na cena que, mesmo a quilômetros de distância, Miranda se sentiu envolvida.

O sorriso que apareceu em seu rosto era espontâneo, quase infantil. Ela segurou o celular com uma mão e, com a outra, começou a seguir o ritmo da música. De início, mexeu apenas os ombros, mas logo seus quadris também se juntaram ao ritmo, e antes que percebesse, Miranda estava dançando sozinha na suíte do hotel, seguindo o fluxo de alegria que vinha da tela do celular.

Andrea notou, seus olhos brilharam de surpresa e ela riu, levando a mão à boca como se não acreditasse no que estava vendo.

— Miranda Priestly... dançando? — ela brincou, mas o comentário estava carregado de ternura.

— Não me julgue, Andrea — Miranda respondeu com o tom firme e característico, mas o brilho divertido em seus olhos a traía. — É impossível resistir quando vocês três estão me contaminando com essa... energia.

Cassidy e Caroline, que a essa altura também tinham percebido que Miranda estava dançando, começaram a rir e aplaudir, incentivando-a.

— Vai, mamãe! Você arrasa! — Caroline gritou, enquanto Cassidy imitava os passos de Miranda com exagero.

Por um instante, a distância entre elas deixou de existir. A música, a risada das meninas, e o olhar afetuoso de Andrea criaram um elo que atravessava o tempo e o espaço. Naquele momento, Miranda sentiu que, apesar de toda a grandiosidade do mundo que ela comandava, seu verdadeiro lar era ali, na simplicidade daquelas interações. Sentiu-se inteira, completa, e a exaustão que havia pesado tanto em seus ombros momentos antes se dissipou como um vapor leve.

Enquanto a música diminuía e as meninas voltavam a se concentrar no jantar, Miranda observou Andrea de soslaio. O modo como ela se movia entre as gêmeas, equilibrando descontração e cuidado, aqueceu o coração de Miranda. Andrea era, sem dúvida, a presença que havia transformado a vida delas em algo mais vibrante, mais feliz.

— Espero que tenham guardado um pouco para mim — Miranda disse suavemente, sentindo-se mais conectada a elas do que nunca.

— Claro, Miranda — Andrea respondeu, sua voz suave e calorosa. — Sempre guardamos o melhor para você.

A Cinderela do All Star AmareloOnde histórias criam vida. Descubra agora