Capítulo 17

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Simone estava apenas de roupão preto, enquanto seus lábios brincavam com o pescoço de Camila.

— Você é única, puta que pariu... estou falando sério — murmurou a futura deputada, ao roçar o nariz na mandíbula da acompanhante.

— Sua conversa com aquele empresário me ajudou demais. É sério. Eu poderia casar com você.

— Não exagere, Simone — disse Camila, ao dar uma leve tapinha na lateral da bunda da empresária.

— Acho que não pegaria bem uma política casar com uma pessoa como eu. O cabelo de Simone roçou o seu nariz, antes de ambas se afastarem um pouco.

— É, talvez eu esteja exagerando, mas ainda assim, agradeço. Você é inteligente, garota.

Camila tinha o total conhecimento que Simone — mesmo que elas se gostassem verdadeiramente — jamais a assumiria, para a deputada se os eleitores descobrissem que ela estava usando um serviço de acompanhantes de luxo, poderia ser o fim total de sua carreira política. Ainda que se considerasse uma mulher lésbica e não tinha quaisquer amarras de assumir isso, seu público era mais conservador. Uma mulher do agronegócio não tinha muito por onde escapar. Em uma coisa estava certa; grande parte dos homens usava o mesmo serviço que Simone, a diferença era que, de certa forma, era mais esperado que eles fizessem e acabava não sendo tão prejudicial à imagem.

— Bem, que bom te ajudei — disse Camila.

— Mas agora...

— Você precisa ir, eu sei... foi ótima a noite, o jantar, aqui... — Foi bom mesmo.

Camila tinha gostado do jantar, realmente, foi interessante conversar com pessoas de poder e comer comida boa. Chegar no quarto e transar com Simone, não havia sido tão animador, ao menos para ela, mas foi profissional até o final. A empresária tentou explorar o seu corpo, mas ao invés de permitir aquilo, ao menos um pouco, achou incomodativo. Em geral, Camila não se abria em seus encontros, isso havia acontecido uma vez antes de Lauren e com a escritora, esperava não se arrepender. Para dizer a verdade, Lauren tinha sido a melhor transa de sua vida, mas isso poderia ser o lado emocionado dela ampliando todos os sentidos por ser tocada pela escritora que já admirava e cativava atração. Despediu-se de Simone e andando pelo corredor de tapete azul marinho, Camila se abraçou, sentindo um inesperado frio, um estranho vazio. Sua pele cheirava o perfume marcante de baunilha de Simone, o que sinceramente, não foi muito de seu agrado. Para seu infortúnio, o odor permaneceria até que chegasse em seu apartamento. Iria demorar mais ou menos uma hora ainda para chegar em casa e, pela manhã, ainda iria trabalhar. Emprego no qual se não fosse por Lauren e Demi, certamente teria perdido. Suspirou em frente ao elevador. Ao se abrir vislumbrou o reflexo contra o espelho. Seu vestido apertado e elegante em vermelho sangue, abraçava-a com desejo, apertando os quadris. A maquiagem quase inexistia, como o batom, que a essa altura já havia sido lavado pelo corpo de Simone. Apertou o andar do térreo e quando chegou na recepção, o motorista do Paraíso Éden estava a aguardando. Um brutamontes, careca, onde seu blazer estava perto de romper a costura devido à musculatura. Havia uma cruz tatuada abaixo de seu olho esquerdo, e seu bigode alongado dava-lhe a impressão de ser um canastrão, um mal-encarado, mas sempre que via Camila sorria carinhosamente. Nunca havia a destratado e sempre fora educado com ela. Ramiro era o nome dele. A acompanhante tinha até o intuito de conversar com ele durante o trajeto até Niterói, faria com que a viagem acontecesse mais rápido, menos solitária, mas para sua talvez não surpresa, Demi a ligou e prontamente, atendeu.

— Eu não vou aceitar não como resposta — começou a sua empregadora, antes mesmo de dizer um "oi".

— Desculpa? Não entendi? — perguntou Camila, um pouco confusa, no banco de trás do carro.

Desejo ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora