Min Hae-rin, coreana de 26 anos e técnica de som na Hype há cinco anos. Hae-rin é infeliz com o seu trabalho pois sempre foi completamente desligada do mundo do KPOP, enfatizando que acredita ter nascido no país errado.
Após uma mudança de estrutura...
Já era fim de Janeiro, e o frio ainda estava insuportável em Seul. O ar era extremamente gelado, minha pele sempre ficava muito irritada e ressecada, e eu sempre precisava sair de casa enrolada em mil casacos pra não passar frio durante o todo o meu percurso até o escritório. Eu fazia o mesmo caminho todos os dias. Andava do meu prédio até o ponto de ônibus, descia na estação mais próxima e depois pegava o trem indo até o escritório da Hybe. Eu me sentia péssima tendo que pegar transporte compartilhado carregando um milhão de coisas. Acho que no fundo minha maior raiva do frio era exatamente essa, considerando que eu sempre levava muitas coisas comigo. A maioria das pessoas nem se quer ofereciam ajuda, e eu sempre ia o caminho inteiro em pé tentando revezar entre uma sacola e outra pra conseguir pelos menos me manter em pé enquanto o motorista pisava no acelerador. Eu odiava a ideia de não ter condição nenhuma de ter um carro, e enquanto eu não conseguisse alcançar meu objetivo profissional, não tinha o que eu fazer.
Se fosse só isso, o cenário ainda seria perfeito. Eu ainda tinha que conviver por mais de 10 horas do meu dia todos os dias com homens metidos a ídolos que faziam milhares de meninas saírem gritando por eles sem nenhum motivo coerente. Não entrava na minha cabeça e muito menos tinha lógica pra mim como um homem de quase 30 anos nas costas conseguia fazer tantas meninas surtarem só por cantar bem. Eles nem eram tão bonitos, e eu tinha que suportar trabalhar com eles como se realmente gostasse. Eu até gostava do que eu fazia, só não gostava do contexto geral do meu trabalho. Meu foco trabalhando ali era um só, já que o que eu mais me via era trabalhando fora do país com músicos que eu realmente admirava. Eu sempre disse que acreditava ter nascido no país errado, e mesmo trabalhando com esses grupos bem famosos, eu nunca nem se quer tinha saído do país. Nada que me brilhasse os olhos a não ser a ideia de um dia conseguir ir embora daqui.
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Min Hae-rin, 26 anos. Coreana, nascida e criada em Seul. Apaixonada por música mas que detesta o KPOP.
Eu convivo com música desde que eu nasci. Meu pai desde pequena sempre colocava músicas internacionais pra eu escutar, e deve ser por isso que eu não suporto escutar músicas coreanas. Sempre ouvi os melhores, e me sangram os ouvidos ter que escutar essas músicas melancólicas de homens que acham que sabem de alguma coisa da vida. Precisei começar a trabalhar cedo, afinal, meus pais nunca tiveram muita grana, e eu por ser muito ambiciosa, logo fui atrás do meu. Virei estagiária em uma das maiores empresas de KPOP em Seul e aprendi muito sempre fazendo de tudo um pouco. Na primeira oportunidade que surgiu internamente, me encontrei como técnica de som e me apaixonei ainda mais pela música desde o princípio da gravação até o lançamento.
E você tá se perguntando, afinal, o que ela faz? Eu sou aquela staff que coloca os fones e ajusta os microfones para os ídolos. Parece ser chato, né? Mas eu realmente acredito que trabalhando com isso já é uma grande porta para eu conseguir realizar meu maior sonho que é ir embora. Não tenho uma ligação direta com a música como eu gostaria de ter, mas tenho certeza que abraçando o máximo de conhecimento possível eu consigo alcançar meu objetivo. Eu sou ambiciosa ao nível de me ver trabalhando com cantores mundialmente famosos, e não com grupos de KPOP. Meu trabalho sempre foi dentro do estúdio. Gravações, ensaios, esse tipo de coisa. Apesar de parecer tranquilo, meus dias eram completamente corridos e insanos. Eu sempre pulava de agenda pra agenda, ajustava todos os fones e microfones, e acompanhava todas as gravações com a certeza que o som estava saindo perfeitamente bem.
