A Cabana da Bruxa

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As ruínas ficam do lado oposto da estrada junto ao ponto de piquenique de Change House, de frente para o lago, oposta ao Urquhart Castle.

Era exatamente no lugar da cena da carta da Estrela. No mapa, chama-se Lochness View, perto de Whitefield e a 8 quilômetros ao norte de Boleskine.

Do lado oposto na estrada onde está Change House há uma casa do século 18 onde os viajantes trocaram seus cavalos. Você ainda pode ver suas ruínas. Uma bruxa de má reputação e um olho maligno viveu aqui entre 1820 e 1885. Grande causadora de problemas, sua morte foi um alívio para a paróquia.

Esta frase está num folheto de um albergue local, chamado Balachladaich. É a única referência a essa construção em toda a Internet. Perguntando sobre isso no grupo especializado nas bruxas da Escócia em uma rede social (), ninguém soube responder.

Na Escócia, a perseguição às mulheres acusadas de bruxaria foi uma das mais severas da Europa. Entre os séculos XVI e XVIII, estima-se que cerca de 4.000 pessoas, em sua maioria mulheres, tenham sido julgadas por bruxaria, e aproximadamente 2.500 delas foram executadas. Essas mulheres, muitas vezes curandeiras e parteiras, eram acusadas de feitiçaria com base em medos supersticiosos e um rígido controle social imposto pela Igreja e pelo Estado.

Em Edimburgo, a The Witches' Well, uma pequena e discreta fonte memorial no Castelo de Edimburgo, serve como um lembrete sombrio dessas atrocidades. Localizada na área onde muitas mulheres foram queimadas ou enforcadas, a fonte simboliza o sofrimento e a injustiça enfrentados por essas vítimas. Criada no final do século XIX, o memorial é um dos poucos reconhecimentos públicos das execuções em massa ocorridas durante os julgamentos de bruxas.

Outra lembrança da perseguição está no místico cenário da Witch 's Cottage, às margens do Lago Ness. Diz-se que esta cabana foi o lar de uma mulher acusada de bruxaria que viveu isolada após a condenação social. A cabana é cercada de lendas e, embora muito da sua história se perca no mito, ela simboliza o medo e o preconceito que cercavam essas mulheres, além de ter se tornado um ponto de curiosidade turística e reflexão sobre os erros do passado.

A Escócia, como muitas outras nações, tem sido relutante em lidar abertamente com o seu legado de perseguição às bruxas, especialmente quando se considera a participação ativa da Igreja Calvinista na caça às bruxas. Durante os séculos de fervor religioso, a Igreja desempenhou um papel central ao promover o medo das forças do mal e ao incentivar julgamentos e punições. Até hoje, o tema permanece sensível e muitas vezes subestimado na história oficial do país.

Contudo, essa resistência começou a mudar com o apoio de figuras proeminentes da política escocesa. Em 2022, a então primeira-ministra Nicola Sturgeon fez uma declaração oficial pedindo desculpas às vítimas da caça às bruxas na Escócia. Em seu discurso, Sturgeon reconheceu que as mulheres, em especial as mais vulneráveis e marginalizadas, foram injustamente acusadas, torturadas e mortas em nome de crenças supersticiosas e medos infundados. Ela enfatizou a importância de reconhecer esse passado sombrio como uma forma de honrar as vítimas e aprender com os erros históricos. A postura de Sturgeon marcou um passo significativo para a Escócia no enfrentamento de seu legado de perseguição e violência contra mulheres.

Embora seja difícil apagar as cicatrizes desse período, a crescente conscientização e os esforços para reconhecer as injustiças cometidas são passos importantes para a reconciliação. A história das mulheres acusadas de bruxaria na Escócia, representada por lugares como The Witches' Well e The Witch's Cottage, continua a ecoar como um lembrete de um tempo em que o medo e o preconceito dominavam a justiça, e o reconhecimento oficial dessas atrocidades oferece um caminho para a cura.

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