Capítulo 15

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"Maldita cidade, maldito calor!" As palavras sobrevoaram sobre a mente irrequieta de Lauren, enquanto andava depressa pela calçada com diversas fachadas de loja. Por vezes, quando passava por uma, seu corpo sentia o ar-condicionado saindo delas e era nesse instante que a escritora puxava o ar profundamente, já que o da rua estava quente e seco. Era como se ela quisesse, por alguns segundos, congelar seus pulmões e se resfriar por dentro. Lauren sentiu falta de Londres e de seu céu totalmente nublado, sentiu falta da irritante chuva, e principalmente dos bares, adorava parar neles em uma noite fria para tomar um bom whisky ou vinho, escolhas que eram feitas de acordo com o humor de sua mulher. "Por que vim para o Brasil? Coisa idiota de se fazer. Mas era necessário, não era?" começava a se questionar. A preocupação fazia isso com ela. O nome de sua preocupação era Camila, só poderia ser. Não sabia se isso era saudável ou não, ela não tinha ideia, na realidade, tinha sim. Aquilo lhe faria mal depois, pois estava se importando por uma acompanhante de luxo. Um alguém cujo trabalho era entreter, estar com outras pessoas, não criar laços. Camila tinha a alertado disso, era perigoso e isso a deixou assim, andando em passadas apressadas, enquanto derretia no calor de Niterói. Ao atravessar a rua em uma corridinha apressada, não se deu conta da aproximação veloz de um carro. Foi apenas quando chegou do outro lado que ouviu a buzina cantar, pois certamente pegara o motorista de surpresa. Ela apenas virou o tronco para trás e esbravejou: — Tem uma faixa de pedestre, seu otário! Era um comportamento atípico de Lauren, gritar por aí, xingando os outros, mas ela estava irritada. Pelo calor e pela preocupação. Ela havia ligado cerca de seis vezes para Camila. SEIS VEZES. Provavelmente, a jovem mulher acharia uma lunática obsessiva, Lauren viu o quão transtornada e pálida Camila ficou ao receber o telefonema. Havia prometido para Camila que não mais iria ao seu local de trabalho, mas estava aflita, queria ter certeza que tudo estava bem. Uma parte de sua racionalidade avisava para ela que estava enfiando os pés pelas mãos, mas a escritora ignorava esse sentimento. Quando abriu as portas de vidro da Livraria de Biblioteca de Alexandria gemeu em felicidade, pois foi cercada com o frescor de seis ar-condicionado que ficavam no alto pé direito da loja. Chegou até mesmo a se arrepiar. Seus olhos atentos buscaram Camila, mas não estava em nenhum lugar a ser vista, talvez ela pudesse estar nos fundos das lojas, entre as imensas prateleiras de livros que formavam um corredor de romances e histórias mirabolantes. Mas, para sua surpresa, quando virou para um desses corredores, encontrou o gerente de testa sebosa e bigode ligeiramente amarelado e Demi.

Demi estava de frente para o gerente e Lauren atrás dele, foi inevitável; os olhares se encontraram. Um crescente pânico se alastrou pelo seu corpo. "O que ela estava fazendo aqui?!" "Será que alguma coisa havia acontecido com Camila?" "Será que ela estava aqui para prejudicar Camila?!" "Não... Demi era protetiva."

— Senhorita Jauregui... — disse Demi ao cruzar os braços e levantar uma das sobrancelhas. O gerente se virou, surpreso. Ergueu as duas sobrancelhas peludas, para depois, ajustar os óculos.

— Senhorita Jauregui! — Surpreso, continuou. — O que devo a honra? Veio falar da minha proposta? Espera, vocês se conhecem?! — ele franziu o cenho.

— Niterói é um lugar pequeno — respondeu Demi atrás dele.

— Eu estava procurando por Camila. — Engraçado, Camila parece estar ficando famosa entre as mulheres. — O tom cínico do homem foi ouvido pelas duas mulheres.

— Senhorita Demi estava me explicando que ela não pôde vir hoje. Problemas pessoais. Apenas espero que ela não traga esses infortúnios para a minha loja — reclamou o gerente.

— Eu tenho certeza que ela não irá — certificou Lauren.

— Eu estava com ela quando recebeu a ligação — expôs, arrependendo-se logo em seguida, pois Demi a olhou confusa, mas apenas uma fração de segundo, antes moldar a máscara de indiferença, mas Lauren sabia que disse mais do que devia.

Desejo ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora