CAPÍTULO 19

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Uma semana depois...

Marilia

Eu levanto meu filho do berço e ele se derrete em sorrisos para mim. Já me conhece pelo vínculo forte que criei com ele desde o seu nascimento, há dois meses. Está enorme, rechonchudo, nem parece ter nascido de sete meses.

- Ei, meninão! Você já está de banho tomado, hein? Não esperou por mim?
- ele ri, enfiando o punho na boca e indicando que está pronto para a mamada matinal. - Seu pequeno guloso. A mamãe já deve estar vindo buscá-lo. - seu sorriso vira uma risadinha, como se entendesse a notícia e a apreciasse. Sorrio também, toda boba. Eu o aconchego contra o peito e vou para a sacada tomar um pouco do ar da manhã. Olho o belo jardim da minha avó, quando chego à balaustrada.

Lucca está animado, fazendo pequenos barulhos infantis. Beijo sua cabecinha e fico assim, sentindo-o junto a mim. Meu coração está destroçado, uma dor que nunca vai embora porque sei que em breve não vou poder vê-lo todos os dias. Esses momentos nossos, que cultivei com ele desde o dia em que nasceu, estão prestes a serem quebrados. Quando a Maiara me disse que ia embora com o Hugo para o Rio na semana passada, eu enlouqueci. Saí completamente da linha, chegando ao ponto de ir até a casa do infeliz e lhe dar uma surra. Bem, na verdade, saímos na porrada, ele me acertou alguns socos, mas, no cômputo geral, sua cara de galã de novela da porra da Globo ficou muito mais danificada do que a minha.

O resultado do meu descontrole é que a Maiara não está mais falando comigo. Nossos encontros no quarto de Lucca, os momentos em que parecíamos mais próximas compartilhando o amor pelo filho que geramos juntas, foram abortados. Ela pega o bebê e o amamenta em seu quarto agora, me ignorando como fez durante a gravidez. Eu morro um pouco mais a cada dia que passa. Ontem, Chris me informou que ela está comprando um tríplex no Leblon. Está falando sério mesmo, vai embora. Está me cortando da sua vida, indo para longe com o meu filho. Meu Deus, então é isso? Vou perder a mulher da minha vida? Não há nada que eu possa fazer? Pergunto para o céu, angustiada.

Um movimento do meu lado me faz virar a cabeça. É minha avó. Ela sorri amorosamente para mim e em seguida para o seu adorado bisneto, então nos beija na bochecha.

- Bom dia, filha. - diz suavemente e pega Lucca de mim. - E você, mini
Marilia? Conte para a bisa como passou a noite, meu amor.

Ele ri para ela, os olhos castanhos encarando-a com interesse, voltando a fazer os sons de euforia infantil. Mesmo com tão pouca idade, já gosta da atenção que recebe de todos nós. Chris está tão babão quanto eu, até mesmo a marrenta da Lauana tem, surpreendentemente, aparecido para ver o sobrinho com frequência. Eu enfio as mãos nos bolsos e suspiro, olhando ao longe, sem realmente ver nada.

- Bom dia, senhoras. - eu não me viro ao ouvir a voz da babá. - A senhora Maiara pediu para levar Lucca para amamentá-lo.

Minha avó o entrega e dá um longo suspiro, que fala da sua tristeza com essa situação.

- Ela vai mesmo embora, vovó. - minha voz sai dolorida. - Eu vou morrer sem ela, sem poder ver o meu filho todo dia.

Ela toca o meu braço suavemente, me fazendo olhá-la de lado.

- Ela perdeu a fé em você, filha. - ela me diz com pesar. - Eu gostaria de lhe garantir que tudo vai se resolver entre vocês, mas não tenho essa certeza. Infelizmente.

Porra. Ouvir isso só afunda ainda mais o punhal em meu coração.

- Está me dizendo que não importa o que eu faça ela nunca irá me perdoar?
- minha voz é tão miserável que seu olhar de pena se intensifica. - Eu perdi a mulher que amo para sempre?

O Acordo ( G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora