Capítulo 12

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A noite chegava lá fora e Camila observava a brisa quase imperceptível, balançando as folhas dos coqueiros ainda nanicos. Os insetos que eram adoradores de luzes também cercavam os postes pretos e pequenos que acendiam pouco a pouco, devido à falta de luz natural. Duas mulheres vestidas de branco e bege passeavam pelo caminho de pedras enquanto conversavam. Uma delas segurava uma prancheta de anotações, enquanto a outra, uma grande bola embaixo do braço. Parecidas com aquelas que se usavam em aula de ioga ou pilates. Sobre o colo de Camila, descansava uma xícara de chá fervendo e intocada. Sentada na típica poltrona sob a janela do quarto de sua irmã, a acompanhante repassava os acontecimentos de seu dia em sua cabeça. As memórias se prendiam à sua mente como garras e não queriam mais sair. Desde o desprazer de encontrar Diana, a conversa e a troca de afago que tivera com Lauren, sentiu muitas emoções em um só dia e aquilo a perturbou. Ouviu o virar da página do livro e seguiu o som, onde viu sua irmã, recostada na cama. Estava ela com a ponta no dedo da boca, pronta para tirar a próxima lasca de unha, e seus olhos fixavam-se na página seguinte.

— Você precisa me mandar mais livros. Eu vou morrer de tédio aqui — comentou Sofi, antes de fechá-lo. Mais um livro foi consumido em poucos dias. As duas tinham que agradecer à sua mãe, foi dela o incentivo da leitura voraz.

— Mas você tem tantas atividades na clínica.

— São chatas, tudo é chato. Todo mundo vem com esse papo escroto de superação. Já haviam falado para Camila que isso poderia acontecer. A irritabilidade de ficar "presa" dentro da clínica, ainda que ela não estivesse. Não era um tratamento compulsório, a pessoa ficava ali porque ela queria e se quisesse simplesmente ir embora, também poderia, mas Sofia sabia que lá no fundo isso era para um bem maior.

— Eu sei, acho um saco também. Mas, agora, falta só metade do tratamento, você tá indo bem — disse Camila.

— Para com isso, para de ser que nem eles — respondeu Sofia irritada.

— Só estou tentando ajudar, ... — Suspirou Camila.

— Olha, você quer sair daqui, não quer?

— Pra caralho.

— Eu também quero. Então, para você sair daqui é preciso ficar bem, se curar. Ficar até o final e aí, pronto...

— Bateu a mão uma contra a outra, como se estivesse limpando alguma poeira remanescente.

— Você vai estar livre.

— Eu já estou bem. Camila sorriu, sua irmã soou como ela. Levantou-se e deitou-se de bruços ao lado de...

— Eu sei, mas você precisa ter um pouco mais de paciência, até completar o programa

— Eu não acho justo, não sou mais uma criança. Eu sinto que estou roubando a sua vida, sendo uma sanguessuga — proferiu, com os olhos cheios de lágrimas.

Camila abraçou a cintura de sua irmã, que retirou o livro de suas coxas e assim, o cabelo de chamas substituiu-o, pois sua cabeça repousou em descanso.

— Eu estou bem.

— Você é uma mentirosa — disse Sofia, ao correr suas unhas pelo couro cabeludo de Camila. Ela fechou os olhos, aproveitando o carinho, um agradável arrepio chegou em seus braços, relaxando-a no mesmo instante.

— Não sou, é apenas o hábito. Mas é sério, eu consigo fazer isso. Eu quero ficar bem e para isso, preciso que você fique também, Sofia.

— Bem, eu estou bastante entediada, então você pode me contar o que está passando nessa cabeça aí.

— Lauren...

— Hmm... eu sabia que ela teria um impacto em você.

— Ela não sai da minha cabeça. Eu estou gostando dela, é a primeira vez que isso acontece, desde que comecei com esse trabalho. apenas isso, faz muito tempo desde que não sinto isso. Mas, ela é uma cliente, jamais me olharia de forma diferente, além disso, não posso sair desse emprego, enquanto...

Desejo ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora