Desejo Proibido

Capítulo 19

O charmoso e pequeno restaurante ficava em frente da lagoa de Piratininga, acompanhado de um robusto cais que adentrava sobre a superfície da água e mesas e cadeiras de madeiras eram distribuídas embaixo de grandes ombrelones cor bege. Pontos de pequena iluminação presos em cordas formavam uma cortina de luzes para que os clientes pudessem desfrutar da noite fresca que estava fazendo. A entrada do restaurante de dois andares era um grande portão de caleiro que escorregava para o lado. O salão do primeiro andar constituía de um bar pequeno, onde as plantas enroscadas em uma grande placa de metal gradeada desciam como uma cascata verde de natureza. Mesas eram espalhadas pela área, junto a outros vasos de plantas e com milhares de quadros pendurados em suas paredes azul bebe.

No segundo andar, onde Lauren estaria, tinha um teto de bambus trançados e imensas janelas tendo a vista da lagoa. As mesas e cadeiras repetiam-se em padrões de madeira escura e mais pinturas eram distribuídas pelas paredes, mas ao invés de quadros, eram pratos com lindas ilustrações, em grande maioria de flores e casinhas. A escritora estava perto de uma grande janela, o salão estava vazio, o segundo andar parecia ter sido feito especialmente para as duas. Camila sentiu um aperto no peito, pareceu um perfeito local para uma despedida romântica, com a lua refletida em um banho prateado sobre a superfície da água escura. A escritora estava linda, com calças pantalonas beges e frescas, e uma camiseta. Seu cabelo estava em solto e a maquiagem delicada e mínima, Camila a achava uma das mulheres mais bonitas que a terra poderia ter feito. Lauren bebericava um pouco do seu vinho rosé, quando levantou os olhos e viu Camila se aproximando.

O vestido solto e longo, as sandálias e o batom vermelho, fizeram a escritora engolir em seco. Ela queria dizer tanta coisa, principalmente, que ela e Selena não eram nada, ao menos, não romanticamente. Havia também uma boa notícia; usando suas teias de contatos, não exatamente sua, mas sim de sua agente, conseguiu um contato em São Paulo. Um contato que poderia ser o começo de algo para Camila.

— Oi... — A voz de Lauren estava um pouco mais rouca do que o normal.

— Te fiz esperar muito tempo?

— Dois minutos, mas te perdoou.

— É muito bonito aqui, nunca tinha vindo — comentou Camila, ao se sentar ao lado de Lauren.

— É sim, descobri há pouco tempo — informou a escritora, ao pegar a garrafa dentro do balde de metal.

— Aceita um pouco?

— Por favor. Já havia uma taça na mesa, à sua espera.

— Pedi um couvert pra gente, espero que não se importe. Depois, a gente pode pedir o prato principal.

— Não, de forma alguma. Camila experimentou um pouco de seu vinho. Estava gostoso.

— Queria te parabenizar mais uma vez pela exposição. Foi tudo bem? — perguntou Lauren, virando-se ligeiramente para Camila.

— Foi...

— Só foi?

— Foi maravilhoso — confessou Camila, menos contida e mais animada.

— Me senti pertencente, sabe? Era como se eu estivesse fazendo algo certo. Você já sentiu isso?

— Sim, toda vez que termino um livro, toda vez que vou a uma noite de autógrafos. Faz valer a pena todo o estresse. Creio que foi um sucesso.

— Sim, foi... consegui contatos, já tenho encomendas, talvez irei voltar para aquela galeria, e outra galeria no Rio ficou interessada em meu trabalho.

— Ahh, sim. Isso me faz lembrar... — Lauren puxou a bolsa da cadeira da cabeceira e retirou um papel, desdobrou-o e lá estava algumas informações em tópico, um nome e um telefone.