Quando Cecília despertou naquele fim de tarde, os últimos raios de sol atravessavam a janela, iluminando o quarto em tons de dourado suave. Sua cabeça ainda estava um pouco pesada, e seu corpo, frágil, mas algo a fez se mexer, talvez um instinto, uma percepção de que alguém estava ali. Ao virar a cabeça, viu Regina sentada em uma cadeira ao lado da cama, silenciosa e atenta.
— Como você se sente? Está melhor?
A voz de Regina era suave, quase sussurrada, mas havia uma firmeza ali, uma preocupação genuína.
Cecília piscou, tentando entender o que estava acontecendo. Seu corpo parecia leve, mas sua mente estava cheia de pensamentos conflitantes. Ela fez um aceno de cabeça, não confiando completamente na própria voz para responder.
Regina se inclinou um pouco, aproximando-se da cama, seu olhar firme, mas com uma ternura rara.
— Cecília...
Começou, com uma hesitação que surpreendeu a jovem.
— Eu preciso conversar com você sobre algo muito importante. Algo que venho pensando há algum tempo.
Cecília sentiu uma tensão no ar e, automaticamente, seu corpo se enrijeceu, como se estivesse se preparando para algo grande, inesperado. Regina nunca hesitava em suas palavras, e vê-la assim, vulnerável, era desconcertante.
— O que foi?
Cecília perguntou, sua voz ainda um pouco fraca, mas seus olhos fixos nos de Regina, tentando decifrar o que vinha a seguir.
Regina suspirou, e por um segundo, parecia menos a mulher poderosa e controlada que Cecília conhecia. Era quase como se estivesse despida de suas armaduras habituais.
— Eu quero... quero adotar você, Cecília.
As palavras pareceram ecoar no quarto por longos segundos, como se o próprio espaço precisasse de um tempo para absorvê-las. Cecília ficou em silêncio, seu coração acelerando e sua mente girando. Adotá-la? Regina queria adotá-la? Como uma mãe?
— O quê?
Foi a única coisa que conseguiu dizer, incrédula.
— Você... me adotar? Como...?
Regina sorriu levemente, mas havia algo de triste em seus olhos, como se já esperasse aquela reação.
— Eu sei que parece repentino, mas não é. Venho pensando nisso há algum tempo. Desde que você entrou na minha vida, desde que nos aproximamos...
Regina parou, escolhendo as palavras com cuidado.
— Eu amo quem você é, Cecília. Seu jeito de garota determinada, sua inteligência brilhante... mas eu também me preocupo com você. Sua saúde, seu bem-estar emocional. E, acima de tudo, quero que você esteja segura. Quero ser seu porto seguro, quero ser essa pessoa para você. Não apenas como uma amiga ou protetora, mas como sua mãe.
Cecília piscou rapidamente, processando aquilo. Sua mente tentava entender, mas seu coração estava em tumulto. Alguém queria adotá-la. Alguém queria ser sua mãe. Ela, que havia crescido sem o carinho de uma figura materna, que havia visto seu próprio pai se afastar após a morte de sua mãe. Mesmo ele, seu próprio pai, parecia incapaz de ser a presença amorosa que ela tanto precisava. E agora Regina, a poderosa e bem-sucedida Regina, queria ser essa pessoa?
— Você... você quer ser minha mãe?
Cecília repetiu, sua voz trêmula, como se ainda estivesse tentando acreditar que aquilo era real.
— Sim.
Regina afirmou com firmeza, estendendo a mão para tocar de leve o braço de Cecília.
— Quero cuidar de você, garantir que esteja bem, física e emocionalmente. Você tem passado por tanta coisa, se jogado em situações perigosas, e isso me preocupa. Você precisa de equilíbrio, de segurança. E eu quero ser a pessoa que pode oferecer isso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Rosas e Sombras: Conflito com o Submundo
Mystery / Thriller⚠️ Alerta de gatilho Cecília Dantes, uma jovem detetive prodígio de Recife, aos impressionantes 17 anos, equilibra sua inteligência afiada com uma rotina rigorosa que termina pontualmente às 18 horas. Sua vida meticulosamente organizada começa a de...