13. Como voltar para casa?

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LARA P.O.V

O livro perde o brilho pouco a pouco e as páginas voltam a ficar negras. Ele caiu em um baque surdo no chão ainda aberto. Solto o ar que eu nem percebo que estava segurando. Ok! Isso pareceu uma resposta a nossa pergunta. Desde quando o livro está respondendo as nossas dúvidas? Se bem que nem um de nós nunca tentou perguntar nada.

---Como. Voltar. Para. casa? --- Digo pausadamente decidindo tentar a sorte.

Espero uns minutos enquanto encaro fixamente o livro. Quando nada acontece eu olho decepcionada para Max que me encarava com uma sobrancelha erguida e interrogações na expressão.

--- O que? Vai que ele responde nossas perguntas.

Maximus fecha os olhos e abaixa a cabeça balançando-a negativamente. Olho para Isabel esperando um pouco de apoio, mas ela estava claramente tentando se controlar para não rir. Então, decidi não dizer mais nada.

--- Isso não faz sentido nenhum --- Disse o Max depois de um momento passando a mão no rosto exasperado. --- Como destruir um objeto destruiria um exército.

Eu não tinha parado para pensar nisso até que as palavras saíram de sua boca. De fato, ele tinha total razão. Mas, essa é apenas uma das várias dúvidas acerca da situação inusitada em que nos encontrávamos.

--- Não sei, mas nada aqui faz sentido. Então eu digo para fazermos o que o livro mágico mandou. O que acha, Isabel?

--- Desculpe, o que disse? --- Isabel pisca os olhos despertando de um transe.

--- Você está bem? --- Perguntei com preocupação.

--- Sim. Pode repetir, por favor --- Decido não me estender no assunto. Quando ela estiver pronta, contará o que passava por sua mente.

--- Eu estava dizendo que deveríamos fazer o que o livro mostrou e destruir o objeto. O que você acha?

--- Concordo com você.

--- Espera! Nem sabemos o que é esse objeto?

--- Mas, se o livro mostrou então é importante --- Disse Isabel e eu aceno em concordância.

--- Ok, mas mesmo que decidamos fazer isso. Não sabemos onde começar a procurar.

--- Eu sei --- Murmura Isabel --- É o castelo de Campden. Não fica muito longe daqui.

--- Tem certeza?

--- Acredito que sou capaz de reconhecer o lugar onde eu cresci --- Fala Isabel mais uma vez com lágrimas nos olhos --- O objeto está na biblioteca.

Arregalo os olhos em surpresa a sua resposta. Vejo ela limpando as lágrimas que desciam pelo seu rosto e tentando evitar que mais caíam. Pelo olhar dela eu posso perceber que ver aquilo deve ter sido difícil. Eu e Max ficamos em silêncio depois disso por um tempo.

--- Se conhece o lugar pode me ensinar um jeito de entrar lá sem chamar muita atenção --- Fala Max pondo um fim ao silêncio.

--- Ou podemos deixar isso para depois.

--- Não. --- disse Isabel com firmeza --- Precisamos fazer isso o quanto antes.

--- Ótimo. Então me diga como eu posso entrar.

--- Eu?

--- Não acho que deva ir, Lara --- Eu concordei com ele

--- Ficarei feliz em ficar para trás --- disse abrindo um sorriso.

--- Ótimo, então como posso entrar? --- Max repete a pergunta

--- O castelo de Campden tem passagens secretas que só eram conhecidas pela minha família.

--- Depois de tanto tempo eles devem ter descoberto sobre as passagens, não acha? --- Pergunta Max

--- Pode ser que sim. Mas é a melhor forma de entrar sem ser visto.

--- Ok. Mas você precisa ser detalhada. Se eu for pego acabou.

Não terei reforços. --- Afirma Max me deixando assustada com essa possibilidade.

--- O refúgio será o nosso reforço.

--- Seus irmãos mandariam reforços para mim.

--- Não, mas mandariam para mim --- Ela encara Max com firmeza ---- E eu vou com você.

--- Eles não deixariam a gente ir.

--- Saímos escondidos. Eles irão até mim quando perceberem que não estou aqui e vocês também não...

--- Mas, eu vou estar aqui. Poderia inclusive avisá-los para onde vocês foram.

--- Só tem um detalhe que eu acredito que nenhuma das duas esteja considerando. O que seus irmãos farão com a Lara quando descobrirem que eu "levei você" para o território inimigo?

Droga!! Não tinha pensado nisso. Eles me amarraram em um porão por estar perdida em uma floresta. Imagina o que fariam pensando que eu tinha feito algum mal à Isabel. Engulo em seco o medo que ameaçava sair.

--- Meus irmãos não a machucariam --- Garantiu, apesar de sua expressão não passar tanta confiança

--- Não pode garantir a segurança dela. Pode? --- Isabel abre a boca, mas as palavras não saem --- Se for assim prefiro que ela vá com a gente.

--- Então minhas opções são arriscar minha vida indo com vocês ou arriscar minha vida ficando aqui. Duas opções tão diferentes--- Falo com ironia.

--- Tenho certeza que meus irmãos não matariam você

--- Hahaha... --- Ri com desespero

--- Mas, a decisão final é sua.

--- Porque você não fica, Isabel? --- Pergunta Maximus

--- Quem guiará vocês pelos túneis, se eu não for?

--- Talvez você possa fazer um mapa.

Isabel abaixa um olhar rapidamente enquanto uma pitada de culpa perpassa seu olhar de forma tão rápida que eu achei que tinha sido coisa da minha imaginação. Em seguida, seu olhar foi tomado por uma determinação que fez a energia do ar crepitar ao seu redor.

--- Não vou desenhar um mapa. Eu vou com você --- Max parecia pronto para argumentar contra essa ideia quando Isabel o interrompe --- Mesmo se eu ficar para avisar meus irmãos, eles jamais concordariam em mandar reforços para vocês.

Olhamos uns para os outros e no final ninguém fala nada. Afinal, Isabel estava coberta de razão. O problema é que Max também estava. No final não nos restava nenhuma alternativa cem por cento certa.

--- Eu vou --- Se pronuncia Isabel

--- Lara, você fica ou vai conosco? --- Pergunta Max depois de algum tempo.

As opções não eram muito animadoras. Apesar do risco, ficar seria a escolha mais sensata. Mas, sentia que de alguma forma eu precisava ir. Passo a mão no rosto tirando um tempo para pensar.

--- Eu vou. Precisamos permanecer juntos --- Respondi surpreendendo a todos, inclusive a mim mesma.

Isabel e Max acenaram em concordância. Apesar de não terem muita certeza do plano que se desenrolava. Isabel levanta indo até o armário. Ele pega uma bolsa cheia de papéis. Quando se senta novamente começa a abri-los no chão revelando vários mapas.

--- Pensei que não podia desenhar um mapa

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