Capítulo 21

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O belo domingo estava de bom humor, fresco e com nuvens brancas e gorduchas deslizando pelo céu, devido ao vento que passeava entre as folhas das árvores antigas de Santa Tereza; um ótimo dia para visitar o bairro turístico e boêmio. Lauren estava no banco de trás, observando os casebres e os sobrados conforme subia as ruas estreitas de pedra, a grande maioria deles tinha um quase aspecto de abandono, passava por uma ou outra fachada revitalizada e era tão absolutamente belo vê-la que seus olhos afiados tentavam buscar os mínimos detalhes, —para quem sabe depois descrever os lares ao estilo coloniais ou os prédios baixos dos anos quarenta, cinquenta Ao seu lado estava Camila, suas mãos se tocavam, enquanto imersas entre o concreto e a floresta subiam mais o morro, até que pararam em frente a um belo restaurante, seguindo o mesmo padrão de beleza das casas passadas. A diferença era o lindo jardim que rodeava a casa e era protegido por antigas grades de ferro. O jardim foi arrumado de tal maneira que toldos, cadeiras, mesas e um bar externo fossem encaixados para que a clientela pudesse usufruir do lindo local em meio aos garçons vestidos de camisas floridas. Saíram do carro particular de aplicativo juntas e lado a lado, adentraram no restaurante, onde os portões estavam adornados com galhos de maracujá e, acima delas, um teto de arame guardavam as frutas grandes e amarelas. O aroma era uma delícia.

— É bem bonito aqui — comentou Camila, ao olhar a grande casa de três andares de cor azul clara.

— É verdade — concordou Lauren. A metre se apresentou para as duas e fez as típicas perguntas para melhor acomodar as duas clientes.

— O que você me diz? Aqui fora ou lá dentro? — perguntou Lauren para a acompanhante, fazendo a metre aguardar alguns instantes.

— Hmm... Acho que aqui fora, tá fresco... E é tão bonito.

— Perfeito!

— A escritora ofereceu um sorriso para Camila, ao colocar a mão na base de sua coluna. A metre as guiou para uma mesa de dois lugares, um pouco mais afastada, talvez percebendo a intimidade entre as duas mulheres. Ao se sentarem, dois cardápios foram dados para elas e tomaram cerca de dez minutos para escolher seus pratos e as bebidas. Camila escolheu uma caipivodka, já Lauren preferiu um gim tônico, refrescante e leve.

— Sempre quis vir aqui, mas nunca tive a companhia perfeita, bem, até agora — admitiu Lauren, usando o seu melhor flerte. Desde a última vez que se viram, a escritora queria se tornar mais audaz, ansiava por conquistar Camila e esperava ansiosamente para que os seus contratos acabassem e finalmente, estaria livre, para assim, quem sabe viver algo, talvez, mais significativo.

— Obrigada por me trazer aqui.

— Então, me diz, como vão as coisas? Sua irmã? As pinturas? — indagou Lauren, curiosa para saber da vida de Camila, achava que talvez pudesse ter esse direito, afinal, juntas já atravessaram tantos limites.

— Eu quero te agradecer, desde que você me colocou em suas redes sociais, muitas pessoas vieram até mim. Eu tô com tanta encomenda que tive que colocar algumas pessoas na fila de espera. Pelo que vejo, já estou ganhando bem mais do que estou fazendo na livraria, acredito que em breve eu saia de lá também e me concentre apenas nas pinturas, porque eu ainda tenho as duas galerias. Lauren sorriu.

— Eu estou orgulhosa de você, Camila — disse a escritora, ao pegar a mão de Camila sobre a mesa e levá-la até os lábios, beijou-a levemente, antes de acariciá-la com o queixo. A pintora sentiu suas bochechas arderem em timidez quando ouviu o elogio, colocou uma mecha de seu cabelo de fogo atrás da orelha e reprimiu um sorriso.

— Estou um pouco insegura de que não dê certo, ou que não mereça isso — admitiu Camila em uma voz baixa.

— Eu compreendo isso, mas você merece. Se chegou até você, é porque merece. Aproveite. É normal a insegurança, como disse, até hoje eu tenho. Artistas costumam se sabotar e serem seus piores e maiores críticos.

Desejo ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora