Boleskine

Um dia antes

Na véspera de Samhain, logo cedo, o viajante arrumou suas coisas e seguiu. Estacionou à beira do lago, perto de uma mesa de piquenique. A cena era exatamente a mesma da carta da Estrela.

Caminhou pela beira do lago até encontrar uma tal de Change House, ruínas de um local onde viajantes trocavam seus cavalos para seguir em frente. Atravessando a pequena estrada, dirigiu-se à chamada Witch 's Cottage, ruínas abandonadas de uma pequena casa na beira da estrada, cobertas de mato e sem qualquer importância aos poucos que por lá passavam. Trouxe de lá uma pequena pedra, como lembrança.

Seguiu em direção a Foyers, até a entrada da tal Boleskine House, onde foi recebido por Keith, proprietário local, Não estava aberta à visitação, mas fez uma exceção ao peregrino de tão longe.

Keith lhe mostrou cada aposento, contou histórias e seu propósito. Não era um ocultista, mas um estudante de filosofia e estudos religiosos da Universidade da Flórida Central, com mestrado em Pesquisa em Teologia e Estudos Religiosos da Universidade de Amsterdã, na Holanda. Um teórico, portanto. Interessado no esoterismo ocidental moderno e contemporâneo. Considera o ocultismo um fenômeno religioso da modernidade, cuja análise histórica dos séculos XIX e XX contribuem para a mudança de atitudes na experiência religiosa, sexualidade e corpo, ciência e tecnologia. Além das atividades acadêmicas, se envolve em empreendimentos artísticos e na estética do mundo natural, enfatizando a hospitalidade e suas próprias pesquisas independentes. Autônomo no mercado imobiliário, reforma casas.

Juntando tudo isso, lá estava ele em Boleskine. Mostrou todo o entorno, casa e terreno, história de todos os que por lá passaram. Na despedida, recebeu uma pequena contribuição e retribuiu ao viajante com uma pedra de granito, retirada do chão da sala 6 da casa, chamada também de Abramelin.