The Rivals (Rebeca Andrade & Simone Biles)

22. I'm Still So Blue...

Hello, meus amores! Como vocês estão? Espero que muito bem.

Meu pico de inspiração bateu e decidi aparecer mais cedo do que deveria com esse capítulo pra vocês. Aviso que pode trazer alguns gatilhos, mas tentei buscar o equilíbrio suficiente para abordar tudo com atenção e espero que apreciem todo o capítulo. Não deixem de comentar, deixar a estrelinha nos capítulos e também apoiar a obra.

Sem mais delongas, desejo uma boa leitura!

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Houston, Texas - EUA
Sexta, 31 de agosto 03:30 PM

O vestiário estava silencioso, exceto pelo som distante de água pingando, e o eco suave dos passos de Júlia ao entrar no local. Seu corpo ainda estava fraco, sua mente envolta em uma neblina de confusão e desejo reprimido. A manhã estava apenas começando, mas o caos em seu interior a fazia sentir-se à beira de um colapso. A garota passou mal ao longo do treino, a lembrança do sonho da noite anterior misturando-se com as imagens vívidas do beijo roubado na boate. O toque dos lábios de Shilese ainda queimava sua pele, e, por mais que tentasse se afastar desses pensamentos, eles a perseguiam como um vício do qual não conseguia escapar.

A cada passo que dava, sua respiração parecia pesada, como se o ar ao seu redor fosse denso demais para ser respirado com facilidade. Ela queria sumir, se esconder, talvez pedir para que Deus apagasse tudo o que havia acontecido. Mas o desejo era maior que qualquer coisa que já tinha sentido antes. Era visceral, insuportável. E a culpa que pesava sobre seus ombros, por mais que tentasse silenciá-la com preces, não a afastava do que ela mais queria.

Quando seus olhos cruzaram o ambiente, o coração disparou ao perceber que quem menos desejava ver estava ali. Shilese Jones, casual, de costas para si, vestida em seu uniforme de treino, mas carregando uma presença tão intensa que parecia dominar o ambiente. Tudo ao redor de Júlia se dissolveu naquele instante; não havia mais ruídos, não havia mais som além do pulsar do próprio coração. A fraqueza em suas pernas aumentou, o mundo girou de maneira perigosa, e antes que pudesse fazer qualquer coisa para se firmar, seu corpo cedeu. O desmaio foi rápido, súbito, e ela caiu em direção ao chão.

Mas não chegou a tocar o chão.

Braços a seguraram no ar, impedindo-a de colidir com a frieza do piso. Quando a brasileira abriu os olhos, o mundo parecia embaçado, mas a única coisa clara era o rosto da estadunidense, tão próximo, tão real. Ela estava em seus braços, sentia o contato dos músculos firmes sob o uniforme enquanto a sustentava com facilidade. Por um segundo, Júlia ficou paralisada, hipnotizada pela sensação de segurança e calor que a envolvia. O toque de Jones em sua cintura era forte, protetor, mas também carregava uma intensidade que logo reconheceu de imediato. Não era um gesto meramente gentil - havia algo mais profundo, algo que ambas tentavam, mas falhavam em reprimir.

Os olhos de Shilese estavam fixos nos seus. A troca de olhares foi eletrizante, como se o mundo houvesse parado de girar e o tempo existisse apenas para as duas. Não havia palavras entre elas, apenas o silêncio carregado de desejos não ditos, de tensões não resolvidas. Jones não disse nada, mas sua expressão mostrava tudo. Júlia, sentindo o aperto firme dos dedos da maior em sua cintura, tremeu, completamente vulnerável e à mercê daquele momento.

A pressão dos dedos da americana aumentava levemente, mas o suficiente para deixá-la tensa, o suficiente para que um arrepio intenso corresse por sua espinha. O toque firme na pele fina de sua cintura não só a fazia tremer, como também a deixava mole, entregue àquela força que a dominava. Júlia sempre tentara se controlar, sempre lutara contra qualquer sentimento que se afastasse do caminho que acreditava ser o certo. Mas naquele instante, sua resistência desmoronava como areia levada pelo vento. Cada toque, cada olhar profundo de Jones a fazia questionar tudo o que acreditava. Como algo tão errado podia parecer tão inevitável, tão irresistível?