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ִֶָ    ャ   ›   :    🌼    𓊔  Perder, essa palavra era estranha de se escutar, principalmente para mim a alguns anos atrás, eu não suportava perder quando comecei a jogar vôlei, qualquer derrota para mim era um sinal e que eu seria um fracasso, de que eu poderia ser uma decepção. Lembro-me das vezes em que chegava em casa é era aconselhada pelos meus pais de que as derrotas eram normais. Então eu ficava pensando, como perder era normal, achava que eles eram loucos. Não é que eu estava acostumada perder, de forma alguma, eu buscaria a vitória de qualquer forma. Mas, eu estava conformada a saber que alguns momentos eu perderia sim partidas.

A VNL era um conquista a qual eu queria, mas eu sabia que eu poderia perder, sabia que coisas ruins poderiam acontecer. Mas, também sabia que boas poderiam, poderíamos sair com a vitória. A semana três havia começado com um adversário chato que era exatamente o Japão. Estávamos no ginásio a um tempo antes do jogo para treinar.

Nyeme levanta uma bola para mim, ataco ela no meio da quadra com o meu braço esquerdo. Mas, quando volto ao chão sinto uma dor exatamente em meu ombro. Uma expressão de dor aparece em meu rosto, decidi não preocupar ninguém, talvez só fosse uma dor pela força aplicada. Quando olho para o outro lado da quadra, vejo uma expressão de preocupação nos olhos de Júlia. Apenas disfarço com um sorriso, e ela o retribui. Mas, sabia que ela iria me procurar em algum momento para falar sobre isso.

Continuei treinando, meu ombro ainda doía uma pouco, mas eu não queria ser cortada do jogo, não queria não jogar, eu queria estar dentro da quadra, dando o meu melhor independente de qualquer coisa. Eu estava indo tão bem, não queria parar agora.

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Logo depois o primeiro set já havia acabado com vitória das japonesas, estávamos em uma roda escutando tudo oque Gabi e Zé falavam antes de retornamos a quedra. Já não sentia dor no ombro, talvez por conta dá adrenalina em meu corpo, mas eu gostaria de pensar que foi apenas uma dor passageira.

— Meninas, eu quero foco! Não podemos deixar que elas mandem no jogo, eu quero que vocês ganhem esse set, eu quero foco! Vontade — Zé Roberto disse por uma última vez, novamente voltamos para a quadra.

O segundo set havia sido nosso, mas o terceiro elas conseguiram novamente ganhar, o time havia de desconcentrado, havíamos deixado elas crescerem para cima de nós. Terceiro teríamos que voltar com tudo.

Antes de entrarmos, as mãos que eu sempre reconheciam me tocaram.

— Você está bem?

Julia Bergmann perguntou

— Claro, estou ótima

— Você tem certeza? Eu vi que você sentiu dor no treino, você não pode se esforçar tanto Beatriz

— Não foi nada demais, não se preocupe. Vamos, temos que ganhar

Ganhar, ganhar, ganhar. Era isso que minha mente pensava. Entramos para o segundo set. O jogo se desenrolava, era disputado, os dois lados queriam ganhar, queriam a vitória.

Então a bola vem para mim, pulo para atacar, é exatamente isso que eu faço quando a bola bate no meio da quadra entre as duas jogadoras japonesas. Eu deveria comemorar, eu deveria abraçar as meninas, mas fui parada por o mesmo incomodo, dessa vez, mais forte. Quando desci a chão novamente, a primeira coisa que fiz foi levar minha mão ao ombro, um grunhido de dor saiu de mim, olhei para Zé Roberto. Depois para as meninas, suas expressões preocupadas.

A primeira a se aproximar foi Carolana, o ginásio aonde antes havia torcida tinha silêncio.

— Bia, você tá bem? Oque você tá sentindo? Fala comigo! — Carolana estava na minha frente, tão preocupada quando eu mesma comigo

Um Amor Puro - Júlia Bergmann Onde histórias criam vida. Descubra agora