Demi engoliu em seco e se não fosse por suas mãos espalmadas na mesa de seu escritório, estaria estatelada no chão. Em sua frente, bem ao centro das duas poltronas brancas, estava ali o ser que mais amava em sua vida, mas, ao mesmo tempo, a que lhe deu mais trabalho. Diana Lovato era o seu maior presente, uma caixa de pandora, que continha muitas nuances que nunca compreenderia, mas mesmo não nascendo de seu ventre, ela era a sua filha. A pele naturalmente, encontrava-se pálida, devido à privação de sol durante os três anos que passou dentro de uma penitenciária. Os olhos castanhos carregavam olheiras profundas pela falta de sono que a prisão provinha e o cabelo, ainda que sem fios brancos, não estavam mais da cor natural e sim um loiro mal pintado. Estava um pouco mais magra, mas não em um aspecto tenebroso, a calça jeans e a blusa branca contornavam bem as suas voltas femininas. Infelizmente, as drogas chegaram na vida de Diana, logo após o término da escola, consequentemente, roubos e furtos começaram a brotar. Sua filha nunca precisou roubar, sempre teve tudo, era muito difícil compreender aquele tipo de comportamento. Mas Demi se culpava, sabia que o seu lar não foi o suficiente para prover o amor e o respeito. Diana se perdeu antes mesmo de ser encontrada, seja pelo jeito que o pai dela a tratava ou pela rebeldia exacerbada que a levou a um internato. Ficara isolada grande parte de sua vida, seja na escola ou na prisão.
— Quando você saiu?!
— Essa foram as primeiras palavras que Demi trocou com sua filha depois de três anos. Talvez Daniel, seu ex-marido, estivesse certo; ela era uma filha da puta fria. Nunca teve a capacidade de ser mãe, mas não era ele que estava ali. Fora embora quando sua fúria se sobrecarregou sobre Diana.
— Hoje de manhã.
— E seu pai? — perguntou Demi, aprumando-se, enquanto endireitava o bracelete dourado que adornava o seu punho, tentando deixar o choque inicial passar pelo seu corpo.
— Não sei... Provavelmente, comendo alguma mulherzinha por aí, em algum lugar, é o novo hobby dele. Quando saí, não vi ninguém, aí com os trocados que tinha vim pra cá. Me lembro que você comentou que se mudou, mas não me deu endereço. Eu sei que você não gosta quando eu venho aqui, mas não tinha mais para onde ir. Aquela última frase foi poderosa de ser ouvida.
— Tudo bem... É bom te ver... Depois desse tempo todo — disse Demi um pouco polida demais, quase desconfortável.
Diana não tinha ninguém. Demi era a única pessoa, já que Alfonso simplesmente as maltratava e as jogou fora.
Engoliu em seco, a empresária poderia enfrentar muitos, mas sua filha tinha um jeito que a deixava completamente sem defesas. Contornou a mesa, colocou-se defronte à sua filha, a estudou. Diana ainda continuava com o olhar atento, mas pôde reconhecer o cansaço. Estaria ela arrependida? De enganar a própria mãe? Se meter com pessoas perigosas? No momento, aquilo não parecia ser importante. Simplesmente abriu os braços. Diana se jogou neles e Demi recolheu-a em um abraço materno. A empresária a apertou contra o seu corpo, querendo protegê-la. De repente, todo o ressentimento que um dia sentira por Diana esvaziou se. O típico odor de flores que sua filha exalava, fora substituído pelo sabão de coco. Fechou os olhos por alguns instantes, acostumando-se com o novo cheiro, lembrando-se da jovem garota que corria de um lado para o outro com uma prancha de body board em mãos e um sanduíche pendurado na boca. Lembrou de quando ela era pequena e, durante as férias, viajaram para Vancouver, aproveitando a neve que caia livremente sobre suas cabeças, Diana ria, enquanto fazia bolinhas de neve em sua mão envelopada por gigantescas luvas. Foram raros os momentos como aqueles, mas que Demi para sempre preservaria dentro de seu coração. Se pudesse, voltaria no tempo e criaria mais tempo como aqueles. "Por que sou uma péssima mãe?" Demi se afastou um pouco, pousou a mão na bochecha de sua filha, a mesma que há quase cinco anos bateu. Um tapa na cara, humilhante, pois era assim que Demi se sentia, quando descobriu que Diana estava se envolvendo com um dos seus clientes. Cliente esse que era perigoso. Foi por causa de sua filha que Demi evitava ao máximo trabalhar com pessoas que tinham potencial de foder tudo.
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Desejo Proibido
RomansaLauren Jauregui uma escritora renomada, retorna ao Brasil em busca de um recomeço após a perda de sua esposa. Ela conhece a jovem Camila Cabello acompanhante de luxo especializada em mulheres. O que começou com um simples contrato entre cliente e a...