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Assim que o carro estacionou em frente à imponente mansão neocolonial, Cecília sentiu uma onda de ansiedade tomar conta de seu corpo. O som da porta do carro se abrindo a trouxe de volta à realidade, e ela percebeu Regina já em pé ao lado do veículo, estendendo a mão para ela com um gesto firme, sem qualquer espaço para questionamentos.

— Vamos, Cecília.

Disse Regina, a voz grave, firme.

Relutante, Cecília pegou a mão de Regina. O toque era quente, mas pesado. Ao ser guiada para dentro da mansão, a jovem sentiu-se pequena ao lado da figura alta e dominante de Regina, que exalava autoridade a cada passo que dava. Seus corações batiam em ritmos diferentes: o de Regina, calmo e constante, enquanto o de Cecília acelerava a cada passo, quase como se fosse sair de seu peito. Borboletas agitavam-se em seu estômago, e o calor de suas bochechas traía sua inquietação.

O toque da mão de Regina era um lembrete constante de quem estava no controle, e o silêncio entre elas fazia o ambiente pesar.

Ao entrarem na mansão, Regina soltou a mão de Cecília apenas para que ambas pudessem retirar os sapatos na entrada, mas em seguida voltou a segurá-la, guiando-a pela grande sala. A mansão, com suas janelas amplas e decoração clássica, sempre trazia uma sensação de imponência, mas naquele momento, parecia ainda maior, como se as paredes, testemunhas silenciosas, aguardassem a conversa que estava prestes a acontecer.

Regina indicou o sofá com um olhar incisivo.

— Sente-se.

Disse Regina, a voz baixa e grave, mas incontestável.

Cecília obedeceu sem hesitar, afundando-se no estofado macio enquanto Regina permanecia de pé, alta e imponente diante dela. A diferença de altura e postura fez Cecília se sentir ainda menor, quase infantil, debaixo do olhar afiado de Regina. Os olhos cinzentos de Regina estavam sérios, como rochas frias e implacáveis. Cecília, por sua vez, mal conseguia sustentar o olhar. Seus olhos castanho-mel desviavam, nervosos, enquanto ela lutava para controlar a vergonha que a invadia.

— Cecília.

Começou Regina, a voz grave e cheia de autoridade, reverberando pela sala.

— O que aconteceu hoje no dojô não foi um simples acidente. Você está deixando suas investigações interferirem no seu bem-estar a ponto de perder o controle de si mesma. Isso não pode continuar.

Cecília sentiu um arrepio subir pela espinha. O tom de Regina era severo, mas, ao mesmo tempo, carregava um peso emocional que ela não conseguia ignorar. Tentando justificar-se, falou num sussurro trêmulo:

— Senhora Regina, eu... foi sem querer... eu estou bem.

Disse, com os olhos fixos no chão, as mãos inquietas em seu colo.

Regina a interrompeu, erguendo uma sobrancelha, o olhar ainda mais incisivo.

— Está bem? Em que horários você está dormindo, Cecília?

A pergunta atingiu Cecília em cheio. Ela hesitou, sabendo que não tinha uma boa resposta.

— Eu... eu tenho dormido...

Começou, mas logo sentiu o peso do olhar de Regina cravar nela, penetrante e frio. O ar parecia desaparecer de seus pulmões, e o temor começou a crescer em seu coração. Sabia que não poderia mentir para Regina. Não diante daquele olhar.

A mulher avançou um passo, fazendo Cecília encolher-se instintivamente no sofá, as mãos começando a suar.

— Cecília, não minta para mim.

Entre Rosas e Sombras: Conflito com o Submundo Onde histórias criam vida. Descubra agora