Capítulo 6

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                  Demi Lovato era uma mulher bem resolvida, e mesmo com dois casamentos falidos, não guardava rancor. Amou muito Alfonso — o crápula não merecia —, assim como amou muito Fernanda, que infelizmente, a abandonou após uma série de desentendimentos. Mas ultimamente, sua cabeça estava focada totalmente em seu trabalho. Ela gostava do que fazia, uma sensação de poder se apoderava dela com facilidade. O Paraíso Éden lhe dava orgulho. Talvez, fosse a única coisa, ainda que fosse mãe e ex esposa. Era no trabalho que mais gostava de estar, era fascinante exercer certo poder, principalmente, lidar com homens e mulheres que tinham igualmente essa característica.

Acompanhada pelo quadro da bela silhueta das curvas de uma mulher, Demi estava de costas para a obra de arte, sentada em sua cadeira presidencial de couro marrom, e debruçava-se sobre a mesa de madeira cor bege, enquanto se concentrava em papéis contratuais perto de seu teclado branco. Ao seu lado direito, uma estátua de ferro da torre Eiffel mostrava o seu amor pela cidade parisiense e o lado dela, um porta-retrato de sua filha.

Diana era um problema, um problema que ela amava, mas que há muito tempo parecia ter se perdido e Demi se sentiu incapaz de resgata lá. Diferente de sua empresa, não se sentia orgulhosa com a maternidade, amava Diana, apenas não amava ser mãe. Achava que por isso, seu relacionamento com sua filha e as decisões das mesmas as fizeram se distanciar.

Eram semelhantes, ainda que sua filha não tivesse saído de seu ventre, Diana era branca, com cabelos pretos e castanhos, como os da mãe, o nariz também se aproximavam, assim como os lábios bem alinhados. Diana era um pouco mais alta e com muitas tatuagens. Tinha vinte e dois anos, há dois anos estava na cadeia. Mesmo assim, a amava, ainda que desse um trabalho tremendo. Sua vontade de protegê-la aumentava a cada dia, ainda que estivesse decepcionada com a filha, mas queria dar uma segunda oportunidade para ela, afinal, fora Demi que errou. A criação de Diana não foi fácil e sendo mãe solo, as coisas pareciam ainda mais difíceis, principalmente, porque não levava jeito para a coisa. Mas, ela se esforçou, fez tudo o que poderia.

Foi com esse sentimento que abaixou os papéis, depositando a caneta dourada ao lado.

Suspirou, relaxando contra sua confortável cadeira. Seus olhos cansados passaram pelo seu escritório. Uma única espaçosa e elegante sala, com piso de assoalho claro, paredes de cor beges e grandes janelas, o ambiente era dividido em dois. Na outra extremidade da sala, em sua frente, havia um sofá cor de gelo, uma prateleira à direita do móvel, com uma máquina expresso, um frigobar vintage preto, com bebidas alcoólicas e não alcoólicas e biscoitinhos em uma bandeja de madeira ao lado da máquina. Era tudo isso oferecido às visitas, quando estavam ali para fechar um contrato ou conhecer o seu negócio, do outro lado do sofá um vaso com um lindo arranjo a separava da poltrona. Uma mesa baixa de vidro, sob um tapete preto e branco completava a parte social de seu escritório.

Levantou-se e foi em direção às janelas, a chuva torrencial no final da tarde apontava corretamente o calor absurdo que fizera durante o dia e Demi agradeceu por estar dentro do ar-condicionado. Vislumbrava as pessoas lá embaixo, correndo à procura de marquises ou lugares para se esconder, outras, nem se importavam muito, já que muitas delas haviam acabado de sair da praia. Não muitas quadras dali a praia do Leblon aguardavam turistas, moradores da região e visitantes.

Lembrou do quanto Demi amava a praia e sempre chegava lotada de areia em sua cobertura, sujando todo o piso de porcelanato. Demi ficava furiosa, mas isso levava apenas alguns segundos, pois sua filha sempre trazia docinhos da padaria e a abraçava como ninguém conseguia.

Ainda se lembrava, quando seu ex-marido a trouxera, tinha apenas dois anos, era pequena, como uma boneca. Demi sentiu um pouco de estranheza ao recebê-la em casa, nunca pudera ter filhos, mas sempre foi o desejo de Daniel ser pai, então, abraçou a ideia de ser mãe. Afinal, eles se amavam, ao menos, Susan achava isso.

Desejo ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora