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O sol nascia sobre Recife, sinalizando o início de uma nova semana. Para Cecília, essa segunda-feira trazia um misto de alívio e inquietação. Apesar de a semana passada não ter sido tão terrível, pois Regina a visitara todos os dias, o que as aproximou ainda mais, algo ainda corroía a mente de Cecília. O castigo havia acabado, mas sua mente estava longe de estar em paz.

As perguntas sobre o Império e a Imperatriz das Sombras não a deixavam descansar. Por que essa figura sombria parecia estar sempre por perto, salvando-a em momentos críticos? E o que realmente acontecia com os criminosos depois? Eram mortos ou simplesmente neutralizados? A Imperatriz era um ser de puro mal ou uma justiceira nas sombras?Cecília não conseguia ignorar essas perguntas, que agora dominavam sua mente.

A obsessão começou a consumir seu tempo. Durante as aulas, sua mente vagava, retornando sempre aos mesmos pontos nebulosos. À noite, ela se isolava em seu quarto, navegando por fóruns e sites obscuros, buscando respostas que, até então, lhe escapavam. Seus olhos ardiam pela falta de sono, mas isso não a detinha. Guilhermo, confiando que o castigo havia sido uma lição suficiente, não percebia o quanto a inquietação crescia dentro dela.

Em uma dessas madrugadas de insônia, Cecília encontrou um fórum que discutia o Império e, para sua surpresa, mencionava crimes limpos de maneira semelhante ao que ela já havia testemunhado. Ela sentiu um frio percorrer sua espinha. Aquilo não era coincidência. A rede por trás da Imperatriz era imensa, e agora estava muito mais próxima do que imaginava.

Aos poucos, o sono se tornou um luxo que ela não podia mais se permitir. Seu desempenho nas aulas começou a cair, e até seus colegas notaram o comportamento errático. Certo dia, a professora Rodrigues a chamou após a aula.

— Cecília, você parece exausta. Está tudo bem?

Ela hesitou, lutando para manter a fachada.

— Está tudo bem, só estive estudando muito, professora.

A senhora Rodrigues franziu o cenho, mas não pressionou. Apenas recomendou que Cecília cuidasse melhor de si. Mas, para Cecília, as respostas que buscava eram muito mais importantes que o próprio bem-estar. Ela não podia parar agora.

Naquela sexta-feira à noite, enquanto todos dormiam, Cecília finalmente decidiu agir. Não podia esperar mais. Havia encontrado um mapa que mostrava supostos pontos de operações do Império espalhados pela cidade. E um deles estava perto dali. Determinada, vestiu-se rapidamente, pegou sua bicicleta e partiu.

As ruas de Recife estavam silenciosas àquela hora, mas o coração de Cecília batia alto em seus ouvidos. O armazém que ela procurava era velho e parecia abandonado, mas, ao entrar, ela soube que algo estava acontecendo ali. Caixas empilhadas, documentos espalhados, tudo indicava que aquele era um dos locais operacionais que ela tanto procurava.

Enquanto explorava, vozes masculinas ecoaram pela entrada. Seu estômago revirou. Rápida, escondeu-se atrás de uma pilha de caixas e ouviu a conversa.

— Temos que limpar isso antes que a polícia ache. A Imperatriz não tolera erros.

Disse um deles, com a voz carregada de tensão.

Cecília tentou gravar a conversa com o celular, o coração batendo acelerado. Mas, antes que pudesse registrar qualquer coisa significativa, um som metálico ecoou pelo armazém. Os homens ficaram em alerta, e um deles começou a se aproximar de seu esconderijo.

Ela não teve tempo de pensar. Correu, a respiração descompassada, ouvindo os passos atrás de si.

— Ei, quem está aí?

A voz soou alta atrás dela, mas seus pés já estavam em movimento, levando-a para fora do armazém.

Cecília pedalou com toda a força, tentando despistar seus perseguidores pelas ruas escuras. Por um momento, achou que havia escapado. Mas ao virar uma esquina, encontrou-se cercada por vários homens, todos vestidos de preto, a expressão severa. Estava encurralada.

Entre Rosas e Sombras: Conflito com o Submundo Onde histórias criam vida. Descubra agora