Duas semanas depois... São Paulo, Brasil.
MaiaraOuço a Marilia abrindo a porta e então me empurra suavemente para dentro.
Uma mão está cobrindo meus olhos e a outra segurando a minha cintura. Eu rio, ondas de amor explodindo em meu peito.— Pronta? — sua voz tem um toque de diversão bem no meu ouvido.
— Você sabe que sim. Pare com o suspense, por favor. — reclamo com um sorriso de criança recebendo seu presente de Natal antecipado.
— Eu imaginei que sim, pequena bailarina. — murmura, dando um beijo suave em meu pescoço e enfim, retira a mão dos meus olhos. O amplo cômodo está reluzindo em todas as superfícies. Meu coração salta com força, vertiginosamente. Meus olhos se enchem de lágrimas de pura felicidade. É o estúdio mais bonito e requintado em que já pus os olhos, então caio em prantos. Não sei o que está havendo comigo, ultimamente até filmes de comédia me fazem chorar. Meu Deus! Eu rio entre lágrimas. Seus braços enrolam em minha cintura e ela fuça minha nuca, deslizando o nariz com suavidade.
— Isso significa que você gostou? — sussurra ternamente em meu ouvido.
Engasgo. Eu acho que ela me ama. Tenho sentido isso em cada olhar, cada toque, cada palavra que trocamos no último mês. Marilia Mendonça me ama. Uma felicidade sem tamanho se espalha em meu íntimo. Viro meu rosto para o seu e lhe dou um breve beijo na boca.
— Eu amei. — olho-a apaixonada, louca para lhe dizer as três palavras. — Eu amo tanto, Marilia... — minha coragem me abandona no último momento. Os olhos verdes cintilam, quentes e fixos nos meus. Minha voz sai emocionada, não consigo evitar, quando completo: — Obrigada. Não sei nem o que lhe dizer ou fazer para agradecer.
Um sorriso lindo e completo se abre em sua boca.
— Posso pensar em várias coisas que pode fazer para me retribuir, baby. — sua voz é sedutora e perversa ao mesmo tempo. — Mas, no momento, você poderia dançar para mim? Estou louca para ver a minha pequena bailarina em seu elemento.
Eu rio, parecendo uma menina boba. Quer que eu dance para ela. Uma mulher fria, dura como Marilia Mendonça, quer me ver dançando balé, uma dança considerada tediosa para a maioria das pessoas. Sim, eu sei que tenho tocado seu coração. Sinto isso.
— Podemos providenciar isso, senhora Mendonça. — ronrono e me desvencilho dela, andando em direção à enorme parede espelhada na lateral onde há uma barra de exercícios. A parede do fundo é toda de vidro, como na biblioteca e outros cômodos desse lado da mansão. Um estofado branco em forma de L com almofadas vermelhas e amarelas dá um toque alegre à sobriedade do ambiente clássico. Um divã em couro negro e sofisticado está bem do lado da vidraça. Tem uma vista encantadora para o lago também, onde cisnes brancos e negros estão deslizando nas águas plácidas nesse exato momento. Parece uma moldura contra o pôr do sol. Suspiro, limpando meu rosto. Uau! É perfeito! A Marilia não me deixou entrar aqui enquanto a equipe estava reformando, queria que fosse uma surpresa. E está sendo. Só na escola de Nova Iorque vi um estúdio tão moderno e equipado. — Tudo ficou lindo demais. — digo, olhando-a por cima do ombro. — Você exagerou, no entanto. Era só um espaço para eu me exercitar e não virar uma baleia rapidamente, dado o ritmo com que estou engordando longe dos treinos.
Ela ri, a risada profunda fazendo coisas más comigo e minha libido. Enfia as mãos nos bolsos do seu típico macacão social dessa vez vinho e anda para mim, toda elegante, os cabelos soltos e jogados para um lado só. Fica linda com cores escuras. Como pode ser tão intimidante e linda ao mesmo tempo? Deus, estou tão apaixonada por essa mulher. Babo nela, não escondendo como a desejo. Seu olhar fica mais intenso, penetrante, então ela para na minha frente. A dor da excitação começa a latejar entre minhas coxas.