XXI - Μισοφέγγαρο

40 4 1
                                    

Tento, inutilmente, definir essa sensação de impotência, essa fraqueza que abala minha mente. Tentei encontrar-me nos olhares de quem estava ao meu lado, tentei me sustentar nos sonhos que protagonizei, tentei encontrar forças aonde não mais havia... Mas não obtive sucesso em minhas buscas.


Eu sabia que, no momento em que a conheci, meu mundo viraria de cabeça para baixo. Não reclamo, pois é óbvio que foi com ela que eu descobri o que é o amor, amar e descobrir o significado de reciprocidade. A sensação de plenitude e o preenchimento daquele pequeno e quase imperceptível buraco vazio que há no coração quando estamos sozinhos na vida... Mas também descobri a complexidade de um relacionamento, principalmente aquele que se aflorou em décadas passadas. Entretanto, com isso, aprendi que precisaria ser forte para ficar ao lado da mulher que eu amo e sempre amarei!


Sentia meus olhos ardendo pelas lágrimas presas enquanto admirava o horizonte. O céu escuro sobre minha cabeça brilhava com as milhares estrelas que se ofuscavam com o brilho de uma lua quase completamente cheia. A visão me enchia os olhos, e com ela, buscava paz para aquilo que tanto me atormentava a cabeça.


Sentava-me na areia em frente ao mar da praia particular de Camila, em cima de uma toalha grande para não me sujar, enquanto deixava meus pensamentos tomarem conta da minha mente.


A fraqueza que dominava meu corpo era incomum, forte... Me sentia desta forma desde quando fui atacada por aquele homem, há quase um mês atrás. Eu sabia que poderia ter morrido naquele dia, e o pior, poderia ter levado Camila junto comigo para o caminho escuro e sombrio da morte, ou tê-la feito sentir, novamente, a dor de me perder. Nunca iria me perdoar por isso. E essa fraqueza não se designava somente ao corpo, e sim na alma. Uma sensação de que não conseguiria cuidar da pessoa que amo como tanto anseio.


Suspiro mais uma vez ao me relembrar daquela noite fria e sombria, no qual eu percebi o quão fraca eu sou. Queria ter o poder para ter me protegido e acabado com aquele homem, da forma no qual a mulher que eu amo teria feito se tivesse tido a oportunidade na hora, e, além disso, me senti ainda pior por ela ter ido cuidar de mim ao invés de acabar logo com aquele mal.


Pensava, enquanto meus olhos lacrimejavam, ao olhar a majestosa lua em seu pico no céu e sentir o vento frio bagunçar meus cabelos, em tudo que fiz antes dessa vida. Na maneira que fiz Camila sofrer por causa da minha estupidez e inconsequência. Eu poderia ter evitado tudo aquilo, poderia ter me tornado igual à ela, evitando todo esse sofrimento que ambas passamos. Mas preferi, por algum motivo tolo e desconhecido, continuar com a minha vida humana. Encosto minha cabeça sobre meus joelhos, os quais meus braços os circulam. O cheiro da maresia era forte ali, junto com o vendo frio das últimas semanas de setembro. Meu queixo tremia levemente, mas não saberia dizer se era pelas lágrimas contidas em meus olhos ou pelo frio que sentia.


Sentia como se tivesse passado horas naquela mesma posição, quando um toque suave e conhecido acariciou o topo de minha cabeça. Sorri em meio às lágrimas, sentindo o corpo quente e protetor abraçar-me pela cintura por trás, após se sentar atrás de meu corpo deixando-me entre suas pernas, trazendo-me o mais junto possível de si, junto com uma sensação forte de segurança.


– Diga para mim, agápi mou, o que maltrata tanto essa sua cabecinha? Tem semanas que está deste jeito e eu estou ficando cada dia mais preocupada. – Ela falava em um tom baixo e preocupado em meu ouvindo, fazendo-me estremecer. – Tentei respeitar seu tempo, mas vejo que cada dia fica pior. Eu só quero te ajudar!

Passion For FearOnde histórias criam vida. Descubra agora