XVII - Νασάου

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Há duas músicas, a primeira é essencial para a cena, a segunda é apenas uma sugestão.


—> Lullaby – Niykee Heaton —> The Way – Kehlani, Chance the Rapper


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Nassau – Bahamas MCMXCV – 1695


Camila Cabello


O suave balançar do navio devido os movimentos das ondas fazia a rampa de madeira sobre os meus pés tremer, deixando meus passos mais lentos. O ranger da tábua era causado pelas minhas botas a cada passo que eu dava em direção ao cais.


O vento fresco daquela noite estrelada balançava meus cabelos, deixando-os que voassem para todos os lados. Ao pisar sobre a madeira velha do cais suspirei mais uma vez, olhando uma única vez para trás, observando o grande navio que foi responsável pelo meu transporte até a ilha.


Sentia-me triste, impotente, cansada, fraca... Já não era a mesma mulher há mais de 170 anos. Apenas vagava por aí, sem rumo, esperando o dia em que alguém conseguisse me matar de vez. Caminhava lentamente em direção à praia de Nassau, olhando tudo a minha volta, vendo alguns marujos que me acompanharam durante minha viagem acenando para mim. Quando pisei na areia fofa puxei meu vestido para cima com minha mão livre, sendo que a outra segurava minha pequena mala com algumas roupas, e segui em frente pelo caminho que daria a pequena cidade.


Nassau era uma bela ilha, cercada pelo mar e sua flora intensa. Mas nem isso enchia meus olhos como faria umas décadas atrás.


Avistei a pequena estalagem em que ficaria hospedada durante um tempo até a finalização da construção de minha casa aqui na ilha. Queria ficar isolada do mundo, longe do lugar onde foi o causador da minha dor e angustia. Fazia anos em que viajava pelo mundo, conhecendo lugares novos e tentando me adaptar a um lugar que me deixasse confortável, entretanto nunca consegui.


Tentaria ficar aqui em Nassau, que era um lugar conhecido e temido por causa dos piratas. Eu não tinha medo, e quem sabe assim um deles talvez conseguisse o que eu tanto almejava. A morte. E só assim alcançaria minha paz, e possivelmente encontraria a mulher que amava incondicionalmente.


Subi os poucos degraus que daria para a pequena varanda da estalagem e alcancei a entrada, observando a arquitetura. Era tão diferente de Atenas, não deixava de ser bonito, mas também não era tão elegante quanto a minha cidade natal... era simples, assim como o lugar quando a encontrei pela primeira vez.


Meus olhos se encheram de lágrimas em uma fração de segundos, mas segurei bravamente, não queria mais chorar. Sabia que tinha que seguir em frente, conhecer novas pessoas e talvez encontrar um novo amor, afinal fazia mais de 170 anos que Lauren foi morta, mas não poderia fazer isso com ela. Me sentia suja até mesmo em pensar na possibilidade de beijar outros lábios que não fossem os seus, de tocar outro corpo que não fosse o seu. Seria traição, tanto com ela, quanto comigo.

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