Muita coisa aconteceu em pouquíssimo tempo. O peregrino havia desembarcado em Edimburgo já no final da tarde, alugado um carro no aeroporto e, ao invés de partir para Glasgow, pôs-se imediatamente em direção ao Lago Ness, a 270 km dali. A estrada era escura e foi ficando cada vez mais estreita. A rodovia pavimentada que circundava o Parque Nacional de Cairngorms deu lugar a uma pequena estrada de terra em direção à floresta de Errogie, onde só cabia um veículo por vez e o celular não tinha sinal. A localização por GPS também era muito precária, naqueles caminhos escuros e estreitos. O destino era um tal de Forester's Lodge - basicamente uma casa fechada e aparentemente deserta. Já era quase meia noite, sem lua, quase na data de Samhain. Seguiu em frente, beirando o Lago Ness até chegar a um antigo cemitério. Dando meia volta, a 50 metros dali, estava a entrada de uma certa casa. Deu meia volta e parou em frente ao portão de ferro. Em uma das colunas negras estava escrito em letras douradas: Boleskine House. Ao lado do portão havia uma espécie de casa de caseiro. As luzes se acenderam e o ocupante, de lá de dentro, perguntou quem era. O viajante respondeu, pedindo desculpas pelo horário, se apresentando e perguntando se poderia retornar no dia seguinte. A resposta foi afirmativa. Então seguiu de volta a Errogie, para bater na porta do albergue Forester's. Atendido dessa vez, se instalou e dormiu.
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Boleskine
Non-FictionAs ruínas de uma casa e as ruínas em uma vida. A queda do peregrino, o final de um ciclo e a esperança de reconstrução. Um encontro com as profundezas no interior da Escócia.
