XII - Αθήνα

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Musicas: 

 - The Hills – The Weeknd

- Valleys – Honors


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Atenas - Grécia
MDXIV - 1.514 d.C


Camila Cabello


Na hora de vermos a pessoa que amamos partir, muitas vezes sem qualquer explicação, é impossível negarmos o sofrimento que sentimos. Com o tempo aprendi que sentir saudades é tão natural quanto respirar. Que se sentem saudades porque se inala um aroma qualquer que faz lembrar algo esquecido. Que se sentem saudades quando se passa em um lugar perdido no tempo, quando se revê um retrato que ficou no passado, quando se escuta um som de outros tempos. Dizer adeus não é fácil, mas chega um momento em que é preciso.


Não me sentia bem. Estava como um bagaço, que depois de sugado é atirado ao chão. Tinha perdido a vontade de sorrir, de viver, já nem cuidava mais de mim. Durante muito tempo o meu céu ficou nublado, os dias eram cinzentos, as noites não tinham luar, as estrelas não brilhavam.

Até aquele dia...


(...)


Risadas, gritos contentes, músicas altas e o cheiro forte do vinho impregnado no ar, explicava o motivo das pessoas alegres demais no antigo Teatro de Dionísio, celebrando O festival das Antestérias, uma celebração anual ao deus Dionísio e a Hermes, que marcava o fim do inverno e o início da primavera.


Eu sentia meu corpo pesado e minha visão turva, provavelmente pelas seguidas taças de todos os tipos de vinho que ingeri sem pausas. Dançava como se o mundo fosse acabar, girando, pulando e suando junto com os demais gregos ao meu redor. Sentia o cheiro de todos os tipos de sangue dos humanos e podia ouvir corações batendo freneticamente, atiçando-me de um jeito quase insuportável.


Depois do ritual onde as crianças de 3 ou 4 anos eram coroadas por uma coroa de flores, elas recebiam seu primeiro cântaro de vinho — um tipo de vaso grego usado para beber vinho em rituais nos respetivos festivais anuais — todos se juntaram no centro do Teatro para comemorar e beber, obviamente.


Eu costumava a participar sempre destas festas acompanhada do meu pai, pois nos divertíamos mais quando estávamos juntos, mas isso não aconteceria mais.


Há uns meses atrás, recebi uma carta informando sua morte, sem explicações ou motivos plausíveis. Estava no meu templo aguardando notícias suas, depois que o mesmo partiu em uma viagem à Romênia, quando um mensageiro, pequeno e amedrontado, entregou-me a carta.


Perdi meu chão ao terminar a leitura.


Lembro-me vagamente da minha reação após à leitura. O pobre mensageiro provavelmente sofreu ao ter seu pescoço rasgado pelos meus dentes de um jeito brutal. Não soube o motivo dele ter permanecido no meu templo depois de me entregar a carta, somente sei que talvez ele poderia estar vivo hoje se não tivesse tido à audácia de permanecer em um lugar que não era bem-vindo sem convites.

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