Capítulo 3

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O cabelo castanho, desciam pelas costas nuas. A cabeça repousava entre as pernas de pele bronzeada, enquanto a mão, com unhas pintadas de preto, segurava os fios rebeldes, provocando suspiros dengosos. Os lábios cheios, não mais pintados pelo batom rosado, beijavam intimamente a vulva de uma das empresárias agropecuaristas mais importantes do Brasil. O gemido baixo escapou pelos lábios da mulher sentada sobre o sofá caro de couro em um dos hotéis mais caros em Copacabana. Os sons eróticos e o gosto do sexo não traziam o efeito esperado de uma transa assim, Camila não foi contratada para se concentrar em seus prazeres. Ela estava aqui para dar a luxúria a mulheres e restringia fielmente o seu. Seus serviços não se limitavam a isso, pois até uma hora atrás, sorria para importantes empresários internacionais, enquanto gastava o seu espanhol e inglês. Camila era linda, inteligente, boa de cama, dotes perfeitos para ser a melhor acompanhante para mulheres que queriam o seu serviço e, surpreendentemente, o mercado era vasto. Muitas mulheres usavam o tipo de serviço que Camila provia. Atenção, conversa, companhia, desafios e, caso optassem, sexo. Não fazia aquilo porque amava, ou gostava, achava que ninguém fazia o que ela fazia por amor, mas parecia ter um talento natural para isso e precisava do dinheiro. Além disso, trabalhava apenas com mulheres e junto a elas, trazia um senso de segurança muito melhor. Achava que não seria capaz de se deitar com um homem, Camila era muito lésbica para aquilo. A respiração da empresária ficou cada vez mais erradica, assim, como os dedos que a aprendiam no lugar e as coxas cheirosas que se fechavam em volta de suas orelhas. — Camila!! E o gozo tomou conta de seu queixo e glândulas gustativas. Camila, uma empresária agropecuarista e, talvez, futura deputada federal, puxou-a pela cintura e a beijou profundamente, enquanto suas pernas ainda continuavam moles sobre os ombros levemente úmidos pelo suor produzido por ela mesma. — Olha, sua boca deveria valer ouro. Sério — disse Simone, contra os lábios avermelhados de Camila. — Fico feliz que tenha gostado. — Charmosa era a acompanhante, que mordeu o lábio inferior. — Foi uma excelente noite. Depositou um beijo no queixo da empresária, antes de se levantar. Seus joelhos protestaram um pouco, em um estalo tímido que apenas ela ouviu. Demorou para que Simone pudesse relaxar sob o seu toque, poderia ser a bebida ou a tensão do jantar; angariar apoio político não era fácil. Achou que hoje não teriam qualquer tipo de relação sexual, pelo estado de nervosismo que a mulher se encontrava, mas as coisas foram se desenrolando com certa graça de manejo, e Camila sabia como agradar. Adicionando, o fato de que Simone havia pago pelo serviço completo. Oito semanas. Elas não dormiam juntas, jamais. Mas, os jantares, reuniões e sexo estavam sendo bons, principalmente para conta bancaria de Camila. A agropecuarista também a tratava bem. Agachou-se perto da janela panorâmica, com a vista para a madrugada calorenta do calçadão de Copacabana. Vestiu seu vestido azul-marinho, de corte caro e justo, contornando o que o seu corpo melhor poderia oferecer, mas também, sem ofertar muito. Ela deveria chamar a atenção, contudo, não poderia e nem queria causar qualquer tipo de incômodo da vulgaridade. Suas clientes não gostavam disso. — Fique atenta com o Felipo, provavelmente, ele vai querer te prejudicar — alertou Camila, passando os dedos pelo cabelo castanho, enquanto observava os carros passarem e os corajosos transeuntes que passavam pela noite do calçadão iluminado por quiosques, postes, bêbados e prostitutas. A internacional e fervorosa praia era linda e caótica, assim como todo o Rio de Janeiro. Camila era bastante atenta, ainda mais quando era convidada para jantares prestigiados com as suas clientes, em geral, pessoas muito ricas gostavam de trapacear um ao outro. Sabia que muitos tinham índoles duvidáveis, inclusive, Simone. Ela gostava de transitar entre essas pessoas, aprendia muito e podia assistir os conflitos quase de camarote, porque era apenas a mulher inteligente e bonita, sempre junto a mulheres importantes. Claro, nem todas a exibiam. Existiam mulheres casadas que a contratavam, mulheres solteiras que queriam apenas se divertir, mulheres que queriam aprender o prazer, mulheres tristes e felizes, de diferentes histórias, e Camila sempre se esforçaria para trazer o seu melhor, contanto que pagassem aquilo que ela cobrava. E incrivelmente, elas pagavam. Não podia reclamar. Não esperava ficar nesse emprego para sempre, ele teria validade. Só esperava não ser muito, infelizmente, não dependia muito dela. — Por que diz isso? — A empresária indagou curiosa, se colocando atrás dela, enquanto puxava o zíper do lindo vestido azul. — Ele sabe que sua safra não foi tão boa esse ano — informou Camila, olhando através do reflexo o claro desgosto passando pela feição de Simone. — Ele conhece alguns investidores que você faz negócios. Simone é uma deslumbrada, acha que vai conseguir produzir aquilo que prometeu, Fabinho é um idiota, palavras dele, não minhas. — Merda... Fabinho é um dos meus engenheiros mais confiáveis — reclamou a empresária, para finalmente abraçar o corpo delgado de Camila. — Acho que não mais. Os dedos de unha curta e muito bem cuidados de esmalte preto, acariciaram a pele da futura deputada federal. — Obrigada por me informar sobre isso. — Simone agradeceu, levando o cabelo castanho e delicado para um dos ombros e beijou o pescoço desnudo ainda cheiroso do perfume de lavanda. Camila sorriu. Parte, porque, sabia fazer seu trabalho bem feito, não importava em qual campo, e outra, apreciou o carinho recebido. Virou-se para encontrar Simone de calças de linho, sutiã e o cabelo preto ligeiramente despenteado, devido ao delicioso orgasmo presenteado pela acompanhante. Os olhos castanhos escuros a olhavam com certa luxúria, pois as memórias da majestosa noite eram pulsantes em sua mente e ainda entre as suas pernas. Um beijo na bochecha foi dado por Camila. Abraçou a empresária e reprimiu um bocejo, enquanto olhava a cama King Size no outro cômodo, através das grandes portas de correr de madeira. Como ela queria deitar naquele colchão caro e com lençóis de excelência. Estava cansada, seu trabalho na livraria havia sido bem atribulado, sem contar as últimas horas que tivera com Simone. Ela não podia ficar ali, não estava em seu contrato, sem falar que sua volta para Niterói seria cansativa. Seja como fosse, não gostava de dormir com suas clientes. Acontecia, claro, mas era exceção. Seu telefone tocou dentro da bolsa. Salva pelo gongo. — Já está na minha hora. Era Demi. Provavelmente, o motorista estava no saguão do hotel esperando-a. Uma onda de alívio passou por ela, estava ansiando para deitar e dormir. MUITO. Amanhã seria um novo dia, mais um de trabalho na livraria, talvez, visitar sua irmã, arrumar a casa, não sabia ao certo se teria algum encontro, mas achava que não e esperava que não. Simone a prendeu pela cintura, beijando mais uma vez o seu pescoço. Distanciou-se um pouco e a segurou pelo queixo. — Semana que vem. — Semana que vem. Ambas já sabiam que horas e quando se encontrariam, não haviam estipulado um local, não era preciso, pois independentemente de onde estivessem, Camila passaria três horas junto com a mulher baixa, compacta e de barriga levemente protuberante. Simone não seria o tipo de mulher que atrairia o olhar atento da acompanhante, mas havia uma beleza na empresária que Camila gostava. — Volte com segurança — falou Simone, então soltando-a. — Você pode sair sozinha, não é? Eu preciso muito de um banho. — Claro. Observou-a se recolher para o quarto, e enquanto Simone fechava as portas de correr, Camila pegou a bolsa e jogou-lhe uma piscadela. 

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