You Give Love A Bad Name.

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"Shot through the heart
And you're to blame
Darling, you give love a bad name."

Se anjos caídos fossem bons, eles não teriam caído.
Então por que um deles estava em frente a Daniel LaRusso o olhando como se quisesse o fazer pecar?

Johnny Lawrence, seu maldito.

O garoto loiro em frente a ele o olhava com olhos marejados, bochechas avermelhadas demais para o resto da pele de seu corpo que estava mais pálida do que o normal, lábios molhados e avermelhados e para completar, seu cabelo loiro que sempre ficava penteado para o lado, todo arrumadinho, estava bagunçado, não com tanto volume, mas bagunçado.

E o dono desse bagunça era Daniel, saber disso o fazia repensar sua última frase como um replay em sua mente, um remix infinito se passando em sua cabeça.

"Fingir que nada aconteceu? Onde eu estava com a cabeça? Este homem está bem na minha frente, me olhando desse jeito tão intenso. Como pude deixar ele ir deste jeito? Tão fácil?!" - LaRusso pensou assim que ouviu as palavras amarguradas devido ao choro prendido e engolido a goela abaixo do loiro.

- Claro, nunca aconteceu, foi um erro. - Johnny disse claramente engolindo o choro.

Afinal, homens não choram.

"Homens não choram, eu não chorei quando perdi minha mãe, não chorei quando quase perdi o campeonato, não chorei noite após noite quando meu pai foi embora, deixando minha mãe e eu sozinhos. Não vai ser agora que eu vou chorar." - Johnny pensou, desviando o olhar do de Daniel.

Daniel pelo contrário, além do bico e olhos de cachorrinho presentes em seu rosto, haviam lágrimas teimosas que caíram de seus olhos, mas antes que Johnny pudesse ver, elas foram limpadas com a manga da blusa de LaRusso.

Foi difícil se despedir de Daniel, sempre após uma discussão ou provocação o loiro se virava de costas e saia rindo com os amigos enquanto Daniel ficava irritado e saia bufando com Freddy e os outros garotos.

"Mas como me despedir de meu rival agora, depois de eu ter fodido ele e termos que agir como se não estivéssemos loucamente apaixonados? Nós damos um nome ruim ao amor." - Johnny pensou enquanto acompanhava Daniel até a saída de sua casa.

Quando chegaram na porta Johnny olhou para Daniel confuso e ainda chateado e o moreno o encarava da mesma forma.

- Eu te odeio. - Daniel disse com um sorriso pequeno aparecendo em seus lábios.

A única coisa que sempre os uniu foi ódio, querendo ou não, ódio ainda é um sentimento. E os dois sabem muito bem que sentem mais do que apenas ódio.

- Eu te odeio mais. - Johnny disse com um riso soprado.

Não era isso que eles queriam falar, eles sabiam disso, não era isso que a alma deles dizia, não era isso que estava preso em suas gargantas, não era isso que preenchia seus estômagos com borboletas, não era isso e eles sabiam, isso sim eles odiavam saber.

"Eu te amo." - Johnny pensou e assim como as almas, seus pensamentos também estavam interligados.

"Eu te amo mais." - Daniel respondeu ao seus pensamentos, mesmo não sabendo o que Johnny havia pensado, o pensamento só surgiu e ele não pode contrariar sua intuição passageira ou sentimento sem asneira.

Mas por fim, a porta se fechou.

Daniel voltou para sua casa, Johnny foi até a casa dos amigos. Daniel foi até a praia com os meninos, Johnny foi até o fliperama com os amigos. Os dois beijaram garotas diferentes, garotas fofas e amigáveis, amáveis e inteligentes, mas do que adiantava, afinal no que pensava era o loiro e o moreno eternizado em suas mentes.
E não importa o quando LaRusso tente achar o loiro em alguma garota, ele nunca achará uma garota loira que sabe ser perfeita no karatê, uma garota loira que tem os olhos mais azulados que ele já viu, uma garota loira com um padrasto chamado Sid que é um pé no saco e um idiota, uma garota loira com o cabelo mais hidratado que ele já acariciou durante uma noite fria, mesmo com Johnny provavelmente lavando o cabelo com detergente de cozinha, aquele cabelo era mais hidratado do que de todas as garotas que Daniel já se quer chegou a beijar. Não que seja muito difícil, já que dá pra contar nos dedos quantas garotas o moreno já ficou.

E o mesmo com o loiro cabeça dura que Lawrence era. Ele poderia procurar em todas as meninas possíveis, não acharia nenhuma garota de aparência tão delicada mas tão forte ao mesmo tempo, não acharia nenhuma garota que faria ele corar igual o LaRusso fizera, não acharia nenhuma garota com o sobrenome tão estranhamente bonito como o de LaRusso, não acharia nenhuma garota como Daniel 'santo' LaRusso.

Mas eram teimosos demais para admitir isso.
Não que seja fácil assumir para os outros e para si mesmo que gosta de garotos em qualquer época a baixo dos anos 2000 e até nos dias de hoje.

Apesar da luz baixa, da música alta e das pessoas dançando no meio da festa lotada na casa de Ali Mills, Johnny ainda conseguia ver Daniel LaRusso do outro lado da sala conversando com Freddy.

Freddy. Johnny odiava ele, não que ele conhecesse o garoto, mas odiava ele pelo fato de sempre estar com Daniel e talvez pelo fato que uma vez Dutch estava provocando Daniel dizendo que ele e Freddy eram namorados, bem na frente de Johnny que olhava enciumado para os dois, apesar do Freddy e do Daniel terem feito um sinal de vômito um para o outro e riram em seguida.

Não é como se Daniel conseguisse NÃO ver Johnny quando o loiro estava do outro lado da sala com os amigos dele, simplesmente coberto de pulseirinhas neon igual uma árvore de natal. Seria bom se LaRusso estivesse prestando atenção nas pulseirinhas neon invés das marcas de beijo espalhas pelos pescoço até o braço do loiro.

Não marcas de chupão ou arranhões, mas sim marcas de beijo, como se uma pessoa tivesse passado batom vermelho de propósito e beijado Johnny por toda parte, deixando aquelas marcas.

- Ele é um idiota. - Freddy disse roubando a atenção de Daniel. - O que ele aprontou desta vez?

- Nada, mas você sabe, ele é um idiota. - LaRusso concordou saindo da sala, puxando Freddy com ele para pegar alguma bebida com nome estranho e de ingredientes duvidosos.

Johnny olhou enciumado e cruzou os braços.

- Deixa ele, ele é um otario. - Dutch disse rindo. - O que vamos aprontar com ele desta vez?

- Nada. Você sabe, ele é um otario. - Johnny disse revirando os olhos e bufando, saindo dali indo para o lado contrário onde Daniel foi, a procura de alguma bebida boa suficiente para fazer ele esquecer de todos os problemas.

Johnny sempre foi bom em afogar as lágrimas.

𝒟ℯ𝒶𝓇 𝒟𝒾𝒶𝓇𝓎 - 𝐋𝐚𝐰𝐫𝐮𝐬𝐬𝐨.Onde histórias criam vida. Descubra agora