Após um longo tempo focada em sua carreira musical, Ayanna ou melhor, Kieza mc decide retornar às suas origens, as batalhas de rima.
Entre velhos e novos conhecidos um em específico a chamou atenção, Jorge Bask.
"Acho que minha vida é isso... 'uma...
Estávamos no estúdio, finalizando o projeto do ep dele que estávamos quase terminando. Eu estava no sofá, ouvindo Jorge ajustar alguns detalhes na mesa de som, os dedos dele deslizavam pelos controles, e eu observava como ele parecia estar totalmente em sintonia com a música. Seu rosto marcado, suas tranças balançando quando se empolgava. Tudo nele me atrai, coisa de maluco.
A letra da música falava de escolhas, renúncias e sacrifícios que fazemos para nos mantermos no nosso trabalho, algo que tinha ficado na minha cabeça desde que recebi um convite para anunciaro meu livro de poemas internacionalmente. Sabia que era uma chance única, oportunidade de fazer meu nome globalmente como escritora, mas, ao mesmo tempo, significaria me distanciar dele, dos meus amigos, da minha família, novamente, e de tudo o que estávamos construindo juntos.
Ele com um sorriso de canto, se jogou no sofá e puxou minhas pernas para cima dele, fazendo carinho.
- Tá brisando legal hein? - disse, com aquele tom de provocação que sempre usava
- Só tava pensando. - sorri de volta, tentando disfarçar o turbilhão de sentimentos e nervosismo
Ele me lançou um olhar curioso, como se soubesse que eu estava escondendo alguma coisa. Cruzei os braços, tentando manter a calma.
- Solta o verbo neguinha, te conheço. - ele apoiou o braço no encosto do sofá, se inclinando um pouco para mais perto
Suspirei pesado, pensando em como contaria algo que eu ainda nem tinha certeza e se fosse o caso, que não parecesse que eu queria fugir dele.
- Recebi um convite, pra lançar o meu livro internacionalmente. Papo de coisa grandiosa, sabe? - ele balançou a cabeça em confirmação - Inúmeros lugares, países, fãs. Aquela loucura toda que você já conhece. - percebi que seu pomo de Adão subiu e desceu rapidamente, indicando que tinha engolido em seco
Sua expressão em questão de segundos oscilou, de imediato seus olhos brilharam mas quando raciocionou, seu semblante ficou sério, ríspido e rapidamente arrumou a postura.
- Caralho, sei nem o que dizer. - riu nervoso passando a mão no pescoço - Isso é pra quando? Tem data já? - neguei
- Não é certeza ainda, mas tem grande probabilidade de acontecer. Sei que não era o melhor momento pra isso. - evitei o olhar dele, mas Jorge apertou levemente minha mão, me incentivando a continuar - Mas é o meu sonho, algo que prometi pra minha irmã, que faria. Não é pra pensar que tô fugindo de sabe se lá o que a gente tem, porque não é isso. Só que não quero te pegar desprevenido.
Ele riu de leve, mas o riso não era de diversão. Era como se estivesse processando.
- Quer saber a verdade? Que se é pra ser, vai ser. E se não der pra manter, então já era, né? - aquilo deu uma pequena pontada em meu coração, ele fez uma pausa, olhando fundo nos meus olhos, o que me fez sentir aquele friozinho nervoso no estômago - Eu também não sei o que vai rolar daqui a dois meses, sabe que a cena é instável. Não faço ideia onde vou estar, mas se você quiser tentar eu tô disposto, por você sim.
Meus olhos lacrimejaram, eu não queria pensar na hipótese de me despedir dele. Eu realmente estava curtindo o nosso lance, é gostoso ficar com ele e ter alguém para vários momentos. Aquelas palavras, vindas dele, que sempre foi tão resistente em abrir o que sente, mexeram comigo mais do que eu esperava.
- Você acha que a gente consegue tocar o barco? — perguntei, com um ar de desafio e ao mesmo tempo curiosa
- Sei lá. - respondeu sincero - Mas tô ligado que é seu sonho e se for mesmo vou te apoiar. Tô falando sério, Aya. Mas eu quero que você faça o que acha dahora sem caô e sem se prender por conta disso e quando você voltar, a gente vê. - terminou suspirando, parecia chateado
- Não existe a gente ver, Jorge. Não quero que você se prenda, eu tô sempre nesse vai e volta, nessa loucura. Você não precisa disso. - desabafei e ele fez cara de confuso
- Eu vou te esperar. - falou rapidamente e meu coração acelerou - Foda - se quanto tempo demorar, o bagulho sou eu e você. Sei que é o seu trampo, sua vida, seu sonho e eu cheguei depois. - comentou fazendo carinho em mim
Ele se inclinou mais e me puxou para mais perto.
- Posso pedir um negócio? - confirmei - Não some, liga pra mim todo dia, me conta como que tá as coisas. Deixa eu viver isso contigo, não desaparece.
Eu senti meus olhos marejaram, mas segurei as lágrimas. Saber que ele queria estar ali, mesmo sem algo concreto, me deu a coragem que eu precisava.
- Não vou sumir. Te quero muito, não faz ideia. - ele sorriu
- Sei sim, porque eu quero mais ainda.
E assim ficamos eu e ele num mar de sentimentos, promessas que talvez se cumpririam, num mar de talvez mas ainda assim tão concretos quanto os nossos sentimentos.
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